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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Educação Cristã e Juventude – Estratégias para aproximação

Todo professor de EBD sabe da dificuldade que é estimular jovens e adolescentes nos dias de hoje a conhecerem mais sobre Deus, Jesus, a Bíblia e o espiritual. As distrações dos tempos modernos complicaram tremendamente o relacionamento do jovem com a sociedade. O leque de opções de diversão é muito maior do que há 30 anos, e a quantidade de informação a que nossos jovens tem acesso faz com que surjam muito mais questionamentos a respeito do mundo, da fé e da vivência cristã do que no século passado.

          Como pastor de jovens de uma igreja de classe média alta no Rio de Janeiro, sofro bastante com estes problemas. Por conta disso, tenho percebido que são necessárias algumas estratégias diferenciadas para incentivar nossos jovens e adolescentes a buscarem uma maior aproximação com o Senhor e almejarem um crescimento espiritual mais agudo.  Algumas, pude ver implementadas na minha própria comunidade. Outras, pude ver em outras igrejas que visitei ou conheci nestes últimos anos. Listo algumas abaixo:

          EBD em horário alternativo: Muitos jovens e adolescentes reclamam que o horário da EBD às 9 da manhã é cruel, pois eles não conseguem acordar cedo. Alguns estudos científicos apontam que os adolescentes, em especial, realmente precisam de mais tempo para dormir. Uma boa solução para edificá-los é transferir a EBD da galera teen para outro horário. Em minha igreja, a EBD dos adolescentes funciona às 17:30, uma hora antes do culto vespertino iniciar. A frequência é muito maior do que no horário tradicional.

          Pequenos Grupos: A união de adolescentes e jovens em pequenos grupos de discussão e estudo funciona como um ambiente informal de conversas e discussões sobre inúmeros assuntos da vida cristã. O ideal é que aconteçam na casa ou quintal de um dos jovens, pois o ambiente da igreja intimida e diminui a transparência nas conversas.

          Palestras e Programas Temáticos: Não basta realizar um encontrão adolescente só para ter o evento. É necessário que haja um tema específico e de interesse do grupo a ser trabalhado. Adolescentes curtem relacionamentos, inovação e tecnologia. Jovens costumam ter pontos de crise, como a maioridade, universidade, mercado de trabalho, casamento e paternidade. Um bem legal que conheci foi um evento cujo tema é cinema. Sabendo do gosto do povo pela temática, o evento vem tendo boa procura.

          Cadeira Elétrica/Entrevista: Os jovens e adolescentes curtem o ambiente informal de um bate papo com alguém. Se lhes der o poder de perguntar tudo o que quiserem, fica melhor ainda. Por isso, eventos deste tipo costumam atrair bastante a atenção e são excepcionais para apresentar boas histórias de vida, testemunhos de conversão e chamado, vivência com o meio secular, dentre outros. Este tipo de conversa informal também ajuda na educação cristã quando a pessoa consegue demonstrar, nas respostas, a importância do estudo da Bíblia.

          Intercâmbios: Uma das formas mais antigas de edificação da juventude é o intercâmbio. Contudo, muitas destas viagens são feitas apenas com um intuito, geralmente social. Como há muito tempo livre nestas programações, uma boa dica é incluir algumas atividades que edifiquem o grupo, como exibição de filmes, vídeos e clipes musicais, alimentando debates posteriores sobre determinado tema.

          Passeios culturais: Pouco se vê, hoje, igrejas realizando passeios culturais com suas juventudes. No ambiente escolar, isso é muito comum, pois os educadores já perceberam, há tempos, que a interação visual mais concreta do aluno com algo alimenta o seu interesse pelo tema. Uma visita a um museu, se bem planejada pela liderança, pode estimular alguns questionamentos na mente dos jovens e adolescentes. Tempos atrás, visitei com alguns jovens o Museu Histórico Nacional, na Quinta da Boa Vista. Ali, há vários objetos expostos da época do Egito, Grécia e Roma antigos. Vendo aqueles itens, o grupo pode vislumbrar uma pequena parte do que os povos bíblicos vivenciaram no seu dia a dia.

          Além dos programas precisarem ser variados, é necessário que o líder ou educador de jovens e adolescentes possua algumas questões em mente, na hora de trabalhar com essa galera:

          Primeiro, planejamento. Cada local, cada comunidade, cada região possui necessidades específicas que atendem aos anseios da sua juventude. Só é possível analisar estas necessidades após um bom planejamento do que se deseja fazer. Em uma região de subúrbio carioca, muitos adolescentes buscam entrar no mercado de trabalho desde cedo, para ajudar em casa ou poderem adquirir algumas coisas para si. Já na Zona Sul, muitos jovens entra na universidade já com emprego garantido, o que os leva a encarar o trabalho com muito menos valor. Desta forma, você precisa trabalhar a convivência do cristão no mercado de trabalho de forma diferente para ambos os grupos.

          Segundo, constância. Especialmente para adolescentes, a constância no trabalho é vital, pois é no ambiente do convívio constante que este grupo consegue trocar experiências e influenciar positivamente uns aos outros no desejo de crescer espiritualmente.

          Terceiro, inovação. As mesmas lições, ministradas da mesma forma, não necessariamente terão os mesmos resultados de 20 anos atrás. Muito pelo contrário. Hoje, os nossos jovens vivem conectados, possuem bíblias no celular, tablets com inúmeros programas e jogos. Prender a atenção deles pode ser um desafio. Por isso, é necessário que haja uma nova maneira de prender as atenções do grupo e passar valores cristãos a eles. O uso de novas mídias, como as redes sociais, ajuda a acrescentar conteúdo edificante para todos os jovens e adolescentes integrantes da comunidade.

          Quarto, definição clara da temática. A partir do planejamento, o líder tem condições de definir quais os assuntos que precisam ser trabalhados. Montar uma grade de estudos e apresentá-los aos jovens e adolescentes os ajudará a entender aonde se quer chegar com os trabalhos da liderança.

          Quinto, sinceridade. Muitas vezes, os líderes têm medo de responder ou pesquisar mais profundamente sobre alguns assuntos considerados tabus porque decidem que algo não pode ser feito “porque é pecado”. O problema é que esta resposta não agrada ao jovem e adolescente, que sempre busca motivos para fazer o que bem entende. A falta de informação acaba gerando um sentimento de permissividade que leva muitos jovens e adolescentes a caírem. Um estudo mais aprofundado, mesmo que não acontecendo na mesma semana, unindo informações bíblicas e textos científicos, pode ajudar o trabalho de educação e conscientização da juventude sobre determinado tema.
         
Conclusão

Certamente existem inúmeras estratégias distintas para alcançar os jovens, e os desafios são cada vez maiores. Contudo, com um pouco de paciência e muito joelho no chão, creio ser possível trabalhar de forma dinâmica com a juventude e gerar uma nova geração de pessoas realmente comprometidas com o Senhor.

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