Marcadores

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Diários de um pastor: Cristianismo fast-food

Eu adoro comer no Subway. Este restaurante, recém-descoberto por mim e conhecidíssimo nos EUA, possui uma sistemática onde você pode escolher de tudo para fazer o seu sanduíche. São várias opções diferentes, algumas mais saudáveis do que outras, porém todas com uma cara ótima. Confesso que, não fossem por circunstâncias alheias, eu provavelmente ficaria alguns meses lançando neste lugar numa boa, sem me lembrar que, um dia, já fui totalmente viciado no McDonald's.

Hoje, enquanto saboreava meu sanduíche durante o horário do almoço, percebi que realmente vivemos uma fase do cristianismo que poderíamos chamar de "cristianismo fast-food". Não criei esta frase, não sei aonde a ouvi primeiro, porém é fato que a forma como muitos cristãos encaram a igreja mudou radicalmente. Enquanto, no passado, os cristãos buscavam um local para congregar com outros irmãos e servir a Deus, hoje, eles escolhem o lugar que melhor se adequa aos seus gostos pessoais.

Não é difícil perceber que o mercado religioso se adequou a este novo padrão consumista do cristão pós-moderno. Assim como no Subway, você consegue escolher de tudo em uma igreja, e elas fazem questão de fazer sua propaganda:

A denominação é como o pão: O invólucro, que dá a cara e o sabor inicial ao sanduíche. Você pode ser batista, assembleiano, presbiteriano, universal, etc e tal.

O sanduíche em si é a orientação pneumatológica da mesma: Histórica, Pentecostal ou Neopentecostal. E sim, vale notar que existem igrejas que são de algumas denominações históricas, porém, ao ingressarmos nelas, percebemos que não adotam a mesma visão sobre o Espírito Santo que as suas co-irmãs. Exemplos são igrejas batistas renovadas ou que professam a Teologia da Prosperidade, velada ou escancaradamente.

Os complementos (queijo, salada, acompanhamentos, molhos) são os detalhes que diferenciam cada igreja: O pastor que prega muito ou pouco tempo, o louvor que toca música lenta ou bota geral pra pular e dançar, a igreja pequena ou a megacomunidade da fé, dentre outros detalhes.

Você pode estar se perguntando: Mas esta diferença não é saudável? Sim, é, desde que não se torne a essência da vida do cristão em sua busca por uma comunidade. Sim, porque o que vemos hoje é um cristianismo sem raízes, onde a pessoa vai atrás daquilo que lhe atrai, lhe faz bem. Ai do pastor se exortar a comunidade do púlpito: Sai metade da membresia na semana seguinte, procurando um pastor que fale que tudo ficará bem, que todos receberão a vitória e pararão de sofrer.

O fato é que somos nós que fazemos a diferença na igreja. Cada irmão é membro do Corpo de Cristo e responsável por fazer a sua função. Quando ele o faz, dá a sua cara, a sua impressão digital, à comunidade. É para isso que Deus nos chamou. Os órgãos de um corpo possuem funções, que devem ser exercidas para que o corpo seja saudável e cresça. Corpo com órgãos que não trabalham, não realizam suas funções, murcha, morre. Fica só olho, só ouvido, sem pé nem cabeça.

Quem dera os cristãos de hoje percebessem isso e começassem a deixar as suas marcas em suas igrejas, que busca moldá-las com o seu trabalho, personalidade e dom dado por Deus, em vez de buscar aquela que melhor se molda aos seus gostos. Choveria obreiros, faltariam obras.
...

Agora, claro, se a relação é quebrada, se a coisa descamba para a violência, mental, espiritual ou física, ou se Deus claramente ordena, o trânsito é plausível e aceitável. Só não torne o gosto, a preferência, a essência da sua busca. Abra-se para novas experiências, pautadas na Palavra de Deus. Não se apegue aos condimentos já existentes, seja você aquele que trará um novo sabor àquele lugar. Serviço é a marca do cristão. Sirva. Apenas... sirva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário