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sábado, 14 de setembro de 2013

Autoridade Pastoral - As questões bíblicas - A autoridade de Romanos 13

Como vimos anteriormente, os pastores e líderes que defendem que a autoridade no ambiente eclesiástico não pode ser questionada se utiliza de muitos textos para defender seus pontos de vista. Vimos anteriormente que a figura veterotestamentária do Ungido do Senhor não se aplica ao pastor moderno, pois no NT ela se aplica apenas a Jesus, que reuniu em si as funções de sumo sacerdote, profeta e Rei dos Reis. Não há, no NT, aplicação desta figura à figura pastoral.

Continuando na análise dos argumentos, entramos na questão do texto de Romanos 3, que afirma textualmente que devemos obedecer às autoridades constituídas, pois foram assim colocadas por Deus e quem vai contra elas vai contra o que Deus instituiu.

Há alguns problemas com a interpretação de Romanos 13 com relação à figura pastoral. O primeiro, eclesiológico, tem a ver com o sistema de governo batista, que afirma que a Assembleia é soberana. Se a autoridade de uma igreja batista vem da Assembleia, quem se coloca contra sua decisão majoritária estaria indo contra a autoridade constituída por Deus, incluindo o pastor.

O segundo problema é hermenêutico: O texto não fala de qualquer autoridade, e sim de autoridades governamentais. Isso se demonstra nos vs. 6 e 7, que falam sobre pagamentos de impostos e tributos. Desta forma, o contexto que se apresenta restringe a aplicação do capítulo ao relacionamento entre o cristão e a autoridade civil.

O terceiro problema é histórico-social: O texto não se aplica em todas as situações, pois ele não pode ser usado para defender uma autoridade que se coloca em flagrante oposição à vontade de Deus. Pedro, em Atos 5.29, desafia as autoridades eclesiásticas que queriam impedir a pregação de que Jesus era o Messias esperado.

O último problema é histórico: O texto bíblico não foi escrito em um contexto de perseguição, e sim de paz. O sentido do texto é que Paulo aconselha os cristãos romanos a serem exemplo de conduta para não incitarem a ira da autoridade civil e desatar uma perseguição. Porém, em contextos de perseguição ou libertinagem, onde a comunidade tenta impor valores alheios à Bíblia sobre os cristãos, a Bíblia insta as pessoas a resistirem a isso e seguirem um padrão de conduta diferenciado, conforme Gl. 5.17-23, 1 Co. 5 e 11, Dn. 1 e 3, dentre outros textos.

Em suma, a questão da autoridade pastoral não pode ser diretamente associada ao texto de Romanos 13 sem que se estude o seu contexto, sob pena de distorções que causem problemas no seio da igreja.

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