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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A Teologia dos Cristãos Alemães (Comunicação apresentada no Seminário do Sul em março de 2012)

Introdução: É difícil imaginar que, um dia, nazistas e cristãos tentaram andar lado a lado para atingir seus objetivos. Enquanto Hitler tentava cooptar a população alemã, mostrando-se como um devoto cristão, que ia à missa e tudo, vários teólogos e lideres da igreja protestante alemã tentavam adaptar sua religião à visão nacional-socialista do mundo.

O resultado desta tentativa de aproximação foi o surgimento de um grupo religioso chamado de “Movimento cristão-alemão”. Surgido originalmente nos anos 20, este grupo decidiu que precisava tornar o cristianismo mais palatável ao governo hitleriano. Para isso, perceberam que alguns parâmetros precisavam ser atingidos:

1.      A nova religião precisava ser antijudaica.
2.      A nova religião precisava valorizar o sangue alemão e a terra.
3.      A nova religião precisava pregar valores de firmeza, não fraqueza.

Para alcançar estes objetivos, o Movimento Cristão-Alemão adotou algumas estratégias:

1.      Pregou a distinção entre vida eclesiástica e vida civil, através de uma teologia chamada Teologia das Duas Esferas (um homem pode ter uma postura na igreja e outra na vida secular, adotando posições distintas, como um carrasco de campo de extermínio sendo diácono de igreja. É a Teologia do “estava cumprindo ordens” e usava Romanos 13.1-7 para justificar tal postura).

2.      Buscou formas de desjudaizar o cristianismo: O MCA sabia que os nazistas criam que os judeus eram uma raça inferior que poluía o puro sangue alemão. Por isso, precisaram tirar todos os traços de judaísmo do cristianismo. Para isso, adotaram algumas posturas:
a.      O AT foi desconsiderado como canônico.
b.      O próprio Jesus foi “arianizado”, passando a ser enfatizado como Galileu, povo que seria ariano, segundo os nazistas, devido à conquista do Reino do Norte pelos assírios.
c.      O NT foi limpo de termos judaicos, pois considerava-se que a mensagem ariana de Jesus teria sido pervertida, por Paulo ou pelos evangelistas judeus.
                                                     i.     “Hosana” trocado por “Heil”.
                                                   ii.     Rei de Israel trocado por Rei

3.      Buscou ignorar doutrinas essenciais, para evitar “mitologias”: O MCA sabia que os nazistas tinham uma visão do mundo muito cética, por isso buscaram desconsiderar algumas doutrinas conhecidas do cristianismo, como a trindade (difícil demais de entender), o nascimento virginal de Cristo e a sua ressurreição. O conceito de pecado também era descartado (“João 1.47 – “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!” é alterado para “Tu és um verdadeiro homem de Deus em vossa nação”).

4.      Criou publicações mais de acordo com os preceitos nazistas, como um novo NT (As genealogias de Mateus e Lucas, o hino de Maria, João Batista, o assassinato das crianças por Herodes e a fuga ao Egito, Zacarias e Ana, a história dos sábios do oriente, e o título de “rei dos judeus”, foram totalmente extirpados do texto), hinário (com cânticos exaltando a nobre cultura alemã) e catecismo (contrapondo Jesus ao judaísmo, numa luta entre ambos, levando ao triunfo de Jesus na cruz, com direito a mandamentos de manter o sangue puro e honrar o führer e mestre, mas sem menção a morte, roubo ou observação do sábado).

5.      Quebrou dogmas como o sacramento do batismo, ignorando sua possibilidade de salvar um judeu (pois elas não podiam apagar o sangue judeu que corria em suas veias).

Má utilização da comunicação para divulgação de ideologias (aula ministrada no Seminário do Sul em 22/08/2012 - Missão e Comunicação)

Agenda:
1.     Definição do Aurélio de Moral e Ética.
2.     Falar sobre como a comunicação/propaganda/marketing são vitais para a mudança da conduta da população.
3.     Comentar sobre meios de comunicação usados para propagação de idéias e heresias de grupos religiosos sectários, como:
a.     Adventistas do Sétimo Dia
b.     Testemunhas de Jeová
c.     Mormonismo
d.     Cristãos Alemães
e.     Igrejas adeptas da Teologia da Prosperidade

1. Definição do Aurélio de Moral e Ética

Moral: Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.

Ética: Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.

2. Como a moral é um conjunto de regras de conduta consideradas como válidas por um grupo ou pessoa, fica claro que, quando uma comunidade deseja conduzir as pessoas a tomar determinadas posturas ou aceitar certos costumes, é necessário que tal mudança seja comunicada abertamente e validada por uma autoridade superior.

No meio secular, estas autoridades superiores agem em diversos momentos e instâncias na vida da pessoa. Por exemplo, até sair de casa, o jovem tem como autoridade superior seus pais, que educam seus filhos seguindo premissas que acreditam ser válidas. Ao saírem de casa, outras autoridades superiores que influenciam a vida da pessoa e suas crenças são o patrão no trabalho, o professor na universidade, o pastor na igreja, os amigos da escola e do trabalho.

A mídia entra como um papel secundário. A partir do momento em que as idéias que ela apresenta são consideradas como válidas para a pessoa, esta permite-se imbuir da visão apresentada pela mídia, alimentando a cultura da sociedade que atinge. Isso explica diversos padrões de comportamento e consumo na sociedade.

3. No campo religioso, a mídia também serviu como uma forma de disseminar os ideais de um grupo para a sua comunidade. No meio cristão, a forma de distinguir um padrão de conduta correto de um equivocado foi a utilização da Bíblia como regra de fé e prática. Com o tempo, a Tradição sobrepujou a Bíblia, mas com a Reforma Protestante, esta tomou novamente a centralidade da vida cotidiana do verdadeiro cristão.
Por conta disso, diversos líderes que adotaram visões estranhas e diferentes do normal tiveram que lidar com a Bíblia de forma a fazê-la traduzir aquilo que eles desejavam. Foram vários os meios de se fazer isso:

a.     Interpretando o texto a partir de questões periféricas: Os Adventistas do Sétimo Dia e, posteriormente, as Testemunhas de Jeová tentaram prever a volta de Cristo a partir de formulações matemáticas para tentar calcular precisamente a data de seu retorno. A partir de contagens feitas com ilustrações numerológicas de Daniel e do Apocalipse, estes grupos fracassaram em seu intento seguidas vezes (as TJs já tentaram adivinhar o retorno de Cristo sete vezes desde o séc. XIX).

b.     Adotando novos escritos/revelações divinas: Os Adventistas do Sétimo Dia possuem os escritos de Ellen G. White como revelação divina, no mesmo nível das escrituras. Seu clássico livro, “A Grande Esperança”, foi recentemente alvo de uma maciça campanha de evangelização por parte da seita no Brasil, tendo sido distribuídos mais de 6 milhões de cópias. Os Mórmons também possuem outros escritos ditos inspirados, como o Livro de Mórmon (conhecido como Terceiro Testamento) e o livro Doutrinas e Convenções.

c.     Alterando o texto bíblico: As Testemunhas de Jeová possuem uma versão própria da Bíblia, a Tradução do Novo Mundo das Sagradas Escrituras. Este livro foi traduzido a partir do Textus Receptus, versão do séc. XII do Novo Testamento que possuía diferenças gritantes em relação aos melhores manuscritos do NT. Além disso, a comissão de tradução da TMN adotou algumas liberdades com o texto, adaptando-o de acordo com os seus interesses e ensinamentos.

Os meios de divulgação de suas doutrinas e conceitos são:

1.     Revistas: Testemunhas de Jeová: Revista A Sentinela, editada pela Sociedade Torre de Vigia, sediada no Brooklyn, Nova Iorque, para todo o planeta.
2.     Jornais: Folha Universal.
3.     Rádio e Televisão: Programas de TV aberta e fechada (IURD, IMPD, Cresciendo em Gracia), posse de rádios (Rádio Gospel – Igreja Apostólica Renascer em Cristo).
4.     Livros: A Grande Esperança (Adventistas), Livro de Mórmon e Doutrinas e Convenções (Mórmons).
5.     Bíblias: TNM (Testemunhas de Jeová), Bíblias Anotadas (Batalha Espiritual e Vitória Financeira – ADVC).
6.     Músicas: Prisma, Arautos do Rei (Adventistas), Diante do Trono, Lion’s Face, dentre outros (igrejas adeptas da Teologia da Prosperidade).

Educação Cristã e Juventude – Estratégias para aproximação

Todo professor de EBD sabe da dificuldade que é estimular jovens e adolescentes nos dias de hoje a conhecerem mais sobre Deus, Jesus, a Bíblia e o espiritual. As distrações dos tempos modernos complicaram tremendamente o relacionamento do jovem com a sociedade. O leque de opções de diversão é muito maior do que há 30 anos, e a quantidade de informação a que nossos jovens tem acesso faz com que surjam muito mais questionamentos a respeito do mundo, da fé e da vivência cristã do que no século passado.

          Como pastor de jovens de uma igreja de classe média alta no Rio de Janeiro, sofro bastante com estes problemas. Por conta disso, tenho percebido que são necessárias algumas estratégias diferenciadas para incentivar nossos jovens e adolescentes a buscarem uma maior aproximação com o Senhor e almejarem um crescimento espiritual mais agudo.  Algumas, pude ver implementadas na minha própria comunidade. Outras, pude ver em outras igrejas que visitei ou conheci nestes últimos anos. Listo algumas abaixo:

          EBD em horário alternativo: Muitos jovens e adolescentes reclamam que o horário da EBD às 9 da manhã é cruel, pois eles não conseguem acordar cedo. Alguns estudos científicos apontam que os adolescentes, em especial, realmente precisam de mais tempo para dormir. Uma boa solução para edificá-los é transferir a EBD da galera teen para outro horário. Em minha igreja, a EBD dos adolescentes funciona às 17:30, uma hora antes do culto vespertino iniciar. A frequência é muito maior do que no horário tradicional.

          Pequenos Grupos: A união de adolescentes e jovens em pequenos grupos de discussão e estudo funciona como um ambiente informal de conversas e discussões sobre inúmeros assuntos da vida cristã. O ideal é que aconteçam na casa ou quintal de um dos jovens, pois o ambiente da igreja intimida e diminui a transparência nas conversas.

          Palestras e Programas Temáticos: Não basta realizar um encontrão adolescente só para ter o evento. É necessário que haja um tema específico e de interesse do grupo a ser trabalhado. Adolescentes curtem relacionamentos, inovação e tecnologia. Jovens costumam ter pontos de crise, como a maioridade, universidade, mercado de trabalho, casamento e paternidade. Um bem legal que conheci foi um evento cujo tema é cinema. Sabendo do gosto do povo pela temática, o evento vem tendo boa procura.

          Cadeira Elétrica/Entrevista: Os jovens e adolescentes curtem o ambiente informal de um bate papo com alguém. Se lhes der o poder de perguntar tudo o que quiserem, fica melhor ainda. Por isso, eventos deste tipo costumam atrair bastante a atenção e são excepcionais para apresentar boas histórias de vida, testemunhos de conversão e chamado, vivência com o meio secular, dentre outros. Este tipo de conversa informal também ajuda na educação cristã quando a pessoa consegue demonstrar, nas respostas, a importância do estudo da Bíblia.

          Intercâmbios: Uma das formas mais antigas de edificação da juventude é o intercâmbio. Contudo, muitas destas viagens são feitas apenas com um intuito, geralmente social. Como há muito tempo livre nestas programações, uma boa dica é incluir algumas atividades que edifiquem o grupo, como exibição de filmes, vídeos e clipes musicais, alimentando debates posteriores sobre determinado tema.

          Passeios culturais: Pouco se vê, hoje, igrejas realizando passeios culturais com suas juventudes. No ambiente escolar, isso é muito comum, pois os educadores já perceberam, há tempos, que a interação visual mais concreta do aluno com algo alimenta o seu interesse pelo tema. Uma visita a um museu, se bem planejada pela liderança, pode estimular alguns questionamentos na mente dos jovens e adolescentes. Tempos atrás, visitei com alguns jovens o Museu Histórico Nacional, na Quinta da Boa Vista. Ali, há vários objetos expostos da época do Egito, Grécia e Roma antigos. Vendo aqueles itens, o grupo pode vislumbrar uma pequena parte do que os povos bíblicos vivenciaram no seu dia a dia.

          Além dos programas precisarem ser variados, é necessário que o líder ou educador de jovens e adolescentes possua algumas questões em mente, na hora de trabalhar com essa galera:

          Primeiro, planejamento. Cada local, cada comunidade, cada região possui necessidades específicas que atendem aos anseios da sua juventude. Só é possível analisar estas necessidades após um bom planejamento do que se deseja fazer. Em uma região de subúrbio carioca, muitos adolescentes buscam entrar no mercado de trabalho desde cedo, para ajudar em casa ou poderem adquirir algumas coisas para si. Já na Zona Sul, muitos jovens entra na universidade já com emprego garantido, o que os leva a encarar o trabalho com muito menos valor. Desta forma, você precisa trabalhar a convivência do cristão no mercado de trabalho de forma diferente para ambos os grupos.

          Segundo, constância. Especialmente para adolescentes, a constância no trabalho é vital, pois é no ambiente do convívio constante que este grupo consegue trocar experiências e influenciar positivamente uns aos outros no desejo de crescer espiritualmente.

          Terceiro, inovação. As mesmas lições, ministradas da mesma forma, não necessariamente terão os mesmos resultados de 20 anos atrás. Muito pelo contrário. Hoje, os nossos jovens vivem conectados, possuem bíblias no celular, tablets com inúmeros programas e jogos. Prender a atenção deles pode ser um desafio. Por isso, é necessário que haja uma nova maneira de prender as atenções do grupo e passar valores cristãos a eles. O uso de novas mídias, como as redes sociais, ajuda a acrescentar conteúdo edificante para todos os jovens e adolescentes integrantes da comunidade.

          Quarto, definição clara da temática. A partir do planejamento, o líder tem condições de definir quais os assuntos que precisam ser trabalhados. Montar uma grade de estudos e apresentá-los aos jovens e adolescentes os ajudará a entender aonde se quer chegar com os trabalhos da liderança.

          Quinto, sinceridade. Muitas vezes, os líderes têm medo de responder ou pesquisar mais profundamente sobre alguns assuntos considerados tabus porque decidem que algo não pode ser feito “porque é pecado”. O problema é que esta resposta não agrada ao jovem e adolescente, que sempre busca motivos para fazer o que bem entende. A falta de informação acaba gerando um sentimento de permissividade que leva muitos jovens e adolescentes a caírem. Um estudo mais aprofundado, mesmo que não acontecendo na mesma semana, unindo informações bíblicas e textos científicos, pode ajudar o trabalho de educação e conscientização da juventude sobre determinado tema.
         
Conclusão

Certamente existem inúmeras estratégias distintas para alcançar os jovens, e os desafios são cada vez maiores. Contudo, com um pouco de paciência e muito joelho no chão, creio ser possível trabalhar de forma dinâmica com a juventude e gerar uma nova geração de pessoas realmente comprometidas com o Senhor.

Nunca é tarde demais (Artigo publicado no Jornal Batista)

Eu tenho um problema sério na minha vida: Corte de cabelo. Não que não fique satisfeito com os cortes que são feitos, mas porque simplesmente não tenho paciência de ficar esperando para receber o corte. Acho que é tempo perdido, tempo que eu poderia estar usando fazendo algo mais útil. Um dia desses, porém, acabei sendo surpreendido com um corte bem feito e com uma boa conversa, que me fizeram pensar sobre a manifestação da vontade de Deus em nossas vidas.

Uma bela tarde no trabalho, um colega disse que estava saindo para aparar suas revoltas madeixas e decidi que minha cabeleira necessitava de um merecido trato. Não conhecia o local onde ele ia, mas resolvi segui-lo, afinal ele disse que cortava seus cabelos nesse local desde criança. Ao chegar, percebi que era um ambiente amistoso e fiquei tranqüilo. Fui logo pegar uma revista que falava sobre a descoberta da tal “partícula de Deus” (que de Deus não tem nada, mas isso é tópico para um outro dia). E fui eu esperando, impaciente.

Após esperar uns quinze minutinhos, chegou minha vez. Sentei e rapidamente o barbeiro foi puxando papo. Dia frio daqui, chuva dali, e o senhor de aproximadamente cinquenta e muitos anos disse que o trânsito para sua casa era ruim, mas que ele saía da “aula” às 22:30, por isso conseguia chegar em casa em uma hora. Nem me impressionei com o fato dele morar em uma rua não calçada, mas sim com o fato dele estudar. Perguntei imediatamente que curso ele fazia, já pensando, em minha cabeça preconceituosa, que era algum curso técnico. A surpresa foi imediata: Ele fazia Direito.

Daí pra frente, o papo rendeu. Ele dizia que estava na luta para terminar o curso, que tinha planos de fazer alguns concursos públicos, que advogaria um tempo se não conseguisse passar em algumas provas. Minha surpresa foi aumentando e meu ego rapidamente diminuindo. Quando falei que era pastor, aquele senhor não apenas se mostrou feliz como começou a puxar assuntos bem atuais, como a ministração de aulas de religião no ensino público. Aí pude perceber que aquele senhor, que vivia em uma região rural de São Gonçalo, estava me dando uma verdadeira lição de vida enquanto aparava meu cabelo: Deus pode agir nas nossas vidas a qualquer momento, mesmo quando achamos que é tarde demais.

A tendência do ser humano é acreditar que, após uma certa idade, ele não pode mais realizar algumas atividades. Algumas limitações acabam, de fato, impedindo que façamos algumas coisas no nível que fazíamos quando mais jovens. Não corremos com tanta desenvoltura, não temos o mesmo fôlego, nossas mãos parecem não obedecer nossos comandos. Contudo, isso não significa que não podemos trabalhar, sermos úteis na sociedade. Apenas o foco muda, o esforço é redirecionado, as competências se tornam diferentes e as atividades são reposicionadas de acordo.

Em nossos meios cristãos, muitas vezes, sofremos tremendamente com essa visão. Vemos várias pessoas com uma capacidade enorme e um dom espiritual mapeado que não desejam trabalhar ou aprimorar seu talento porque acham que “passaram do ponto”. Acham que suas famílias, seus exíguos períodos de descanso, suas atividades seculares, os impedem de querer fazer algo a mais no reino ou em suas próprias vidas. Dizem que o trabalho é para os mais novos, para os que não possuem dupla jornada, para os que “ainda tem gás”. E, assim, vivemos com uma dificuldade cíclica de encontrar pessoas capacitadas e experientes para trabalharem na obra do Senhor.

Ao pensar na história de vida daquele barbeiro, tiro três lições vitais para meditar sobre a ação de Deus em nossas vidas:

Primeiro, nunca é tarde demais para recomeçar. Aquele barbeiro, mesmo já em plena meia idade, decidiu que era hora de investir seu tempo buscando conhecimento e uma nova formação. Eu lembro de Moisés, que resolveu seguir a vontade de Deus aos oitenta anos e imagino o que teria sido do povo de Israel se ele tivesse decidido não obedece-lo por achar que estava velho demais para liderar o povo escolhido pelo Senhor. Para Deus, nunca é tarde demais para recomeçarmos, pois Ele não vê idade. Ele vê corações dispostos a servi-lo e adequa seus planos às limitações físicas que possuímos.

Segundo, nunca é tarde demais para se dedicar de corpo e alma no serviço do Reino de Deus. Muita gente acha que, por ter algumas limitações de tempo, forças ou qualificação, não podem se dedicar à Obra. Não percebem, porém, que há muita coisa a fazer no Reino e que, se cada um contribuir com um pouco, o serviço pode ser realizado de forma mais ágil. Aquele barbeiro poderia dizer que o tempo o limitou mentalmente para estudar, mas ele não se importou com isso e foi estudar. Lembro de quando o Senhor orientou Moisés na escolha das pessoas que iriam construir o tabernáculo. Penso que havia, ali, pessoas de variadas profissões e idades, mas o Senhor os capacitou para a sua obra e certamente organizou o povo de forma a que cada um pudesse colaborar conforme suas limitações. Às vezes, na igreja, uma mera responsabilidade de cuidar da água usada pelos pastores durante o culto pode fazer toda a diferença.

Terceiro, nunca é tarde demais para alterarmos nossas rotinas. Aquele barbeiro não pensou que sua idade era um fator limitador para buscar uma nova carreira. Nem sequer considerou que aquela seria sua rotina enquanto vivesse. Da mesma forma, precisamos perceber que nunca é tarde demais para mudarmos algo em nossas vidas, para mexermos com nossas zonas de conforto, nossos horários, nossas agendas. Se analisarmos nossas atividades semanais, verificaremos que desperdiçamos muito tempo com coisas que não são vitais, que são perfeitamente supérfluas. São as novelas, as séries, os filmes, a Internet. Gerenciamento de tempo é vital nos dias de hoje e deveria ser um tema lembrado em nossas pregações. Aquele barbeiro provavelmente tem família, mas teve que abrir mão de algum tempo livre para poder estudar. Pedro, Tiago, André e João eram pescadores, trabalhavam o dia inteiro, mas largaram tudo para seguirem a Cristo, confiando que Ele os proveria. Que tal você largar uma ou duas horas semanais de alguma atividade supérflua para trabalhar na obra? Que tal abdicar de meia hora diária para buscar uma vida de intimidade com o Senhor, lendo a sua Palavra e conversando com ele em oração?

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Análise de Louvores: Maravilhosa Graça - Ministério Ipiranga

Provavelmente meus leitores devem estar achando que minha agenda com esse site é detonar a música gospel como um todo, de preferência as que fazem mais sucesso. Isso não poderia estar mais longe da verdade. Minha intenção com as análises de louvores é demonstrar que é preciso compreender as letras das músicas para se saber o que se está cantando em nossas igrejas. Do contrário, o louvor pode levar a sérios problemas na vida de nossas ovelhas.

Como exemplo disso, gostaria de colocar abaixo um dos louvores mais primorosos que encontrei nos últimos tempos. A música também fala de milagres, porém sua letra tem uma conotação totalmente diferente das que vimos no post anterior. A música é "Maravilhosa Graça", do Ministério Ipiranga. Vamos à letra:

Quando tudo em mim era incerto
Os meus olhos já não viam tuas mãos
Se hoje eu não tenho o que espero
Aprendi a confiar no coração
Num Deus que cumpre sua palavra E me guarda
Mesmo quando penso que é chegado o fim
Eu só preciso adorar em meio as dores
Pois o milagre é um detalhe para ti

Fui alcançado por tua graça
Maravilhosa graça
Que trouxe salvação para mim
Eu não mereço tanta graça
Mas por misericórdia recebi
O maior milagre Deus
Já fez em mim

Ao analisar esta música, percebemos que a intenção do autor é direcionar toda a confiança do cantor para a provisão divina. Em nenhum momento a música é antropocêntrica, pois o autor nota que aprendeu a esperar em um Deus que cumpre sua Palavra e o guarda mesmo quando ele não tem o que espera. Nota-se a mesma confiança do cantor no Senhor, mas em vez de pedir que seus sonhos sejam atendidos, o autor mostra que precisamos adorar a Deus mesmo passando por dificuldades, pois o milagre é um detalhe para Ele.

Até aí o analista da música poderia achar que ela é triunfalista, pois ainda fala de um Deus que tem que realizar um milagre em nossas vidas. Porém, o refrão demonstra claramente que, independente daquilo que nós desejamos ter ou que esperamos conquistar, o maior milagre que poderíamos receber, Deus já fez: Enviar seu filho amado Jesus mediante a Sua infinita Graça para conosco, pecadores, de forma que tenhamos salvação de nossos pecados (Ef. 2.9-10). Salvação esta que não merecemos, mas que recebemos pela misericórdia de nosso Senhor (Rm. 11.30-32). Com isso, a música se transforma num lindo louvor onde o cantor declara alegremente que não importam as dificuldades que ele enfrenta, pois o maior milagre que ele poderia ter recebido já foi realizado, e o restante é apenas o restante, é apenas consequência de buscarmos o Reino de Deus e a sua justiça (Mt. 6.33).

Enfim, o fato é que ainda existem louvores bem construídos, com bases bíblicas sólidas e que orientam os cantores para as verdades espirituais. É preciso garimpar, mas ainda encontramos pérolas bem formadas no meio da música gospel.

Análise de Louvores: Ressuscita-me - Aline Barros

Nosso blog tem registrado um aumento gradual de visitações nos últimos tempos, mesmo sem grandes atualizações. Analisando a questão, percebemos que este aumento se deve à procura e interesse pelas Análises de Louvores. Estas Análises são basicamente avaliações bíblicas e teológicas das músicas que tem tocado em nossas rádios e televisões, buscando compreender se elas são corretas biblicamente e se devem ser entoadas nos ambientes eclesiásticos. É um trabalho penoso e muito polêmico, pois atinge os brios de pessoas que têm estas músicas em alta estima. Porém, nossa obrigação é fazer a análise, deixando para cada indivíduo a escolha, agora consciente, se ele entende que a música deve ou não ser entoada.

Hoje, resolvi que irei trabalhar uma das músicas de maior sucesso dos últimos tempos: Ressuscita-me, de Aline Barros. É uma melodia fácil, que atrai muitas pessoas. Sua letra traz palavras bem interessantes, porém ela contém alguns problemas que sentimos que devemos relatar.

Então, sem mais delongas, vamos à música, que possui 3 estrofes básicas que se intercalam durante a música:

Mestre, eu preciso de um milagre
Transforma minha vida, meu estado
Faz tempo que eu não vejo a luz do dia
Estão tentando sepultar minha alegria
Tentando ver meus sonhos cancelados
Lázaro ouviu a Sua voz
Quando aquela pedra removeu
Depois de quatro dias ele reviveu
Mestre, não há outro que possa fazer
Aquilo que só o Teu nome tem todo poder
Eu preciso tanto de um milagre

Remove a minha pedra
Me chama pelo nome
Muda a minha história
Ressuscita os meus sonhos
Transforma a minha vida
Me faz um milagre
Me toca nessa hora
Me chama para fora
Ressuscita-me

Tu És a própria vida
A força que há em mim
Tu És o Filho de Deus
Que me ergue pra vencer
Senhor de tudo em mim
Já ouço a Tua voz
Me chamando pra viver
Uma história de poder

O primeiro problema da música, bastante nítido, é fazer uma leitura alegórica do relato da ressurreição de Lázaro (João 11), comparando o ato profético e messiânico de Jesus ao ressuscitar um morto de 4 dias (segundo os fariseus, a alma de um homem abandonava definitivamente após o terceiro dia) com a necessidade que nós temos de recebermos um "milagre". A ideia do autor da música é simples: O mesmo Jesus que fez um homem ressurgir após todo o conhecimento humano considerar impossível pode fazer com que nossos problemas sejam solucionados. Nada de mais aqui, porém é simplificar por demais o significado do ato da ressurreição de Lázaro.

A partir desta característica da música, podemos perceber que ela tem traços antropocêntricos, pois mostra uma pessoa reclamando com Deus que sua alegria foi "sepultada" porque seus sonhos não estão sendo atendidos. O problema desta parte da música reside no fato de que nem tudo o que sonhamos é da vontade do Senhor. Por mais que achemos que Deus tem que fazer a nossa vontade, a Bíblia nos mostra que devemos nos sujeitar à vontade de Deus (a oração do Pai Nosso e a própria disposição de Jesus antes da crucificação demonstram isso). Desta forma, precisamos pensar se os nossos sonhos são verdadeiramente sonhos que possuem caráter divino ou se são sonhos baseados em nossos interesses e desejos carnais, pecaminosos.

O refrão segue a ideia da primeira parte da música e contém uma grave heresia: Tirando a 4ª frase (ressuscita meus sonhos), o refrão inteiro dá a impressão que quem a está entoando está morto. Ora, sabemos pela Palavra de Deus que Jesus é a vida, logo quem está Nele está vivo. Declarar, ao entoar a música, que você está morto e precisa de ressurreição é declarar que a ação de Deus em sua vida não foi completa, é declarar que o sacrifício de Cristo não foi completo, é declarar que a sua salvação não é plena e é declarar que vida, para você, significa ter seus sonhos, desejos e vontades atendidos. Fico imaginando, ao ler este refrão, como os mártires da igreja, aqueles que padeceram durante as diversas perseguições que a igreja enfrentou, imaginariam se soubessem que as pessoas entoam estas canções hoje em dia. Vários deles tiveram seus sonhos cancelados, suas vidas abreviadas, mas o fizeram sorrindo, por saber que sua verdadeira alegria estava em saber que iriam viver com o Senhor eternamente (Filipenses 3.19-20).

Incluindo a 4ª frase no refrão, a música muda levemente de tom, porém mantém o antropocentrismo de suas palavras. Ao fazê-lo, fica claro que o autor está declarando que quem não tem seus sonhos atendidos não é feliz e está morto. Este tipo de louvor triunfalista gera crise nas pessoas, especialmente quando seus desejos não são atendidos, pois culpam a Deus, negando sua existência ou efetividade, sem se preocupar em considerar a possibilidade de que Deus possui outros planos, ainda melhores, que a pessoa nunca sequer cogitou (1 Coríntos 2.9).

A parte final do cântico mantém o tom triunfalista da música, declarando que Jesus é o Filho de Deus para "nos erguer para vencer", nos chamando para "viver uma história de poder". Tais frases seriam verdadeiras biblicamente se não estivessem diretamente associadas ao antropocentrismo da música. Vencer, segundo o contexto deste louvor, é ter nossos sonhos atendidos. Viver uma história de poder, segundo esta música, é ter nossos sonhos atendidos. Porém, nossa vitória absoluta foi contra a morte, pois Jesus, com a sua própria morte, nos concedeu a vida eterna, e viver uma história de poder é ser usado por Deus como canal de bênçãos na vida das pessoas, transmitindo as boas novas da vida, morte e ressurreição do filho de Deus por nós para aqueles que ainda não o conhecem. Atrelar uma vida vitoriosa ao mero cumprimento de nossos desejos humanos é temerário e simplifica por demais a vida cristã.

Por fim, se tivéssemos que corrigir este cântico ou orientá-lo para um momento específico, eu diria que esta música poderia ser usada apenas em momentos de apelo, após mensagens evangelísticas que façam uma análise correta da questão da morte e vida espirituais. Neste caso, poderia ser utilizada uma mensagem ou ministração que mencionasse que os sonhos de Deus para nossas vidas são os melhores, que seguir a vontade de um Pai Onisciente e Todo-Poderoso é o melhor que podemos fazer, e que devemos buscar descobrir os sonhos que Deus tem para nós, de forma a vivermos uma vida espiritual satisfatória e plena. Somente desta forma, e mesmo assim com ressalvas, eu creio que este louvor poderia ser entoado em nossas igrejas sem causar confusões na mente dos membros.

Como diria o outro: Pronto, falei. Sei que muitos questionarão esta análise, porém espero que ela leve a uma reflexão sobre a música e a uma decisão esclarecida sobre como ela deve ser entendida e entoada.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Comentário: Malafaia vs. Marília no SBT

Já faz algum tempo que não atualizo este pequeno espaço na internet. Do último post para cá, já preguei algumas vezes, já escrevi alguns textos, já mandei um novo livro para ser avaliado por editoras e até já mudei de igreja. Confesso que o blog estava caindo na minha lista de prioridades. Porém, mesmo precisando fechar uma palestra que ministrarei no acampamento de carnaval da Juventude Batista Carioca, não pude deixar de comentar a notícia da semana: A bombástica entrevista de Marília Gabriela com o Pr. Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo e novo profeta da Teologia da Prosperidade no Brasil.

Para quem não viu a entrevista, sugiro que vejam. A entrevista se encontra abaixo:


Bem, vamos aos comentários:

1. A postura do Pr. Silas Malafaia é de ataque o tempo todo. Seu linguajar é chulo e indigno de uma autoridade eclesiástica. Algumas coisas que ele fala têm fundamento, porém outras não (a questão da homossexualidade, hoje, é debatida já com testes científicos de que boa parte é derivada de uma alteração hormonal na gravidez da mulher, que envia uma carga de hormônios exagerada ao feto entre a 6ª e a 8ª semana de gravidez, gerando alterações no mapeamento cerebral da criança e que causam pessoas com gostos opostos ao padrão de seus gêneros (mulheres mecânicas, homens professores de educação infantil) em graus inferiores até pessoas com distúrbios de gênero (homens que se sentem presos em corpos de mulher e vice versa, hermafroditismo) em graus elevados. A homossexualidade cairia no nível intermediário desta questão congênita, onde o cérebro do homem homossexual se ativaria nas mesmas áreas que o cérebro de uma mulher heterossexual, ao olhar para pessoas atraentes, e vice-versa).

2. A interpretação bíblica feita por Silas Malafaia é simplória na melhor das situações (Salmos 1 e 112, confrontados por vários outros salmos datados do período pós-exílico, quando o povo de Israel entrou em crise porque, mesmo seguindo a lei, ainda vivia sob domínio do povo persa, além dos textos de Jó e de vários textos do Novo Testamento, onde fica claro que passamos por aflições neste mundo independente de seguirmos ou não a lei do Senhor).

3. A interpretação de Malafaia sobre Filipenses 3.13-14 é totalmente errônea. O texto é amputado pelo pastor para se enquadrar no seu ensejo de dizer que que o nosso prêmio é a prosperidade, enquanto que o texto, em seu contexto, fala claramente que o nosso prêmio é a salvação em Cristo Jesus e a nossa futura morada com o Eterno. Basta ver os versos 1-8, onde Paulo fala que perdeu todas as coisas pelo conhecimento que teve de Cristo, e os versos 20-21, onde Paulo fecha a contextualização do capítulo dizendo que nossa cidadania está nos céus e lá será nossa recompensa pelos sofrimentos que passamos nesta Terra.

4. Sobre as suas finanças, vale ressaltar algo muito importante que Malafaia não revelou: Em seu Imposto de Renda, consta 2 milhões de reais do capital da Central Gospel. Contudo, a Central Gospel não vale isso em valores atuais. O "capital" de uma empresa é o valor empregado pelos seus sócios quando a empresa é formada. Porém, as empresas possuem valor de mercado muito acima do seu capital social. A Central Gospel é uma máquina editorial nos dias de hoje, vendendo milhões de produtos por ano, como o próprio Malafaia afirmou. Logo, é fato que o patrimônio da Central Gospel (bens, máquinas, dinheiro em caixa, contratos) é muito maior do que os 2 milhões que Malafaia é obrigado a revelar. Para saber o valor real que a Central Gospel vale, Malafaia teria que ter levado o Balanço da empresa em 2011 ou 2012, mostrando quando ela possui de ativos e qual seu patrimônio atual. A Declaração de Rendimentos da Central Gospel também ajudaria a mostrar quanto ela arrecada e quanto ela lucra por ano. Estes documentos, Malafaia aparentemente não apresentou.

Estes dados eram importantes porque a FORBES calcula as fortunas não só pelo valor que a pessoa dispõe em conta ou em ativos em seu nome, mas também pelo valor presente das empresas que as pessoas possuem. É por isso que Bill Gates é tido como possuindo mais de 50 bilhões de dólares. Ele não possui este capital em dinheiro, mas grande parte é o valor somado das ações que ele possui na Microsoft. Prova disso, por exemplo, é o caso de Eike Batista, cuja fortuna foi rebaixada pela FORBES após suas empresas sofrerem um baque no valor das ações.

Portanto, é provável que a FORBES tenha calculado as fortunas dos pastores brasileiros com base não em seus bens e valores em conta, mas sim nos valores que suas empresas valem. Edir Macedo é dono da Rede Record, RR Soares tem a Graça Editoria, o casal Hernandes tem o Grupo Gospel, Malafaia tem a Central Gospel.

5. Marília Gabriela entrou totalmente despreparada para a entrevista. Falou da Teologia da Prosperidade sem ter conhecimento sobre ela. Falou sobre o dízimo nas igrejas evangélicas sem ter conhecimento que as igrejas sérias abrem seus livros contáveis e valores de arrecadação para seus membros, que decidem em assembleia onde os recursos serão empregados. Quando pôde, conseguiu colocar o Malafaia na parede e o fez ter que desviar o assunto. Se tivesse um pouquinho mais preparada, teria conseguido botar o Malafaia em saia justa. Por não ser teóloga, não pôde combater as interpretações equivocadas que Malafaia fez sobre a Bíblia. Porém, poderia ter evitado bastantes problemas com um preparo mais adequado.

Concluindo, a entrevista fez apenas um desserviço para a igreja evangélica brasileira como um todo. A figura de Silas Malafaia é altamente ofensiva para o brasileiro comum, que pode associar todos os pastores evangélicos existentes à sua figura ocasionalmente irracional. Seus posicionamentos são baseados na força e altura de sua voz, e não pelo conteúdo de seus argumentos. Seus fãs podem acabar defendendo-o com a mesma ferocidade, gerando debates acalorados desnecessários. E as igrejas sinceras, que trabalham em prol do evangelho simples, que aponta para Cristo e para o céu, que tentam consolar aqueles que sofrem com as mazelas que encaram neste mundo, que buscam denunciar seus problemas e lutar contra o pecado estrutural que domina nossa sociedade, estes acabam sendo igualmente atingidos pela reação negativa da sociedade.