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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Os Desafios da Juventude: Parte 3/5: O Mercado de Trabalho

Nos estudos anteriores, vimos que o jovem passa por diversos momentos de crise em sua vida, que fazem com que ele venha a sentir dificuldades que podem levá-lo a se afastar de Deus e de sua igreja. Vimos que a maioridade leva o jovem a querer tomar decisões independentes, cortando relações com seus pais ou outras figuras de autoridade. Vimos também que o ingresso do jovem na universidade leva a um novo mundo, regado a álcool, drogas, sexo e confrontos filosóficos sobre a existência ou não de Deus. Hoje, entraremos em uma nova área, que certamente está ligada às outras duas: O ingresso do jovem cristão no mercado de trabalho.

O Brasil vive um sistema econômico capitalista, muito orientado pelos grande magos financistas americanos. Em nosso país, existe uma pressão muito grande para a pessoa ter. O "ter" é um símbolo da vida capitalista. Você é o que você tem. O "ter", com isso, assumiu a importância que antigamente o "ser" possuía. A educação, no passado, primava pelo caráter da pessoa. Hoje, ela prima muito mais pela capacitação do homem a obter sucesso e, com isso, ter os objetos apresentados pela mídia como sonhos de consumo.

Por causa disso, o jovem cristão enfrenta inúmeros conflitos quando entra no mercado de trabalho. São conflitos de ordem ideológica, econômica, social e profissional que põem em confronto a fé do cristão e podem fazer com que ele mude a sua forma de agir frente ao mundo.

No campo ideológico, como vimos, o "ter" pode levar os jovens a buscarem o mercado de trabalho muito cedo, abandonando ou despriorizando os estudos para conseguir dinheiro mais rapidamente. Esta situação é extremamente comum em locais de classe baixa, onde os jovens precisam trabalhar para ajudar a família ou onde os pais não têm condições de dar ao jovem aquilo que ele deseja. Muitas vezes, por ser confrontado no colégio ou na universidade por pessoas que têm coisas melhores, como roupas de grife, tênis de marca ou aparelhos eletrônicos modernos, o jovem decide que precisa trabalhar para adquirir aquelas coisas e se integrar ao grupo.

Outra crise que o "ter" pode levar o cristão a enfrentar, quando entra no mercado de trabalho, é a busca incessante por ascensão. No mercado de trabalho, as oportunidades de crescimento são inúmeras, porém as exigências também se tornam superiores. Cargo mais alto geralmente demanda mais tempo de estudos (pós-graduação, MBA, mestrado, doutorado), mais tempo de trabalho (especialmente no meio privado) e causa mais estresse. Nessa busca por crescimento, muitos jovens dedicam muito tempo a estes objetivos e ficam sem tempo para dedicar ao Senhor, seja em sua devocional diária, seja para atividades comuns, como frequência aos cultos e a EBD ou outras atividades sociais.

É esta crise pelo "ter" que pode levar o jovem cristão a começar a amar o dinheiro, gerando uma crise de ordem econômica. Como o novo "ser" é o "ter", muitos jovens começam a viver para conseguir a última ou mais moderna aquisição. Roupas, móveis, eletrônicos, automóveis, tudo o que aparece se torna objeto de adoração dos jovens, o que os leva a viver para conquistar estas posses ou mesmo se endividar para conseguí-las. O resultado é um crescente número de jovens trabalhadores com problemas financeiros, entrando no cheque especial ou pagando pequenas fortunas de juros no cartão de crédito.

No âmbito social, o jovem cristão que entra no mercado de trabalho precisa aprender a lidar com três esferas de poder: As pessoas acima dele, as pessoas no mesmo nível hierárquico e as pessoas abaixo dele. Em todos os três níveis, existem perigos que podem fazer com que o jovem cristão enfrente grandes dilemas sobre a forma como deve agir.

Com relação ao relacionamento com superiores, o jovem cristão pode ter problemas se não tiver lidado bem com a quebra com relação a figuras de autoridade. Querendo pensar e agir da forma como pensa, muitos acabam tendo dificuldades para lidar com chefes com personalidade forte, que ordenam mais do que dialogam. Nesse processo, muitos acabam não permanecendo em seus empregos, buscando sempre o emprego ideal, com a chefia correta.

Outro conflito clássico com relação à chefia é quando esta resolve confrontar o jovem em relação a suas crenças e/ou práticas. Sabe-se que muitos jovens cristãos acham que podem evangelizar seus colegas de trabalho ouvindo rádios evangélicas com som alto ou enchendo suas estações de trabalho com dizeres bíblicos. Isso pode ofender a chefia (e outros colegas). Em outros casos, o chefe pode pedir ao jovem cristão que faça algo que ele considere antiético (desde pequenas mentiras sobre estar no local até coisas sérias, como desvios de verbas). Neste caso, o jovem costuma adotar duas posturas antagônicas: O radicalismo da negação ou a aceitação passiva, comprometendo seu próprio testemunho no local.

No relacionamento com os colegas de trabalho, existe um grande conflito social. Mais do que no meio universitário, a diversidade de costumes, crenças e posturas é muito grande no meio profissional. Nesse sentido, pode acontecer dois tipos de conflitos no relacionamento entre um jovem cristão e seus colegas. O primeiro, do cristão tentando "evangelizar" seus colegas através de seus costumes. O outro, com os colegas de trabalho chamando o cristão para atividades que normalmente não iria, como chopps e baladas, ou oferecendo ao cristão materiais impróprios, como material pornográfico ou piadas infames.

Quando o jovem cristão começa a crescer na sua profissão, pode ser que ele se torne o supervisor ou gerente de algumas pessoas. Aqui, o grande conflito será a forma como ele age com seus liderados, pois dependendo da postura que ele adotará com os colegas, o jovem pode ser visto como um carrasco e ter a sua fé jogada em sua face, caso resolva advertir alguém, pois, afinal, o cristão tem como marca o perdão. Este conflito, de como lidar com um subordinado, inclusive no tocante à demissão, também pode afetar muito o psicológico de um jovem cristão no mercado de trabalho.

Por fim, no âmbito profissional, o jovem cristão pode enfrentar diversos conflitos, como fofocas, concorrências e disputas por promoções, bônus ou premiações, coisas que podem levá-lo a agir pensando apenas em si mesmo e ignorando os demais colegas de trabalho, sacrificando, assim, seu testemunho.

Todas essas tentações demonstram como a vida no âmbito do mercado de trabalho é difícil e pode causar tantas dores de cabeça na vida de um jovem cristão. Muitos preferem simplesmente abandonar a fé para se enquadrarem aos valores que o mundo o apresenta. Outros resistem e sofrem com isso. O fato é que Deus está sempre ao nosso lado e renova as nossas forças a cada manhã. Essas tentações não se esgotam, existem muitas outras (oportunidades de novos relacionamentos sentimentais e traições, forçar a demissão para receber a multa do FGTS, pagar propinas para fechar uma venda, dentre outros). A Bíblia nos fala apenas para fugir delas, pois elas são capazes de corroer um cristão por dentro e impedí-lo de ter um relacionamento sadio com Deus.

Em breve, falaremos do quarto grande conflito na vida do jovem cristão: O casamento. Aguardem.

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