Marcadores

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Mensagem 28/08/2011 Congresso Jovem PIB Andaraí (1 Ts. 5.23)

Texto-base: 1 Ts. 5.23
É possível ser santo e manter-se são, nos dias de hoje? Eu creio ser extremamente difícil, pois o conceito de sanidade que o mundo põe diante de nós é muito distinto dos padrões bíblicos.



Por isso serei ainda mais ousado e dizer que a igreja cristã está morrendo. Explico: A mensagem pregada pelo Nosso Senhor há quase dois mil anos vem perdendo espaço nos nossos púlpitos, nos nossos lares, em nossas vidas. Basta fazer uma breve observação do panorama evangélico atual que percebemos diversos sinais de que isto é verdade: igrejas vendendo lenços com suor mágicos, atos proféticos que não exortam, mas apenas proclamam vitórias mundanas, correntes dos 911 reais, carnês de patrocínio, etc. Enquanto isso, as mensagens que pregam uma vida correta, digna, segundo um conceito universal de moral, são tidas como mensagens retrógradas, chatas, que não atraem público, e por isso não são feitas nas igrejas. Não há mais interesse, no mundo evangélico de hoje, em se ouvir sobre santidade (somos 28% de neopentecostais e 26% de históricos hoje, comparado com 6% e 22% respectivamente, em 2000), e as conseqüências são terríveis:


1. Em recente pesquisa sobre sexualidade entre cristãos evangélicos (realizada pelo instituto BEPEC, a pedido da revista Cristianismo Hoje), foi revelado que 66,5% dos jovens cristãos entre 16 e 24 anos já praticaram sexo. Destes, 54,5% iniciaram a prática após sua conversão, e dos 45,5% que iniciaram antes, apenas 35,4% a interromperam após sua conversão. Apenas 34,7% destes jovens não possuem nenhum tipo de relação mais íntima com seu namorado, enquanto 20,55% mantêm uma vida sexual ativa.


2. Outra história recente dá conta da saída de uma denominação de uma associação de igrejas evangélicas nacional. Em sua carta de saída, o líder da igreja, que também era o líder da associação, declarou com todas as letras que percebera que a intenção da associação não era mais pregar o evangelho ou melhorar a interação entre as comunidades, mas sim alcançar postos políticos no Congresso Nacional. E, quando nos lembramos do escândalo das ambulâncias, imaginamos por que.


O fato é que poucos são os que querem ouvir sobre uma vida santa. Os grandes congressos, hoje, só querem falar de adoração ou de vitória. Meditando sobre o texto, percebi que ele é a culminação de uma série de admoestações de Paulo para a igreja em Tessalônica. O apóstolo passa diversos versículos aconselhando os irmãos da igreja a terem uma série de condutas que formariam um padrão aceitável para a comunidade. E, ao analisar estas condutas e a culminação do versículo 23, percebi que existem alguns detalhes pouco comentados sobre santidade que gostaria de compartilhar:


1. Para sermos santos, devemos tomar uma atitude, uma decisão de vida. Ao lermos 1 Pd. 1.14-16, vemos uma visão do apóstolo sobre santidade que não identificamos muito, hoje em dia:


1 Pd. 1.14-16: Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo o vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.


Repararam que o texto fala em "filhos da obediência"? Repararam que o texto traz um imperativo para a questão da santidade? O fato é que a Bíblia nos constrange a ser santos, e obediência é atitude, é uma decisão que precisamos tomar. Para mudar, tem que querer. Não adianta orar, pedir que Deus mande dos céus um anjo para queimar sua vida por dentro e fazê-la de novo, se não quiser realmente mudar. Como diz o outro, para mudar, "tem que tomar vergonha na cara".


O problema é que muitos vivem nas igrejas e não querem ser santos. Muitos, que vivem há 5, 10, 15, 30 anos, querem ir à igreja dominicalmente simplesmente para se "alimentar" espiritualmente, apenas para reverter aos velhos hábitos na segunda-feira. E isso não é incomum, em nossa sociedade. Uma recente entrevista com um assistente social em jornal de grande circulação deu conta de que 75% dos mendigos e drogados recolhidos aos abrigos da Prefeitura do Rio de Janeiro voltam às ruas no dia seguinte, e que 50% não aceitam sequer um banho e um corte de cabelo. Pessoas que não querem mudar, estão acomodadas à vida que vivem.


Outro problema que tive recentemente foi de um colega pastor, amigo de seminário. Uma moça veio procurar ajuda na igreja dele, falando que uma amiga sua estaria para ser despejada. Ao procurar esta jovem (ex-frequentadora de outra igreja evangélica), o pastor ouviu uma terrível história, dando conta de que ela seria brevemente despejada, caso não conseguisse recursos imediatamente. Condoído, o pastor mobilizou sua igreja e ajudou aquela moça pagando o seu aluguel, fazendo compras e arranjando um emprego para ela. A jovem prometeu que se filiaria à sua igreja, porém, após algumas semanas, ela desapareceu da comunidade. O pastor foi, então, à busca daquela ovelha, e quando a descobriu, foi extremamente mal recebido, ouvindo diversos desaforos. Dentre eles, ouviu que a moça se chateara com ele porque achava o emprego de auxiliar de serviços gerais que ele havia arranjado para ela por demais humilhante. Ingratidão, orgulho, sentimentos que não devem habitar a mente de um cristão, mas que habitam e precisam ser tratados. Mas a pessoa precisa querer mudar, senão incorrerá nos mesmos problemas que esta jovem: Uma vida amargurada e infeliz, buscando as bênçãos de Deus, em lugar de buscar o Deus das bênçãos.


2. Para sermos santos, precisamos entender que ela não se resume apenas ao corpo, apesar de também englobar o corpo. Isso é interessante, pois, hoje em dia, aqueles que pregam sobre santidade nas igrejas adoram trabalhar a santidade apenas corporal. Ser santo, hoje em dia, é ser casto sexualmente. Entretanto, apesar da santidade conter a castidade, aquela não se resume apenas a esta. Por exemplo, se estudarmos as listas de pecados que o Novo Testamento apresenta em alguns textos, perceberemos muitos pecados que provém da mente humana, sem serem de origem sexual:


i. Colossenses 3.5,8: avareza, ira, indignação, maldade, maledicência.
ii. Gálatas 5.20: inimizades, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções.
iii. Apocalipse 22.15: idólatras, quem ama e pratica a mentira.


Agora, é interessante como, historicamente, sempre excluímos pessoas de nossas igrejas por motivos sexuais. Quando foi, porém, a última vez que uma pessoa foi excluída por ser fofoqueira, ou por ter ciúmes de outras pessoas, desejando tomar seus lugares de destaque? Nunca, pois os pecados nunca foram tratados da mesma forma pela igreja, apesar de Paulo e João colocá-los no mesmo nível de pecados como a prostituição e a idolatria.


O fato é que o pecado é uma fonte de dano ao homem, tanto corporal como mentalmente, e basta lermos dois textos para perceber isso:


Rm. 12.2: E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Ef. 4.22-24: no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano, e vos renoveis no espírito do vosso entendimento, e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.




3. Para sermos santos, precisamos aprender que ela começa em Deus, através de sua Palavra (cf. Jo. 17.17) e da ação de seu Espírito (cf. 1 Co. 6.11). Isso parece meio óbvio, mas não é, porque o mundo tenta nos impor uma necessidade de crescimento material que nos faz com que apliquemos todo o nosso tempo na vã corrida atrás dos bens materiais. Muitos acabam pecando por causa disso, porque não entendem que, para ser santo, é preciso uma vida de intimidade com Deus. Afinal, como podemos conhecer o caminho da santidade sem ler os ensinamentos de Jesus Cristo sobre ele? E mais, como ser santo sem ter uma vida de oração, de busca por uma ação do Espírito em nossas vidas, colocando-nos à disposição do Senhor?


Ressalto que não estou condenando o trabalho em prol de um crescimento material por completo, até porque eu seria hipócrita se falasse isso. Porém, o fato é que uma vida de santidade significa usarmos aquilo que Deus nos deu em prol do Seu Reino. Por exemplo, você lembra quantas caronas já teve a oportunidade de dar em seu lindo carro novo para uma senhora que tem dificuldade de se locomover? E sua bela casa com quintal e churrasqueira, já ofereceu alguma vez para um encontro da juventude?


O fato é que chegar a este ponto não é fácil. Porém, Deus não nos deixou sozinhos, nos dando sua Palavra e seu Espírito para buscarmos este ideal:


Jo. 17.17: Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.
1 Co. 6.11: Tais fostes alguns de vós; mas vós vos lavastes, mas fostes santificados, mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso Deus.


Conclusão


Manter-se santo, nos dias de hoje, não é uma tarefa fácil. É uma tarefa diária, que deve ser exercitada. Deve começar com uma mudança de mentalidade, com uma decisão de mudar de vida. Deve ser cultivada com uma vida devocional, uma relação íntima com o Senhor. E deve, por fim, envolver uma junção de uma transformação da mente humana e de uma subjugação dos desejos humanos, temporais, nos levando a ver as coisas atemporais, incorruptíveis.
Deixo aqui um desafio a vocês: Que tal parar hoje para meditar sobre o que nos impede de se tornarem santos? Incluo-me aqui porque tenho ciência de que eu também tenho falhas e preciso avançar muito neste caminho. Porém, este reconhecimento é o primeiro passo nesta jornada, árdua, porém gratificante.