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sábado, 14 de setembro de 2013

Autoridade Pastoral - As questões bíblicas - O Ungido do Senhor

Após avaliarmos a questão jurídica dos argumentos, vamos avaliar agora as questões bíblicas apresentadas nos argumentos apresentados por defensores da ideia de que a autoridade pastoral é inquestionável e ele deve ser obedecido em qualquer circunstância.

Primeiramente, vamos avaliar a questão da equiparação da figura pastoral com afigura do Ungido do Senhor. Muitos se utilizam da figura veterotestamentária do Ungido do Senhor para aplicar o relacionamento de Davi em relação a Saul com relação à pessoa do pastor (O livro "Perfil de três reis" trabalha isso nas entrelinhas).

Para compreendermos a questão do Ungido do Senhor, basta fazermos uma breve pesquisa no AT e no NT para entendermos a que figuras elas se aplicam. No AT, a figura dos Ungidos é relacionada a reis (em especial Saul, nas palavras de Davi), sacerdotes e profetas. Porém, no NT, apenas Jesus Cristo é apresentado como Ungido do Senhor. Desta forma, não há como associar a figura pastoral à figura do Ungido do Senhor.

Se a figura do Ungido do Senhor não pode ser explicitamente aplicada ao pastor neotestamentário na Bíblia (a figura do pastor veterotestamentário é aplicada aos reis), compreendemos então que nenhuma das falas apresentadas em 1 Samuel de Saul em relação a Davi são aplicáveis à relação entre o pastor e a membresia.

A questão da rebelião como pecado de feitiçaria

Intimamente relacionada com a questão do Ungido do Senhor, muitos relacionam a condenação de 1 Samuel 15 com a discordância em relação a qualquer coisa que o pastor da igreja fale. Ou seja, se você discordar do pastor, estará em estado de rebelião, e a rebelião é como pecado de feitiçaria.

Bom, vamos dividir a questão em duas. Primeiro, lembramos que a figura do Ungido do Senhor não encontra paralelo neotestamentário com a figura pastoral. Logo, a condenação do texto não se aplica a uma oposição ao discurso pastoral.

Em segundo lugar, cabe notar que o texto não condena Saul por ter se rebelado contra Samuel, mas sim contra a Palavra de Deus, contra a ordem direta dada por Deus, através de seu profeta, para o rei. Nos dias de hoje, consideramos que a profecia como revelação da Palavra de Deus está completamente registrada na Bíblia. Desta forma, o pastor deve seguir sua conduta mediante as orientações bíblicas. É por isso que Paulo estressa tanto, em Tito 1, que o pastor deve saber manejar a Palavra e pregar a sã doutrina.

Logo, a rebelião como pecado de feitiçaria é ignorar os ensinamentos bíblicos em sua essência, dizer que não são válidos para nós como regras de fé e prática. Se o pastor da igreja afirma algo que é contrário à Palavra de Deus ou não encontra suporte nela, ou mesmo age de forma que não condiz com a conduta bíblica, ele pode ser exortado SIM, conforme 1 Timóteo 5.19-20.

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