Dinheiro. Quanto mais ando por este mundo e quanto mais gente conheço, porém, percebo que as pessoas simplesmente não sabem lidar com ele. É verdade. O que vejo de gente falando que tá duro por aqui é incrível. Vejo as mais diversas lamúrias sobre dinheiro, ou a falta dele. E elas não escolhem nível social não. Já vi gente que ganha 1200 reais agradecer a Deus pelo pouco que tem, e já vi gente que ganha DEZ MIL reais chiando que o dinheiro não chega ao final do mês.
A Bíblia nos conta que o amor a ele é a raiz de todos os males. Contudo, o que mais vemos é pessoas falando sobre a questão, pastores pregando sobre o tema, livros send lançados e devorados por aqueles que querem saber o segredo de multiplicá-lo.
O que devemos pensar sobre o tema? O que a Bíblia nos ensina? E como devemos lidar com ele?
Em primeiro lugar, vemos na Palavra de Deus que o tema é antigo. Judas traiu a Jesus por 30 moedas de prata. Abraão deu 10% de suas riquezas a Melquisedeque. Salomão foi tido como o homem mais rico da história, e Jó teve que enfrentar a crise financeira imediata. Pessoas ofertavam para reconstruir o templo, para sustentar o sacerdócio e para se alimentarem (não nesta ordem). Logo, precisamos compreender qual o papel do dinheiro em nossas vidas.
Quando vislumbramos os tempos que vivemos, percebemos que o dinheiro é utilizado muito para satisfazer as nossas vontades carnais. O mundo atual nos apresenta uma cultura em que a pessoa só é valorosa se tiver as coisas. E isso vem desde cedo: As crianças, após certa idade, começam a pedir roupas de grife, tênis de marca, celulares do tipo smartphone, tablets, tudo para poderem se igualar ou superar seus amiguinhos. O mesmo comportamento se replica ao longo do tempo, com os brinquedos apenas ficando mais caros: Carros de luxo, apartamentos ou mansões caríssimas, viagens para lugares cada vez mais exóticos.
Como a nossa vontade carnal não pode ser saciada, pois sempre almejamos aparentar ter mais e mais, acabamos nos fazendo escravos do crédito. E aí entendemos o fenômeno do colega que disse que ganha dez mil reais e reclama que não consegue chegar ao final do mês com grandes reservas: Quanto mais ganhamos, mais queremos ter. E quanto mais queremos ter, mais nos sacrificamos financeiramente, nos envolvendo em empréstimos, cartão de crédito e parcelamentos. Resultado: Quando menos esperamos, estamos vivendo para pagar dívidas. Ganhamos 10 mil, mas gastamos 12 mil. O resultado é a falência.
Como dissemos, o amor ao dinheiro (e a tudo aquilo que ele pode comprar) é a raiz de todos os males. Logo, trabalhar esta questão é o primeiro passo para se conseguir a vitória nesta área. A pessoa precisa compreender que não pode viver pelo que os outros dizem, mas sim por sua própria consciência. Se você não anda de Corolla 2014, mas tem seu Celtinha 2005, não fique chateado com isso. Muito menos se você nem Celtinha tiver e depender de transporte público. O que te faz uma pessoa valorosa, segundo a Palavra de Deus, não são as coisas daqui, mas sim as coisas do alto (Colossenses 3.1-5. Leiam em especial o v.5, que compara a avareza a idolatria).
A seguir, a pessoa deve buscar conhecer algumas pequenas dicas financeiras para buscar equilibrar suas finanças e evitar entrar no prejuízo:
1. NÃO EMPATE SUAS ENTRADAS com mais do que 30% de financiamentos e dívidas a longo prazo: Essa é a melhor forma de se cobrir eventuais dificuldades momentâneas, como doença ou consertos residenciais emergenciais.
2. Escolha sempre as MENORES TAXAS de juros: Muitas pessoas, quando precisam de capital, pegam logo o dinheiro do cheque especial, sem perceberem que ele cobra uma taxa extorsiva de juros, entre 5 e 8% ao mês. Se preciso, busque empréstimos consignados (dentro da margem), com taxas que variam entre 0,8 e 2% a.m.
3. Nunca, JAMAIS, use MAIS DE UM CARTÃO de crédito: O cartão de crédito é o maior poço sem fundo que existe, pois as empresas aumentam o limite conforme o seu uso. A tentação de usar o cartão até o máximo para depois pagar pode gerar uma enorme dor de cabeça, pois suas taxas de juros também são proibitivas (chegando a 12% a.m. em alguns casos).
4. Se usar o cartão de crédito, SEMPRE pague o VALOR TOTAL da fatura: As empresas de cartão jogam o limite pra cima na esperança de que as pessoas gastem mais do que ganhem e paguem menos do que o valor da fatura. Isso faz com que elas sejam cobradas as taxas de juros sobre o saldo devedor, gerando uma bola de neve que nunca se paga.
5. Se não conseguir se controlar no uso, NÃO TENHA CARTÃO DE CRÉDITO: É a melhor forma de lidar com a questão. Quem não tem cartão de crédito diminui o risco de fazer compras compulsivas ou impulsivas, gerando dívida futura.
6. Se estiver endividado, NEGOCIE RÁPIDO: Os bancos possuem total interesse que você pague a conta. Desta forma, você reduz o impacto dos juros.
7. Planilhe seus gastos mensais e só trabalhe com a SOBRA: É difícil perceber isso às vezes, porém gastamos dinheiro com as coisas mais bobas, e só percebemos isso posteriormente. Juros, tarifas de cartão e conta corrente, lazer mal planejado, tudo isso gera custos acima do que poderíamos fazer. Além disso, temos despesas fixas que podem parecer pequenas, mas com o tempo percebemos que fazem um impacto enorme no nosso orçamento. Sabendo o que temos que gastar e o quanto temos de sobra, podemos pensar sobre o que fazer e estudar as melhores formas de economizar.
8. Se precisar fazer uma despesa ou investimento, PECHINCHE: Quer jantar fora? Nada mais nobre. Porém é necessário mesmo ir toda semana naquele restaurante cuja conta não sai por menos de 100 reais? E o cinema? Precisa ser no dia mais caro, na tela mais sinistra? As salas sempre possuem dias promocionais (segundas ou quartas). Quer um tratamento de beleza? Procure as oportunidades nos sites de compras coletivas. Quer um perfume? Pra que gastar 300 reais em um importado, se tem excelentes nacionais por 60? E nem me fale das calças jeans de 300 reais...
9. RESERVE uma quantia para os momentos difíceis: Como disse acima, nunca estamos livres do imprevisto. Para evitar surpresas, guarde uma quantia na poupança que o ajude a cobrir eventuais despesas imediatas. Sugiro uma reserva de um mês de receitas.
10. ANTECIPE os financiamentos o máximo possível: Quando fazemos financiamentos a longo prazo, pagamentos 3 ou 4 vezes o valor do produto (casa, automóvel) por conta de juros. Amortizar o saldo devedor reduz o tempo do financiamento (ou a parcela) e a quantidade de juros pagos. Por exemplo: em um financiamento imobiliário de 20 anos, uma antecipação de 12 parcelas pode significar uma redução do valor de até 36 meses de financiamento no final das contas. É dinheiro que você deixa de entregar pros bancos.
11. PREVEJA seus gastos: Temos valores a pagar sazonalmente todo ano: IPTU, IPVA, seguro do carro, material escolar, dentre outros. Prever estes gastos nos ajuda a evitar um gargalo financeiro em determinados meses. Eu recomendo planilhar as entradas e saídas previstas para os próxims SEIS MESES, sendo que, pessoalmente, possuo os DOZE meses seguintes totalmente previstos.
Seguindo essas regrinhas básicas, você conseguirá controlar seus gastos, maximizar seus recursos e aproveitar melhor a vida que Deus te deu.
Ideias de um pastor batista para enfrentar as peculiaridades de um século inusitado.
sábado, 14 de setembro de 2013
Autoridade Pastoral - As falsas fontes - Experiência
Para encerrarmos a discussão sobre as falsas fontes de autoridade pastoral, vamos trabalhar rapidamente a questão da experiência, ou tempo de serviço. É interessante notar que alguns pastores gostam de impor suas vontades sobre os outros sob a alegação de que possuem mais experiência, já viram mais da vida ministerial, são mais maduros, e com isso possuem uma visão melhor das coisas do que pastores mais jovens ou irmãos mais novos na fé.
Este detalhe é curioso porque a própria Bíblia nos mostra que tempo de carreira não deve ser necessariamente considerado quando se analisa a postura de um pastor. Lá em 1 Timóteo 4.12, Paulo fala para Timóteo que não seria correto ele ser desprezado pelas ovelhas da comunidade por sua juventude, pois a idade não deveria ser considerada como balizadora de seu caráter e seu poder de decisão.
Um outro detalhe importante é que sabemos que tem muita gente na casa dos "enta" por aí que mantém uma maturidade mental e espiritual de quando era adolescente, incluindo outros colegas pastores. Desta forma, não há como se considerar meramente a idade como balizadora de autoridade.
Por fim, vale ressaltar que nem todos aqueles que passaram por mais experiências na vida vão ter condições de tomar as melhores escolhas, porque muitos destes foram os causadores dos problemas e dificuldades que enfrentaram na vida. Não só isso, muitas vezes estas experiências estão descontextualizadas e desatualizadas. A forma de pregar o evangelho hoje deve ser diferente da de 30 anos atrás, apesar do conteúdo da mensagem ser o mesmo.
Enfim, com este texto, encerramos as falsas fontes de autoridade pastoral, conforme apresentadas pela Bíblia. Agora, iremos trabalhar as fontes verdadeiras, conforme apresentadas na Bíblia, para conseguirmos compreender como e em que sentido devemos entender este tema, tão importante para os nossos dias. Para auxiliar nossos estudos, sugiro as leituras de 1 e 2 Timóteo e Tito, as famosas cartas pastorais na Bíblia, assim denominadas exatamente porque trazem padrões de conduta e avaliação dos obreiros. Abraços a todos.
Este detalhe é curioso porque a própria Bíblia nos mostra que tempo de carreira não deve ser necessariamente considerado quando se analisa a postura de um pastor. Lá em 1 Timóteo 4.12, Paulo fala para Timóteo que não seria correto ele ser desprezado pelas ovelhas da comunidade por sua juventude, pois a idade não deveria ser considerada como balizadora de seu caráter e seu poder de decisão.
Um outro detalhe importante é que sabemos que tem muita gente na casa dos "enta" por aí que mantém uma maturidade mental e espiritual de quando era adolescente, incluindo outros colegas pastores. Desta forma, não há como se considerar meramente a idade como balizadora de autoridade.
Por fim, vale ressaltar que nem todos aqueles que passaram por mais experiências na vida vão ter condições de tomar as melhores escolhas, porque muitos destes foram os causadores dos problemas e dificuldades que enfrentaram na vida. Não só isso, muitas vezes estas experiências estão descontextualizadas e desatualizadas. A forma de pregar o evangelho hoje deve ser diferente da de 30 anos atrás, apesar do conteúdo da mensagem ser o mesmo.
Enfim, com este texto, encerramos as falsas fontes de autoridade pastoral, conforme apresentadas pela Bíblia. Agora, iremos trabalhar as fontes verdadeiras, conforme apresentadas na Bíblia, para conseguirmos compreender como e em que sentido devemos entender este tema, tão importante para os nossos dias. Para auxiliar nossos estudos, sugiro as leituras de 1 e 2 Timóteo e Tito, as famosas cartas pastorais na Bíblia, assim denominadas exatamente porque trazem padrões de conduta e avaliação dos obreiros. Abraços a todos.
Autoridade Pastoral – As falsas fontes – Poder
Nos dias de hoje, temos visto muitos pastores cultivando uma imagem de poder para as suas ovelhas. São pessoas que se utilizam de estratégias como “sopro do Espírito”, novas unções, toalhas ungidas milagreiras e coisas do tipo para levar as pessoas a crerem que nelas reside certo poder residual vindo do Espírito Santo e que pode ser transferido para a pessoa (em muitos casos, mediante uma oferta monetária). Ao se apresentarem com tais sinais, afirmam que não podem ser tocados ou contrariados, sob pena de sofrerem as consequências da ira divina.
Em primeiro lugar, a própria Bíblia nos mostra que nem todo sinal e maravilha realizado na face da Terra vem de Deus. Se fosse assim, não teríamos alertas como os abaixo:
Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reencontro com ele, rogamos a vocês que não se deixem abalar nem alarmar tão facilmente, quer por profecia, quer por palavra, quer por carta supostamente vinda de nós, como se o dia do Senhor já tivesse chegado.Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele dia virá a apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição. ... A vinda desse perverso é segundo a ação de Satanás, com todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar. Por essa razão Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça. 2 Tessalonicenses 2:1-3, 9-12
Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão sinais e maravilhas para, se possível, enganar os eleitos. Marcos 13:22
Em segundo lugar, sabemos que muitos dos “sinais” que são apresentados nestas igrejas são, na verdade, pessoas compradas para aparentar uma doença mais grave do que a que possuem. Ouvi recentemente o caso de um casal cujo marido tomou raiva de igreja porque um obreiro de determinada comunidade, vendo que ele caminhava com dificuldade, ofereceu a ele um dinheiro em troca de se apresentar na igreja de cadeira de rodas para simular uma cura. Tal estratégia é mentirosa, e o pai da mentira nós sabemos muito bem quem é.
Por fim, precisamos notar que o poder manifestado nos tempos bíblicos tinha funções muito específicas: Moisés, para liderar o povo de Deus na fuga do Egito; os profetas, para corrigir os erros do povo idólatra de Israel e Judá; Jesus, para demonstrar que era o Messias, o Filho de Deus que haveria de vir; e os Doze, para comprovar que o Espírito Santo agora habitava conosco. E mais: Nem todos no NT foram curados ou receberam milagres financeiros. Paulo trabalhava para complementar sua renda, fazendo tendas, e tinha enfermidades (o famoso “espinho na carne” de 2 Coríntios 11, segundo alguns estudiosos). Quero ver alguém dizer que Paulo tinha “pecado escondido” ou “pouca fé” para contestar tais fatos.
Ou seja: Não podemos nos deixar levar por qualquer um que se diz milagreiro ou que possui uma "porção dobrada do Espírito", ou uma unção mais forte. Eles efetivamente não significam que a pessoa possui as qualidades espirituais verdadeiras que concedem autoridade a um pastor.
Na próxima oportunidade, falaremos do último falso sinal de autoridade que podemos encontrar: A experiência. Até lá.
Em primeiro lugar, a própria Bíblia nos mostra que nem todo sinal e maravilha realizado na face da Terra vem de Deus. Se fosse assim, não teríamos alertas como os abaixo:
Irmãos, quanto à vinda de nosso Senhor Jesus Cristo e à nossa reencontro com ele, rogamos a vocês que não se deixem abalar nem alarmar tão facilmente, quer por profecia, quer por palavra, quer por carta supostamente vinda de nós, como se o dia do Senhor já tivesse chegado.Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele dia virá a apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição. ... A vinda desse perverso é segundo a ação de Satanás, com todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar. Por essa razão Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça. 2 Tessalonicenses 2:1-3, 9-12
Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão sinais e maravilhas para, se possível, enganar os eleitos. Marcos 13:22
Em segundo lugar, sabemos que muitos dos “sinais” que são apresentados nestas igrejas são, na verdade, pessoas compradas para aparentar uma doença mais grave do que a que possuem. Ouvi recentemente o caso de um casal cujo marido tomou raiva de igreja porque um obreiro de determinada comunidade, vendo que ele caminhava com dificuldade, ofereceu a ele um dinheiro em troca de se apresentar na igreja de cadeira de rodas para simular uma cura. Tal estratégia é mentirosa, e o pai da mentira nós sabemos muito bem quem é.
Por fim, precisamos notar que o poder manifestado nos tempos bíblicos tinha funções muito específicas: Moisés, para liderar o povo de Deus na fuga do Egito; os profetas, para corrigir os erros do povo idólatra de Israel e Judá; Jesus, para demonstrar que era o Messias, o Filho de Deus que haveria de vir; e os Doze, para comprovar que o Espírito Santo agora habitava conosco. E mais: Nem todos no NT foram curados ou receberam milagres financeiros. Paulo trabalhava para complementar sua renda, fazendo tendas, e tinha enfermidades (o famoso “espinho na carne” de 2 Coríntios 11, segundo alguns estudiosos). Quero ver alguém dizer que Paulo tinha “pecado escondido” ou “pouca fé” para contestar tais fatos.
Ou seja: Não podemos nos deixar levar por qualquer um que se diz milagreiro ou que possui uma "porção dobrada do Espírito", ou uma unção mais forte. Eles efetivamente não significam que a pessoa possui as qualidades espirituais verdadeiras que concedem autoridade a um pastor.
Na próxima oportunidade, falaremos do último falso sinal de autoridade que podemos encontrar: A experiência. Até lá.
Autoridade Pastoral – As falsas fontes – Estatísticas
Muitas pessoas entendem que os números demonstram o sucesso de um pastor, sua qualidade espiritual, e por isso devem gerar obediência a ele. Tal visão é alimentada por muitos pastores, que gostam de afirmar seus ministérios a partir de números grandiosos, que quantificam a qualidade de seu trabalho. Ao usarem estas afirmações, conseguem convencer a igreja de que eles sabem o que estão fazendo, permitindo que a igreja se entregue nas suas mãos.
Nas minhas andanças, já ouvi alguns parâmetros sendo utilizados por pastores que desejam afirmar seus ministérios e suas ideias. Os principais foram:
1. Aumento de membresia
2. Aumento de receita de ofertas
3. Grande número de materiais promocionais vendidos (livros, CDs, DVDs)
Quando observamos estes parâmetros, percebemos a sua falsidade por conta da quantidade de pessoas com doutrinas espúrias, intenções maliciosas e comportamentos aviltantes ao evangelho que demonstram sucesso nestas categorias.
Igreja grande, por exemplo, não é sinônimo de igreja saudável. Temos inúmeros exemplos disso no meio evangélico hoje. É muito fácil encher igreja: Basta uma “teologia da vitória”, da bênção, da prosperidade, para que as galerias abarrotem. Por isso as comunidades com mais fiéis hoje são as que professam a Teologia da Prosperidade, que sabemos ser espúria e antibíblica nos padrões pregados hoje.
Aumentar a receita de ofertas também é fácil, em um ambiente em que a pessoa é levada a crer que “é dando que se recebe”, ou seja, você só pode receber as bênçãos de Deus em sua vida se ofertar na igreja. Apelando para a ganância do ser humano, que deseja alcançar padrões de vida irreais apresentados pela mídia, muitos pastores vendem um evangelho barato, conseguindo assim grandes façanhas de arrecadação. E aí vale tudo, até falar pro povo vender seus carros para doá-los à igreja, para a obra missionária, para o ministério do fulano de tal, etc. Se a resposta da oferta for o aumento da receita da pessoa, a oferta será rapidamente concedida.
A venda de materiais promocionais também não pode ser considerada um fator de que o ministro possui uma qualidade ministerial que indique que ele sabe mais das coisas e, por conseguinte, gere obediência absoluta. Sabemos que o povo lê e ouve aquilo que lhe agrada. Se o material for de estilo semelhante ao acima, se a pessoa for instada a abençoar o obreiro, em troca de ser futuramente abençoado, os números de vendas de seus produtos será enorme. Além disso, muita gente escreveu e vendeu muitos livros que possuem das piores heresias. Isso nos mostra que é preciso extremo cuidado com tal argumento.
- Mas pastor, o Pr. Fulano me disse que fez a igreja quadruplicar de tamanho em 10 anos, quintuplicar a receita em 5 anos e já vendeu 15 mil livros. Ele deve saber o que faz, não?
Não necessariamente, prezado leitor. Se estes parâmetros fossem sinônimo de qualidade espiritual, teríamos que aceitar que Valdemiro Santiago (igreja de 150 mil membros em Campinas), Edir Macedo (construindo uma cópia do Templo de Salomão por 200 milhões de reais em São Paulo) e Paulo Coelho (com centenas de milhões de livros vendidos no mercado) seriam fontes plausíveis de autoridade. O que nos faz criticar os três? Exatamente isso que você pensou, e que iremos tratar mais à frente, quando falarmos sobre as verdadeiras fontes da autoridade pastoral. Mas ainda trabalharemos mais dois tópicos até lá: Experiência e Poder. A gente se vê.
Nas minhas andanças, já ouvi alguns parâmetros sendo utilizados por pastores que desejam afirmar seus ministérios e suas ideias. Os principais foram:
1. Aumento de membresia
2. Aumento de receita de ofertas
3. Grande número de materiais promocionais vendidos (livros, CDs, DVDs)
Quando observamos estes parâmetros, percebemos a sua falsidade por conta da quantidade de pessoas com doutrinas espúrias, intenções maliciosas e comportamentos aviltantes ao evangelho que demonstram sucesso nestas categorias.
Igreja grande, por exemplo, não é sinônimo de igreja saudável. Temos inúmeros exemplos disso no meio evangélico hoje. É muito fácil encher igreja: Basta uma “teologia da vitória”, da bênção, da prosperidade, para que as galerias abarrotem. Por isso as comunidades com mais fiéis hoje são as que professam a Teologia da Prosperidade, que sabemos ser espúria e antibíblica nos padrões pregados hoje.
Aumentar a receita de ofertas também é fácil, em um ambiente em que a pessoa é levada a crer que “é dando que se recebe”, ou seja, você só pode receber as bênçãos de Deus em sua vida se ofertar na igreja. Apelando para a ganância do ser humano, que deseja alcançar padrões de vida irreais apresentados pela mídia, muitos pastores vendem um evangelho barato, conseguindo assim grandes façanhas de arrecadação. E aí vale tudo, até falar pro povo vender seus carros para doá-los à igreja, para a obra missionária, para o ministério do fulano de tal, etc. Se a resposta da oferta for o aumento da receita da pessoa, a oferta será rapidamente concedida.
A venda de materiais promocionais também não pode ser considerada um fator de que o ministro possui uma qualidade ministerial que indique que ele sabe mais das coisas e, por conseguinte, gere obediência absoluta. Sabemos que o povo lê e ouve aquilo que lhe agrada. Se o material for de estilo semelhante ao acima, se a pessoa for instada a abençoar o obreiro, em troca de ser futuramente abençoado, os números de vendas de seus produtos será enorme. Além disso, muita gente escreveu e vendeu muitos livros que possuem das piores heresias. Isso nos mostra que é preciso extremo cuidado com tal argumento.
- Mas pastor, o Pr. Fulano me disse que fez a igreja quadruplicar de tamanho em 10 anos, quintuplicar a receita em 5 anos e já vendeu 15 mil livros. Ele deve saber o que faz, não?
Não necessariamente, prezado leitor. Se estes parâmetros fossem sinônimo de qualidade espiritual, teríamos que aceitar que Valdemiro Santiago (igreja de 150 mil membros em Campinas), Edir Macedo (construindo uma cópia do Templo de Salomão por 200 milhões de reais em São Paulo) e Paulo Coelho (com centenas de milhões de livros vendidos no mercado) seriam fontes plausíveis de autoridade. O que nos faz criticar os três? Exatamente isso que você pensou, e que iremos tratar mais à frente, quando falarmos sobre as verdadeiras fontes da autoridade pastoral. Mas ainda trabalharemos mais dois tópicos até lá: Experiência e Poder. A gente se vê.
Autoridade Pastoral - As falsas fontes - Diplomas
Um corolário do estudo anterior, onde vimos inúmeros textos bíblicos que cristalinamente afirmam que o título de pastor (ou mestre, ou apóstolo) não é sinônimo de um obreiro aprovado, pois podem existir falsos, é o de que os diplomas ou cursos que um obreiro detêm não são fontes confiáveis de autoridade.
Existem inúmeros motivos para isso. Primeiro, sabemos que os seminários modernos possuem uma grande dificuldade em formar ministros do evangelho. Alguns formam "técnicos em teologia", abordando mais as questões abstratas da Teologia do que questões práticas e relevantes para nossos dias. Desta forma, descobrimos que muitos de nossos seminaristas se formam sem condição de pastorearem, vindo a sofrer revéses trágicos em seus ministérios.
Segundo, porque os diplomas são apenas uma comprovação de que o obreiro é uma pessoa estudiosa, que dedicou tempo e recursos para manter sua formação teológica continuada, mas que não necessariamente conseguiu aplicar tais conhecimentos na prática.
Terceiro, porque vemos na prática que muitos destes grandes catedráticos se escondem por trás de seus títulos para evitar a confrontação. Certa vez, um líder denominacional questionou o direito de um seminarista lhe dirigir a palavra após uma reunião na capela, desdenhando do conhecimento do rapaz. Sabido é que tal líder é um "doutor", então nota-se a falta de amor de tal pessoa com o jovem que iniciava sua caminhada teológica.
Quarto, porque a própria Bíblia nos mostra, através das palavras de Paulo, que afirmou aos Coríntios: "E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus." 1 Coríntios 2:4-5
- Mas pastor, você então está defendendo que um pastor não estude?!
É claro que não. O próprio texto bíblico de Tito 1 afirma tacitamente que um pastor deve ser um exímio ministro da sã doutrina. O que defendo é que apoiar-se no diploma XYZ para fazer com que as pessoas o obedeçam cegamente não é o caminho a ser seguido. Se fosse, deveríamos ter prestado mais atenção ao que o Papa Bento XVI pregou, pois ele possui 14 doutorados!
O texto de 1 Coríntios, somado aos expostos ontem, no texto sobre o Título de pastor, demonstra que a autoridade pastoral não se origina de um pedaço de papel. Este apenas demonstra que o pastor possui uma excelente qualidade: Uma pessoa estudiosa, que entende que precisa continuar se capacitando ministerialmente.
Amanhã, falaremos sobre a terceira fonte falsa da qual a autoridade pastoral emana. Até lá.
Existem inúmeros motivos para isso. Primeiro, sabemos que os seminários modernos possuem uma grande dificuldade em formar ministros do evangelho. Alguns formam "técnicos em teologia", abordando mais as questões abstratas da Teologia do que questões práticas e relevantes para nossos dias. Desta forma, descobrimos que muitos de nossos seminaristas se formam sem condição de pastorearem, vindo a sofrer revéses trágicos em seus ministérios.
Segundo, porque os diplomas são apenas uma comprovação de que o obreiro é uma pessoa estudiosa, que dedicou tempo e recursos para manter sua formação teológica continuada, mas que não necessariamente conseguiu aplicar tais conhecimentos na prática.
Terceiro, porque vemos na prática que muitos destes grandes catedráticos se escondem por trás de seus títulos para evitar a confrontação. Certa vez, um líder denominacional questionou o direito de um seminarista lhe dirigir a palavra após uma reunião na capela, desdenhando do conhecimento do rapaz. Sabido é que tal líder é um "doutor", então nota-se a falta de amor de tal pessoa com o jovem que iniciava sua caminhada teológica.
Quarto, porque a própria Bíblia nos mostra, através das palavras de Paulo, que afirmou aos Coríntios: "E a minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder; Para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus." 1 Coríntios 2:4-5
- Mas pastor, você então está defendendo que um pastor não estude?!
É claro que não. O próprio texto bíblico de Tito 1 afirma tacitamente que um pastor deve ser um exímio ministro da sã doutrina. O que defendo é que apoiar-se no diploma XYZ para fazer com que as pessoas o obedeçam cegamente não é o caminho a ser seguido. Se fosse, deveríamos ter prestado mais atenção ao que o Papa Bento XVI pregou, pois ele possui 14 doutorados!
O texto de 1 Coríntios, somado aos expostos ontem, no texto sobre o Título de pastor, demonstra que a autoridade pastoral não se origina de um pedaço de papel. Este apenas demonstra que o pastor possui uma excelente qualidade: Uma pessoa estudiosa, que entende que precisa continuar se capacitando ministerialmente.
Amanhã, falaremos sobre a terceira fonte falsa da qual a autoridade pastoral emana. Até lá.
Autoridade Pastoral - As falsas fontes - O título
Após analisarmos os textos específicos utilizados pelos defensores da Autoridade Pastoral irrestrita, vamos analisar as fontes de onde supostamente se originam a autoridade de um pastor, para buscarmos entender se estas fontes podem ser utilizadas para embasar uma obediência ao pastor ou não.
A primeira coisa que precisamos notar é que existem fontes utilizadas por pastores das mais diversas igrejas que eles entendem ser balizadoras de sua autoridade. No entanto, nem todas estas fontes são verdadeiras de acordo com a Palavra de Deus, e hoje iremos destrinchá-las uma a uma.
A primeira fonte que aparece é a do próprio título.
-Isso quer dizer que um pastor não pode se valer de seu título para ser obedecido?!
Pois é, é exatamente isso.
-Mas como?
Simples: A própria Palavra de Deus afirma que nem todos que se denominam pastores são pastores legítimos. Os textos abaixo servem para a figura pastoral neotestamentária, pois estes possuem a função de profeta, ao denunciar as mazelas do mundo, e mestre, ao explicar a sã doutrina:
"No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição". 2 Pedro 2:1
Um corolário importante é que nem todo aquele que aparece fazendo milagres por aí é necessariamente uma pessoa de Deus:
"Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão sinais e maravilhas para, se possível, enganar os eleitos". Marcos 13:22
Pessoas podem fingir que são obreiros de Deus? Claro que sim:
"Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros enganosos, fingindo-se apóstolos de Cristo". 2 Coríntios 11:13
E como eles fazem isso? Fingindo que são bondosos, vestindo uma capa de santidade para ocultar suas intenções verdadeiras:
"Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores". Mateus 7:15
Bom, neste caso, o que o crente deve fazer? Deixar a igreja, como disse determinado pastor em recente mensagem, que falou para não tocar no pastor, mesmo se ele for um comprovado ladrão, porque se tocar no ungido pode dar morte?
"Não aceite acusação contra um presbítero, se não for apoiada por duas ou três testemunhas. Os que pecarem deverão ser repreendidos em público, para que os demais também temam." 1 Timóteo 5:19-20
"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo". 1 João 4:1
Ou seja, fica claro, ao estudarmos a Palavra de Deus, que um pastor pode SIM ser um falso pastor e que há parâmetros que ele deve seguir, para ser obedecido nos padrões de Hebreus 13.17 (texto dissecado ontem). São textos bastante contundentes, que não demandam grande interpretação para entender. Afinal, se título fosse sinônimo de unção, teríamos que aceitar tudo o que os Macedos, os RR Soares e os demais mercadores da fé modernos pregam, indiscriminadamente.
Na próxima oportunidade, veremos outra fonte na qual a autoridade pastoral não deve ser baseada. Até lá.
PS.: Mas só tem falso pastor na igreja? Claro que não, tem falso irmão também, e estes muitas vezes trabalham para derrubar o pastor. Mas esta questão trabalharemos mais à frente.
A primeira coisa que precisamos notar é que existem fontes utilizadas por pastores das mais diversas igrejas que eles entendem ser balizadoras de sua autoridade. No entanto, nem todas estas fontes são verdadeiras de acordo com a Palavra de Deus, e hoje iremos destrinchá-las uma a uma.
A primeira fonte que aparece é a do próprio título.
-Isso quer dizer que um pastor não pode se valer de seu título para ser obedecido?!
Pois é, é exatamente isso.
-Mas como?
Simples: A própria Palavra de Deus afirma que nem todos que se denominam pastores são pastores legítimos. Os textos abaixo servem para a figura pastoral neotestamentária, pois estes possuem a função de profeta, ao denunciar as mazelas do mundo, e mestre, ao explicar a sã doutrina:
"No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição". 2 Pedro 2:1
Um corolário importante é que nem todo aquele que aparece fazendo milagres por aí é necessariamente uma pessoa de Deus:
"Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão sinais e maravilhas para, se possível, enganar os eleitos". Marcos 13:22
Pessoas podem fingir que são obreiros de Deus? Claro que sim:
"Pois tais homens são falsos apóstolos, obreiros enganosos, fingindo-se apóstolos de Cristo". 2 Coríntios 11:13
E como eles fazem isso? Fingindo que são bondosos, vestindo uma capa de santidade para ocultar suas intenções verdadeiras:
"Cuidado com os falsos profetas. Eles vêm a vocês vestidos de peles de ovelhas, mas por dentro são lobos devoradores". Mateus 7:15
Bom, neste caso, o que o crente deve fazer? Deixar a igreja, como disse determinado pastor em recente mensagem, que falou para não tocar no pastor, mesmo se ele for um comprovado ladrão, porque se tocar no ungido pode dar morte?
"Não aceite acusação contra um presbítero, se não for apoiada por duas ou três testemunhas. Os que pecarem deverão ser repreendidos em público, para que os demais também temam." 1 Timóteo 5:19-20
"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo". 1 João 4:1
Ou seja, fica claro, ao estudarmos a Palavra de Deus, que um pastor pode SIM ser um falso pastor e que há parâmetros que ele deve seguir, para ser obedecido nos padrões de Hebreus 13.17 (texto dissecado ontem). São textos bastante contundentes, que não demandam grande interpretação para entender. Afinal, se título fosse sinônimo de unção, teríamos que aceitar tudo o que os Macedos, os RR Soares e os demais mercadores da fé modernos pregam, indiscriminadamente.
Na próxima oportunidade, veremos outra fonte na qual a autoridade pastoral não deve ser baseada. Até lá.
PS.: Mas só tem falso pastor na igreja? Claro que não, tem falso irmão também, e estes muitas vezes trabalham para derrubar o pastor. Mas esta questão trabalharemos mais à frente.
Autoridade pastoral - As questões bíblicas - "Obedecei a vossos pastores"
Esse é um dos textos mais usados por pessoas defensoras da autoridade pastoral irrestrita em nossas igrejas. É um texto que afirma tacitamente que as ovelhas devem obedecer a seus pastores. A sua leitura isolada é encampada por muitos colegas ou ovelhas defensoras do status quo para impedir que qualquer voz dissonante seja levantada na comunidade. Contudo, quando percebemos o contexto do texto, compreendemos que esta obediência tem limitações.
Para começar, vamos expor o texto bíblico como se apresenta:
Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas. Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria e não um peso, pois isso não seria proveitoso para vocês.
Hebreus 13:17 NVI
Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.
Hebreus 13:17 ACF
Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros. Hebreus 13.17 ARA
Obedecei aos que vos governam e sede-lhes sujeitos, pois eles velam pelas vossas almas como os que têm de dar contas. Obedecei-lhes para que isto façam com alegria e não gemendo, pois isto é uma coisa sem proveito para vós.
Hebreus 13:17 SBB
Sede submissos e obedecei aos que vos guiam {pois eles velam por vossas almas e delas devem dar conta}. Assim, eles o farão com alegria, e não a gemer, que isto vos seria funesto.
Hebreus 13:17 Bíblia Católica
Obedeçam aos seus líderes e sigam as suas ordens, pois eles cuidam sempre das necessidades espirituais de vocês porque sabem que vão prestar contas disso a Deus. Se vocês obedecerem, eles farão o trabalho com alegria; mas, se vocês não obedecerem, eles trabalharão com tristeza, e isso não ajudará vocês em nada. Hebreus 13.17 NTLH
A primeira coisa que salta aos olhos é que, enquanto algumas versões falam diretamente de pastores, outras falam em líderes e outras mais em guias. A única versão que traduz o texto como "pastores" é a Almeida Corrigida Fiel, que não é das melhores traduções da Bíblia.
Tendo isso em vista, precisamos investigar no original para entender qual o termo utilizado ali. Quando vamos ao texto, descobrimos que o termo no original é "hegeomais", que significa... líderes! É claro, há um contexto na tradução da ACF: O termo, no grego, fala de pessoas que vão à frente, lideram o grupo, e que possuem um posto, uma posição de governo de autoridade. Contudo, o fato é que o termo, literalmente, não se apresenta como "pastores", e sim em "líderes".
Pensando nisso, precisamos pensar: Será que estamos restringindo demais o termo, será que não precisamos expandí-lo? O restante do versículo aparenta que não, pois fala de pessoas que prestarão contas a Deus das almas de seus liderados. Então, poderíamos, sim, restringir o termo "líderes" a "líderes espirituais", e especificamente pessoas com cargos designados para irem à frente dos leitores (os hebreus, no caso).
Então, o sentido do texto é esse? Devemos obedecer indiscriminadamente? A questão é que o foco do texto não está exatamente na obediência, mas sim no relacionamento líder-liderado. O contexto do capítulo é norteado pelo versículo 1 do cap. 13 de Hebreus, que diz simplesmente "Seja constante o amor fraternal" (Hebreus 13.1 NVI). Com base nesse texto, o autor relaciona diversos tipos de relacionamentos que precisam ser cultivados: hospitalidade com estrangeiros, cuidado com presos, casamentos, humildade material, o relacionamento com os líderes, relacionamento com Jesus espiritualmente - sem ritualismo, e o relacionamento com o próprio autor da carta. Fica transparente que o autor deseja que os irmãos lidem uns com os outros com carinho e amor, lembrando nas entrelinhas do amor ao próximo como um dos dois mandamentos nos quais a Lei se resume.
Mas tem mais um detalhe: O v. 17 não é o único que fala de liderança no capítulo. O v. 7 fala que devemos nos lembrar de nossos líderes, que nos falaram a Palavra de Deus, observando bem o resultado da vida que tiveram e imitando a sua fé. Ou seja, a liderança bíblica novamente aparece sendo embasada na exposição e aplicação da Palavra de Deus nas suas vidas, observando o seu exemplo e frutos e somente, a partir daí, imitando a sua fé.
Neste sentido, quando observamos o v. 7 e a segunda parte do v. 17, compreendemos o sentido da primeira parte do v. 17: A obediência ao pastor não deve ser indiscriminada, mas deve acontecer com base em um padrão de conduta e comportamento. Se ele demonstrar ser um obreiro aprovado, então devemos, sim, nos submeter a sua autoridade como uma forma de demonstração de amor pela sua vida, pois ele é uma pessoa de entregou a sua vida a Deus para nos ajudar em nossas caminhadas cristãs. Esta submissão em amor ajuda-o a executar seu ministério com alegria e entusiasmo, em vez de choro e ranger de dentes.
Resumindo a questão: O texto de Hb. 13.17 não fala tacitamente sobre pastores, mas pode ser assim considerado pelo contexto filológico do termo. O contexto do capítulo apresenta um obreiro que precisa ter um parâmetro de conduta para ser obedecido. E a obediência, caso o obreiro seja aprovado, deve ser feito em amor, para facilitar o seu ministério e ajudá-lo a conduzir o rebanho entusiasticamente.
A partir da próxima, estaremos vendo alguns parâmetros que devem nortear o reconhecimento da autoridade de um pastor, e quais parâmetros não devem nortear este reconhecimento.
Para começar, vamos expor o texto bíblico como se apresenta:
Obedeçam aos seus líderes e submetam-se à autoridade deles. Eles cuidam de vocês como quem deve prestar contas. Obedeçam-lhes, para que o trabalho deles seja uma alegria e não um peso, pois isso não seria proveitoso para vocês.
Hebreus 13:17 NVI
Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas; para que o façam com alegria e não gemendo, porque isso não vos seria útil.
Hebreus 13:17 ACF
Obedecei aos vossos guias e sede submissos para com eles; pois velam por vossa alma, como quem deve prestar contas, para que façam isto com alegria e não gemendo; porque isto não aproveita a vós outros. Hebreus 13.17 ARA
Obedecei aos que vos governam e sede-lhes sujeitos, pois eles velam pelas vossas almas como os que têm de dar contas. Obedecei-lhes para que isto façam com alegria e não gemendo, pois isto é uma coisa sem proveito para vós.
Hebreus 13:17 SBB
Sede submissos e obedecei aos que vos guiam {pois eles velam por vossas almas e delas devem dar conta}. Assim, eles o farão com alegria, e não a gemer, que isto vos seria funesto.
Hebreus 13:17 Bíblia Católica
Obedeçam aos seus líderes e sigam as suas ordens, pois eles cuidam sempre das necessidades espirituais de vocês porque sabem que vão prestar contas disso a Deus. Se vocês obedecerem, eles farão o trabalho com alegria; mas, se vocês não obedecerem, eles trabalharão com tristeza, e isso não ajudará vocês em nada. Hebreus 13.17 NTLH
A primeira coisa que salta aos olhos é que, enquanto algumas versões falam diretamente de pastores, outras falam em líderes e outras mais em guias. A única versão que traduz o texto como "pastores" é a Almeida Corrigida Fiel, que não é das melhores traduções da Bíblia.
Tendo isso em vista, precisamos investigar no original para entender qual o termo utilizado ali. Quando vamos ao texto, descobrimos que o termo no original é "hegeomais", que significa... líderes! É claro, há um contexto na tradução da ACF: O termo, no grego, fala de pessoas que vão à frente, lideram o grupo, e que possuem um posto, uma posição de governo de autoridade. Contudo, o fato é que o termo, literalmente, não se apresenta como "pastores", e sim em "líderes".
Pensando nisso, precisamos pensar: Será que estamos restringindo demais o termo, será que não precisamos expandí-lo? O restante do versículo aparenta que não, pois fala de pessoas que prestarão contas a Deus das almas de seus liderados. Então, poderíamos, sim, restringir o termo "líderes" a "líderes espirituais", e especificamente pessoas com cargos designados para irem à frente dos leitores (os hebreus, no caso).
Então, o sentido do texto é esse? Devemos obedecer indiscriminadamente? A questão é que o foco do texto não está exatamente na obediência, mas sim no relacionamento líder-liderado. O contexto do capítulo é norteado pelo versículo 1 do cap. 13 de Hebreus, que diz simplesmente "Seja constante o amor fraternal" (Hebreus 13.1 NVI). Com base nesse texto, o autor relaciona diversos tipos de relacionamentos que precisam ser cultivados: hospitalidade com estrangeiros, cuidado com presos, casamentos, humildade material, o relacionamento com os líderes, relacionamento com Jesus espiritualmente - sem ritualismo, e o relacionamento com o próprio autor da carta. Fica transparente que o autor deseja que os irmãos lidem uns com os outros com carinho e amor, lembrando nas entrelinhas do amor ao próximo como um dos dois mandamentos nos quais a Lei se resume.
Mas tem mais um detalhe: O v. 17 não é o único que fala de liderança no capítulo. O v. 7 fala que devemos nos lembrar de nossos líderes, que nos falaram a Palavra de Deus, observando bem o resultado da vida que tiveram e imitando a sua fé. Ou seja, a liderança bíblica novamente aparece sendo embasada na exposição e aplicação da Palavra de Deus nas suas vidas, observando o seu exemplo e frutos e somente, a partir daí, imitando a sua fé.
Neste sentido, quando observamos o v. 7 e a segunda parte do v. 17, compreendemos o sentido da primeira parte do v. 17: A obediência ao pastor não deve ser indiscriminada, mas deve acontecer com base em um padrão de conduta e comportamento. Se ele demonstrar ser um obreiro aprovado, então devemos, sim, nos submeter a sua autoridade como uma forma de demonstração de amor pela sua vida, pois ele é uma pessoa de entregou a sua vida a Deus para nos ajudar em nossas caminhadas cristãs. Esta submissão em amor ajuda-o a executar seu ministério com alegria e entusiasmo, em vez de choro e ranger de dentes.
Resumindo a questão: O texto de Hb. 13.17 não fala tacitamente sobre pastores, mas pode ser assim considerado pelo contexto filológico do termo. O contexto do capítulo apresenta um obreiro que precisa ter um parâmetro de conduta para ser obedecido. E a obediência, caso o obreiro seja aprovado, deve ser feito em amor, para facilitar o seu ministério e ajudá-lo a conduzir o rebanho entusiasticamente.
A partir da próxima, estaremos vendo alguns parâmetros que devem nortear o reconhecimento da autoridade de um pastor, e quais parâmetros não devem nortear este reconhecimento.
Autoridade Pastoral - As questões bíblicas - A autoridade de Romanos 13
Como vimos anteriormente, os pastores e líderes que defendem que a autoridade no ambiente eclesiástico não pode ser questionada se utiliza de muitos textos para defender seus pontos de vista. Vimos anteriormente que a figura veterotestamentária do Ungido do Senhor não se aplica ao pastor moderno, pois no NT ela se aplica apenas a Jesus, que reuniu em si as funções de sumo sacerdote, profeta e Rei dos Reis. Não há, no NT, aplicação desta figura à figura pastoral.
Continuando na análise dos argumentos, entramos na questão do texto de Romanos 3, que afirma textualmente que devemos obedecer às autoridades constituídas, pois foram assim colocadas por Deus e quem vai contra elas vai contra o que Deus instituiu.
Há alguns problemas com a interpretação de Romanos 13 com relação à figura pastoral. O primeiro, eclesiológico, tem a ver com o sistema de governo batista, que afirma que a Assembleia é soberana. Se a autoridade de uma igreja batista vem da Assembleia, quem se coloca contra sua decisão majoritária estaria indo contra a autoridade constituída por Deus, incluindo o pastor.
O segundo problema é hermenêutico: O texto não fala de qualquer autoridade, e sim de autoridades governamentais. Isso se demonstra nos vs. 6 e 7, que falam sobre pagamentos de impostos e tributos. Desta forma, o contexto que se apresenta restringe a aplicação do capítulo ao relacionamento entre o cristão e a autoridade civil.
O terceiro problema é histórico-social: O texto não se aplica em todas as situações, pois ele não pode ser usado para defender uma autoridade que se coloca em flagrante oposição à vontade de Deus. Pedro, em Atos 5.29, desafia as autoridades eclesiásticas que queriam impedir a pregação de que Jesus era o Messias esperado.
O último problema é histórico: O texto bíblico não foi escrito em um contexto de perseguição, e sim de paz. O sentido do texto é que Paulo aconselha os cristãos romanos a serem exemplo de conduta para não incitarem a ira da autoridade civil e desatar uma perseguição. Porém, em contextos de perseguição ou libertinagem, onde a comunidade tenta impor valores alheios à Bíblia sobre os cristãos, a Bíblia insta as pessoas a resistirem a isso e seguirem um padrão de conduta diferenciado, conforme Gl. 5.17-23, 1 Co. 5 e 11, Dn. 1 e 3, dentre outros textos.
Em suma, a questão da autoridade pastoral não pode ser diretamente associada ao texto de Romanos 13 sem que se estude o seu contexto, sob pena de distorções que causem problemas no seio da igreja.
Continuando na análise dos argumentos, entramos na questão do texto de Romanos 3, que afirma textualmente que devemos obedecer às autoridades constituídas, pois foram assim colocadas por Deus e quem vai contra elas vai contra o que Deus instituiu.
Há alguns problemas com a interpretação de Romanos 13 com relação à figura pastoral. O primeiro, eclesiológico, tem a ver com o sistema de governo batista, que afirma que a Assembleia é soberana. Se a autoridade de uma igreja batista vem da Assembleia, quem se coloca contra sua decisão majoritária estaria indo contra a autoridade constituída por Deus, incluindo o pastor.
O segundo problema é hermenêutico: O texto não fala de qualquer autoridade, e sim de autoridades governamentais. Isso se demonstra nos vs. 6 e 7, que falam sobre pagamentos de impostos e tributos. Desta forma, o contexto que se apresenta restringe a aplicação do capítulo ao relacionamento entre o cristão e a autoridade civil.
O terceiro problema é histórico-social: O texto não se aplica em todas as situações, pois ele não pode ser usado para defender uma autoridade que se coloca em flagrante oposição à vontade de Deus. Pedro, em Atos 5.29, desafia as autoridades eclesiásticas que queriam impedir a pregação de que Jesus era o Messias esperado.
O último problema é histórico: O texto bíblico não foi escrito em um contexto de perseguição, e sim de paz. O sentido do texto é que Paulo aconselha os cristãos romanos a serem exemplo de conduta para não incitarem a ira da autoridade civil e desatar uma perseguição. Porém, em contextos de perseguição ou libertinagem, onde a comunidade tenta impor valores alheios à Bíblia sobre os cristãos, a Bíblia insta as pessoas a resistirem a isso e seguirem um padrão de conduta diferenciado, conforme Gl. 5.17-23, 1 Co. 5 e 11, Dn. 1 e 3, dentre outros textos.
Em suma, a questão da autoridade pastoral não pode ser diretamente associada ao texto de Romanos 13 sem que se estude o seu contexto, sob pena de distorções que causem problemas no seio da igreja.
Autoridade Pastoral - As questões bíblicas - O Ungido do Senhor
Após avaliarmos a questão jurídica dos argumentos, vamos avaliar agora as questões bíblicas apresentadas nos argumentos apresentados por defensores da ideia de que a autoridade pastoral é inquestionável e ele deve ser obedecido em qualquer circunstância.
Primeiramente, vamos avaliar a questão da equiparação da figura pastoral com afigura do Ungido do Senhor. Muitos se utilizam da figura veterotestamentária do Ungido do Senhor para aplicar o relacionamento de Davi em relação a Saul com relação à pessoa do pastor (O livro "Perfil de três reis" trabalha isso nas entrelinhas).
Para compreendermos a questão do Ungido do Senhor, basta fazermos uma breve pesquisa no AT e no NT para entendermos a que figuras elas se aplicam. No AT, a figura dos Ungidos é relacionada a reis (em especial Saul, nas palavras de Davi), sacerdotes e profetas. Porém, no NT, apenas Jesus Cristo é apresentado como Ungido do Senhor. Desta forma, não há como associar a figura pastoral à figura do Ungido do Senhor.
Se a figura do Ungido do Senhor não pode ser explicitamente aplicada ao pastor neotestamentário na Bíblia (a figura do pastor veterotestamentário é aplicada aos reis), compreendemos então que nenhuma das falas apresentadas em 1 Samuel de Saul em relação a Davi são aplicáveis à relação entre o pastor e a membresia.
A questão da rebelião como pecado de feitiçaria
Intimamente relacionada com a questão do Ungido do Senhor, muitos relacionam a condenação de 1 Samuel 15 com a discordância em relação a qualquer coisa que o pastor da igreja fale. Ou seja, se você discordar do pastor, estará em estado de rebelião, e a rebelião é como pecado de feitiçaria.
Bom, vamos dividir a questão em duas. Primeiro, lembramos que a figura do Ungido do Senhor não encontra paralelo neotestamentário com a figura pastoral. Logo, a condenação do texto não se aplica a uma oposição ao discurso pastoral.
Em segundo lugar, cabe notar que o texto não condena Saul por ter se rebelado contra Samuel, mas sim contra a Palavra de Deus, contra a ordem direta dada por Deus, através de seu profeta, para o rei. Nos dias de hoje, consideramos que a profecia como revelação da Palavra de Deus está completamente registrada na Bíblia. Desta forma, o pastor deve seguir sua conduta mediante as orientações bíblicas. É por isso que Paulo estressa tanto, em Tito 1, que o pastor deve saber manejar a Palavra e pregar a sã doutrina.
Logo, a rebelião como pecado de feitiçaria é ignorar os ensinamentos bíblicos em sua essência, dizer que não são válidos para nós como regras de fé e prática. Se o pastor da igreja afirma algo que é contrário à Palavra de Deus ou não encontra suporte nela, ou mesmo age de forma que não condiz com a conduta bíblica, ele pode ser exortado SIM, conforme 1 Timóteo 5.19-20.
Primeiramente, vamos avaliar a questão da equiparação da figura pastoral com afigura do Ungido do Senhor. Muitos se utilizam da figura veterotestamentária do Ungido do Senhor para aplicar o relacionamento de Davi em relação a Saul com relação à pessoa do pastor (O livro "Perfil de três reis" trabalha isso nas entrelinhas).
Para compreendermos a questão do Ungido do Senhor, basta fazermos uma breve pesquisa no AT e no NT para entendermos a que figuras elas se aplicam. No AT, a figura dos Ungidos é relacionada a reis (em especial Saul, nas palavras de Davi), sacerdotes e profetas. Porém, no NT, apenas Jesus Cristo é apresentado como Ungido do Senhor. Desta forma, não há como associar a figura pastoral à figura do Ungido do Senhor.
Se a figura do Ungido do Senhor não pode ser explicitamente aplicada ao pastor neotestamentário na Bíblia (a figura do pastor veterotestamentário é aplicada aos reis), compreendemos então que nenhuma das falas apresentadas em 1 Samuel de Saul em relação a Davi são aplicáveis à relação entre o pastor e a membresia.
A questão da rebelião como pecado de feitiçaria
Intimamente relacionada com a questão do Ungido do Senhor, muitos relacionam a condenação de 1 Samuel 15 com a discordância em relação a qualquer coisa que o pastor da igreja fale. Ou seja, se você discordar do pastor, estará em estado de rebelião, e a rebelião é como pecado de feitiçaria.
Bom, vamos dividir a questão em duas. Primeiro, lembramos que a figura do Ungido do Senhor não encontra paralelo neotestamentário com a figura pastoral. Logo, a condenação do texto não se aplica a uma oposição ao discurso pastoral.
Em segundo lugar, cabe notar que o texto não condena Saul por ter se rebelado contra Samuel, mas sim contra a Palavra de Deus, contra a ordem direta dada por Deus, através de seu profeta, para o rei. Nos dias de hoje, consideramos que a profecia como revelação da Palavra de Deus está completamente registrada na Bíblia. Desta forma, o pastor deve seguir sua conduta mediante as orientações bíblicas. É por isso que Paulo estressa tanto, em Tito 1, que o pastor deve saber manejar a Palavra e pregar a sã doutrina.
Logo, a rebelião como pecado de feitiçaria é ignorar os ensinamentos bíblicos em sua essência, dizer que não são válidos para nós como regras de fé e prática. Se o pastor da igreja afirma algo que é contrário à Palavra de Deus ou não encontra suporte nela, ou mesmo age de forma que não condiz com a conduta bíblica, ele pode ser exortado SIM, conforme 1 Timóteo 5.19-20.
Autoridade Pastoral - A questão jurídica
Para tentarmos desatar o nó da autoridade pastoral, precisamos compreender primeiro as afirmações levantadas pelos líderes eclesiásticos contemporâneos e entendê-las.
Em primeiro lugar, vamos à questão jurídica, levantada por quem questiona que deve ter o direito de decidir as coisas sem passar por assembleia por haver questões que apenas ele responde.
A eclesiologia batista afirma, em sua Declaração Doutrinária, que "as igrejas neotestamentárias são autônomas, têm governo democrático, praticam a disciplina e se regem em todas as questões espirituais e doutrinárias exclusivamente pelas palavras de Deus, sob a orientação do Espírito Santo". Considerando que as igrejas batistas, em geral, possuem um artigo em seus estatutos que obriga a igreja a seguir a Declaração Doutrinária da CBB, isso já seria suficiente para os pastores não seguirem tal linha.
Contudo, sabemos que algumas decisões de assembleias podem ser absurdas, como a decisão de uma igreja de não pagar suas contas para enviar o dinheiro para missões. Neste caso, deve haver a devida orientação à igreja por uma assessoria jurídica independente e capacitada. Em igrejas grandes, assessoria jurídica é essencial para a condução da organização. Já em igrejas menores, uma assessoria externa dá conta do recado.
O importante, aqui, é notar que igreja e pastor devem andar juntos na condução da igreja. "Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há segurança.", diz Pv. 11.14. Grandes especialistas em liderança notam que qualquer visão ou decisão deve ser compartilhada, dialogada, para se construir uma visão conjunta. Se necessário alterar a visão inicial, que seja.
Em primeiro lugar, vamos à questão jurídica, levantada por quem questiona que deve ter o direito de decidir as coisas sem passar por assembleia por haver questões que apenas ele responde.
A eclesiologia batista afirma, em sua Declaração Doutrinária, que "as igrejas neotestamentárias são autônomas, têm governo democrático, praticam a disciplina e se regem em todas as questões espirituais e doutrinárias exclusivamente pelas palavras de Deus, sob a orientação do Espírito Santo". Considerando que as igrejas batistas, em geral, possuem um artigo em seus estatutos que obriga a igreja a seguir a Declaração Doutrinária da CBB, isso já seria suficiente para os pastores não seguirem tal linha.
Contudo, sabemos que algumas decisões de assembleias podem ser absurdas, como a decisão de uma igreja de não pagar suas contas para enviar o dinheiro para missões. Neste caso, deve haver a devida orientação à igreja por uma assessoria jurídica independente e capacitada. Em igrejas grandes, assessoria jurídica é essencial para a condução da organização. Já em igrejas menores, uma assessoria externa dá conta do recado.
O importante, aqui, é notar que igreja e pastor devem andar juntos na condução da igreja. "Não havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há segurança.", diz Pv. 11.14. Grandes especialistas em liderança notam que qualquer visão ou decisão deve ser compartilhada, dialogada, para se construir uma visão conjunta. Se necessário alterar a visão inicial, que seja.
Autoridade Pastoral - Panorama atual
Nos dias de hoje, não é difícil encontrar pessoas machucadas deixando igrejas evangélicas em geral por conflitos com a liderança e, em especial, com o pastor da igreja. São situações em que, muitas vezes, o pastor decidiu impor sobre a ovelha a sua autoridade em questões diversas, buscando prevalecer a sua vontade em detrimento do pensamento do membro da comunidade.
Existem inúmeros argumentos utilizados por tais pastores para fazerem valer sua vontade. Vejamos abaixo alguns deles:
1. O pastor é o "ungido do Senhor" e não pode ser questionado, tocado ou perseguido: Este argumento utiliza-se da figura veterotestamentária aplicada aos reis de Israel (mais especificamente a Saul), aos profetas e sacerdotes para impedir que haja qualquer tipo de oposição à liderança pastoral. Em geral, tais pessoas usam a postura de Davi em relação a Saul como exemplo de conduta em nossas igrejas. Esta visão é defendida em obras como "Perfil de três reis", de Gene Edwards.
2. O pastor é o presidente da igreja. Como tal, responde civilmente perante a sociedade. Logo, deve ter liberdade para tomar suas decisões: Este argumento é utilizado em algumas igrejas onde o pastor deseja ter mais liberdade de conduta e agilidade de decisão. Argumentam estes colegas que não podem aceitar que a assembleia tomem determinadas decisões porque elas podem ser ilegais ou ir contra a sua consciência, portanto eles precisam desta liberdade de ação.
3. O pastor deve ser obedecido por ser a autoridade instituída por Deus para a igreja: Este argumento é utilizado com base no texto de Romanos 13 para justificar que um pastor deve ser obedecido mesmo que tenha erros. O paralelo é com as autoridades civis romanas, ímpias, que Paulo dizia que os cristãos deviam obedecer.
4. O pastor deve ser obedecido porque assim a Bíblia manda: Hb. 13.17 é um texto bem interessante, pois é o texto que afirma diretamente que as pessoas devem obedecer a seus pastores, porque eles velam pelas almas das ovelhas. Muitos colegas se utilizam dele diretamente para que suas ordens sejam acatadas indiscriminadamente.
5. O pastor deve ser obedecido por ser a "cobertura espiritual" dos demais líderes e irmãos da igreja: Esta teologia, originada no movimento G12, afirma que os líderes formam, na pirâmide gerencial, coberturas sobre os seus liderados. O pastor (apóstolo, patriarca), como líder máximo, exerce cobertura espiritual sobre todos. Ir contra ele é um pecado mortal.
Estes são apenas alguns argumentos que vem sendo utilizados para que pastores possam subjugar suas comunidades, impedindo que elas possam expressar suas ansiedades e colaborem no direcionamento da congregação.
A pergunta que você pode estar fazendo é: E daí? É assim mesmo que devemos entender a questão, certo?
Errado! Como veremos a seguir, nenhum destes argumentos acima pode ser utilizado para justificar uma obediência cega ao pastor da igreja. São argumentos humanos, criados por indivíduos que não conseguem lidar com a oposição e criam mecanismos humanos para blindar seus ministérios de questionamentos.
Existem inúmeros argumentos utilizados por tais pastores para fazerem valer sua vontade. Vejamos abaixo alguns deles:
1. O pastor é o "ungido do Senhor" e não pode ser questionado, tocado ou perseguido: Este argumento utiliza-se da figura veterotestamentária aplicada aos reis de Israel (mais especificamente a Saul), aos profetas e sacerdotes para impedir que haja qualquer tipo de oposição à liderança pastoral. Em geral, tais pessoas usam a postura de Davi em relação a Saul como exemplo de conduta em nossas igrejas. Esta visão é defendida em obras como "Perfil de três reis", de Gene Edwards.
2. O pastor é o presidente da igreja. Como tal, responde civilmente perante a sociedade. Logo, deve ter liberdade para tomar suas decisões: Este argumento é utilizado em algumas igrejas onde o pastor deseja ter mais liberdade de conduta e agilidade de decisão. Argumentam estes colegas que não podem aceitar que a assembleia tomem determinadas decisões porque elas podem ser ilegais ou ir contra a sua consciência, portanto eles precisam desta liberdade de ação.
3. O pastor deve ser obedecido por ser a autoridade instituída por Deus para a igreja: Este argumento é utilizado com base no texto de Romanos 13 para justificar que um pastor deve ser obedecido mesmo que tenha erros. O paralelo é com as autoridades civis romanas, ímpias, que Paulo dizia que os cristãos deviam obedecer.
4. O pastor deve ser obedecido porque assim a Bíblia manda: Hb. 13.17 é um texto bem interessante, pois é o texto que afirma diretamente que as pessoas devem obedecer a seus pastores, porque eles velam pelas almas das ovelhas. Muitos colegas se utilizam dele diretamente para que suas ordens sejam acatadas indiscriminadamente.
5. O pastor deve ser obedecido por ser a "cobertura espiritual" dos demais líderes e irmãos da igreja: Esta teologia, originada no movimento G12, afirma que os líderes formam, na pirâmide gerencial, coberturas sobre os seus liderados. O pastor (apóstolo, patriarca), como líder máximo, exerce cobertura espiritual sobre todos. Ir contra ele é um pecado mortal.
Estes são apenas alguns argumentos que vem sendo utilizados para que pastores possam subjugar suas comunidades, impedindo que elas possam expressar suas ansiedades e colaborem no direcionamento da congregação.
A pergunta que você pode estar fazendo é: E daí? É assim mesmo que devemos entender a questão, certo?
Errado! Como veremos a seguir, nenhum destes argumentos acima pode ser utilizado para justificar uma obediência cega ao pastor da igreja. São argumentos humanos, criados por indivíduos que não conseguem lidar com a oposição e criam mecanismos humanos para blindar seus ministérios de questionamentos.
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
A Teologia dos Cristãos Alemães (Comunicação apresentada no Seminário do Sul em março de 2012)
Introdução: É difícil imaginar que, um dia, nazistas e cristãos tentaram andar lado a lado para atingir seus objetivos. Enquanto Hitler tentava cooptar a população alemã, mostrando-se como um devoto cristão, que ia à missa e tudo, vários teólogos e lideres da igreja protestante alemã tentavam adaptar sua religião à visão nacional-socialista do mundo.
O resultado desta tentativa de aproximação foi o surgimento de um grupo religioso chamado de “Movimento cristão-alemão”. Surgido originalmente nos anos 20, este grupo decidiu que precisava tornar o cristianismo mais palatável ao governo hitleriano. Para isso, perceberam que alguns parâmetros precisavam ser atingidos:
1. A nova religião precisava ser antijudaica.
2. A nova religião precisava valorizar o sangue alemão e a terra.
3. A nova religião precisava pregar valores de firmeza, não fraqueza.
Para alcançar estes objetivos, o Movimento Cristão-Alemão adotou algumas estratégias:
1. Pregou a distinção entre vida eclesiástica e vida civil, através de uma teologia chamada Teologia das Duas Esferas (um homem pode ter uma postura na igreja e outra na vida secular, adotando posições distintas, como um carrasco de campo de extermínio sendo diácono de igreja. É a Teologia do “estava cumprindo ordens” e usava Romanos 13.1-7 para justificar tal postura).
2. Buscou formas de desjudaizar o cristianismo: O MCA sabia que os nazistas criam que os judeus eram uma raça inferior que poluía o puro sangue alemão. Por isso, precisaram tirar todos os traços de judaísmo do cristianismo. Para isso, adotaram algumas posturas:
a. O AT foi desconsiderado como canônico.
b. O próprio Jesus foi “arianizado”, passando a ser enfatizado como Galileu, povo que seria ariano, segundo os nazistas, devido à conquista do Reino do Norte pelos assírios.
c. O NT foi limpo de termos judaicos, pois considerava-se que a mensagem ariana de Jesus teria sido pervertida, por Paulo ou pelos evangelistas judeus.
i. “Hosana” trocado por “Heil”.
ii. Rei de Israel trocado por Rei
3. Buscou ignorar doutrinas essenciais, para evitar “mitologias”: O MCA sabia que os nazistas tinham uma visão do mundo muito cética, por isso buscaram desconsiderar algumas doutrinas conhecidas do cristianismo, como a trindade (difícil demais de entender), o nascimento virginal de Cristo e a sua ressurreição. O conceito de pecado também era descartado (“João 1.47 – “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!” é alterado para “Tu és um verdadeiro homem de Deus em vossa nação”).
4. Criou publicações mais de acordo com os preceitos nazistas, como um novo NT (As genealogias de Mateus e Lucas, o hino de Maria, João Batista, o assassinato das crianças por Herodes e a fuga ao Egito, Zacarias e Ana, a história dos sábios do oriente, e o título de “rei dos judeus”, foram totalmente extirpados do texto), hinário (com cânticos exaltando a nobre cultura alemã) e catecismo (contrapondo Jesus ao judaísmo, numa luta entre ambos, levando ao triunfo de Jesus na cruz, com direito a mandamentos de manter o sangue puro e honrar o führer e mestre, mas sem menção a morte, roubo ou observação do sábado).
5. Quebrou dogmas como o sacramento do batismo, ignorando sua possibilidade de salvar um judeu (pois elas não podiam apagar o sangue judeu que corria em suas veias).
Má utilização da comunicação para divulgação de ideologias (aula ministrada no Seminário do Sul em 22/08/2012 - Missão e Comunicação)
Agenda:
1. Definição do Aurélio de Moral e Ética.
2. Falar sobre como a comunicação/propaganda/marketing são vitais para a mudança da conduta da população.
3. Comentar sobre meios de comunicação usados para propagação de idéias e heresias de grupos religiosos sectários, como:
a. Adventistas do Sétimo Dia
b. Testemunhas de Jeová
c. Mormonismo
d. Cristãos Alemães
e. Igrejas adeptas da Teologia da Prosperidade
1. Definição do Aurélio de Moral e Ética
Moral: Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.
Ética: Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.
2. Como a moral é um conjunto de regras de conduta consideradas como válidas por um grupo ou pessoa, fica claro que, quando uma comunidade deseja conduzir as pessoas a tomar determinadas posturas ou aceitar certos costumes, é necessário que tal mudança seja comunicada abertamente e validada por uma autoridade superior.
No meio secular, estas autoridades superiores agem em diversos momentos e instâncias na vida da pessoa. Por exemplo, até sair de casa, o jovem tem como autoridade superior seus pais, que educam seus filhos seguindo premissas que acreditam ser válidas. Ao saírem de casa, outras autoridades superiores que influenciam a vida da pessoa e suas crenças são o patrão no trabalho, o professor na universidade, o pastor na igreja, os amigos da escola e do trabalho.
A mídia entra como um papel secundário. A partir do momento em que as idéias que ela apresenta são consideradas como válidas para a pessoa, esta permite-se imbuir da visão apresentada pela mídia, alimentando a cultura da sociedade que atinge. Isso explica diversos padrões de comportamento e consumo na sociedade.
3. No campo religioso, a mídia também serviu como uma forma de disseminar os ideais de um grupo para a sua comunidade. No meio cristão, a forma de distinguir um padrão de conduta correto de um equivocado foi a utilização da Bíblia como regra de fé e prática. Com o tempo, a Tradição sobrepujou a Bíblia, mas com a Reforma Protestante, esta tomou novamente a centralidade da vida cotidiana do verdadeiro cristão.
Por conta disso, diversos líderes que adotaram visões estranhas e diferentes do normal tiveram que lidar com a Bíblia de forma a fazê-la traduzir aquilo que eles desejavam. Foram vários os meios de se fazer isso:
a. Interpretando o texto a partir de questões periféricas: Os Adventistas do Sétimo Dia e, posteriormente, as Testemunhas de Jeová tentaram prever a volta de Cristo a partir de formulações matemáticas para tentar calcular precisamente a data de seu retorno. A partir de contagens feitas com ilustrações numerológicas de Daniel e do Apocalipse, estes grupos fracassaram em seu intento seguidas vezes (as TJs já tentaram adivinhar o retorno de Cristo sete vezes desde o séc. XIX).
b. Adotando novos escritos/revelações divinas: Os Adventistas do Sétimo Dia possuem os escritos de Ellen G. White como revelação divina, no mesmo nível das escrituras. Seu clássico livro, “A Grande Esperança”, foi recentemente alvo de uma maciça campanha de evangelização por parte da seita no Brasil, tendo sido distribuídos mais de 6 milhões de cópias. Os Mórmons também possuem outros escritos ditos inspirados, como o Livro de Mórmon (conhecido como Terceiro Testamento) e o livro Doutrinas e Convenções.
c. Alterando o texto bíblico: As Testemunhas de Jeová possuem uma versão própria da Bíblia, a Tradução do Novo Mundo das Sagradas Escrituras. Este livro foi traduzido a partir do Textus Receptus, versão do séc. XII do Novo Testamento que possuía diferenças gritantes em relação aos melhores manuscritos do NT. Além disso, a comissão de tradução da TMN adotou algumas liberdades com o texto, adaptando-o de acordo com os seus interesses e ensinamentos.
Os meios de divulgação de suas doutrinas e conceitos são:
1. Revistas: Testemunhas de Jeová: Revista A Sentinela, editada pela Sociedade Torre de Vigia, sediada no Brooklyn, Nova Iorque, para todo o planeta.
2. Jornais: Folha Universal.
3. Rádio e Televisão: Programas de TV aberta e fechada (IURD, IMPD, Cresciendo em Gracia), posse de rádios (Rádio Gospel – Igreja Apostólica Renascer em Cristo).
4. Livros: A Grande Esperança (Adventistas), Livro de Mórmon e Doutrinas e Convenções (Mórmons).
5. Bíblias: TNM (Testemunhas de Jeová), Bíblias Anotadas (Batalha Espiritual e Vitória Financeira – ADVC).
6. Músicas: Prisma, Arautos do Rei (Adventistas), Diante do Trono, Lion’s Face, dentre outros (igrejas adeptas da Teologia da Prosperidade).
Educação Cristã e Juventude – Estratégias para aproximação
Todo professor de EBD sabe da dificuldade que é estimular jovens e adolescentes nos dias de hoje a conhecerem mais sobre Deus, Jesus, a Bíblia e o espiritual. As distrações dos tempos modernos complicaram tremendamente o relacionamento do jovem com a sociedade. O leque de opções de diversão é muito maior do que há 30 anos, e a quantidade de informação a que nossos jovens tem acesso faz com que surjam muito mais questionamentos a respeito do mundo, da fé e da vivência cristã do que no século passado.
Como pastor de jovens de uma igreja de classe média alta no Rio de Janeiro, sofro bastante com estes problemas. Por conta disso, tenho percebido que são necessárias algumas estratégias diferenciadas para incentivar nossos jovens e adolescentes a buscarem uma maior aproximação com o Senhor e almejarem um crescimento espiritual mais agudo. Algumas, pude ver implementadas na minha própria comunidade. Outras, pude ver em outras igrejas que visitei ou conheci nestes últimos anos. Listo algumas abaixo:
EBD em horário alternativo: Muitos jovens e adolescentes reclamam que o horário da EBD às 9 da manhã é cruel, pois eles não conseguem acordar cedo. Alguns estudos científicos apontam que os adolescentes, em especial, realmente precisam de mais tempo para dormir. Uma boa solução para edificá-los é transferir a EBD da galera teen para outro horário. Em minha igreja, a EBD dos adolescentes funciona às 17:30, uma hora antes do culto vespertino iniciar. A frequência é muito maior do que no horário tradicional.
Pequenos Grupos: A união de adolescentes e jovens em pequenos grupos de discussão e estudo funciona como um ambiente informal de conversas e discussões sobre inúmeros assuntos da vida cristã. O ideal é que aconteçam na casa ou quintal de um dos jovens, pois o ambiente da igreja intimida e diminui a transparência nas conversas.
Palestras e Programas Temáticos: Não basta realizar um encontrão adolescente só para ter o evento. É necessário que haja um tema específico e de interesse do grupo a ser trabalhado. Adolescentes curtem relacionamentos, inovação e tecnologia. Jovens costumam ter pontos de crise, como a maioridade, universidade, mercado de trabalho, casamento e paternidade. Um bem legal que conheci foi um evento cujo tema é cinema. Sabendo do gosto do povo pela temática, o evento vem tendo boa procura.
Cadeira Elétrica/Entrevista: Os jovens e adolescentes curtem o ambiente informal de um bate papo com alguém. Se lhes der o poder de perguntar tudo o que quiserem, fica melhor ainda. Por isso, eventos deste tipo costumam atrair bastante a atenção e são excepcionais para apresentar boas histórias de vida, testemunhos de conversão e chamado, vivência com o meio secular, dentre outros. Este tipo de conversa informal também ajuda na educação cristã quando a pessoa consegue demonstrar, nas respostas, a importância do estudo da Bíblia.
Intercâmbios: Uma das formas mais antigas de edificação da juventude é o intercâmbio. Contudo, muitas destas viagens são feitas apenas com um intuito, geralmente social. Como há muito tempo livre nestas programações, uma boa dica é incluir algumas atividades que edifiquem o grupo, como exibição de filmes, vídeos e clipes musicais, alimentando debates posteriores sobre determinado tema.
Passeios culturais: Pouco se vê, hoje, igrejas realizando passeios culturais com suas juventudes. No ambiente escolar, isso é muito comum, pois os educadores já perceberam, há tempos, que a interação visual mais concreta do aluno com algo alimenta o seu interesse pelo tema. Uma visita a um museu, se bem planejada pela liderança, pode estimular alguns questionamentos na mente dos jovens e adolescentes. Tempos atrás, visitei com alguns jovens o Museu Histórico Nacional, na Quinta da Boa Vista. Ali, há vários objetos expostos da época do Egito, Grécia e Roma antigos. Vendo aqueles itens, o grupo pode vislumbrar uma pequena parte do que os povos bíblicos vivenciaram no seu dia a dia.
Além dos programas precisarem ser variados, é necessário que o líder ou educador de jovens e adolescentes possua algumas questões em mente, na hora de trabalhar com essa galera:
Primeiro, planejamento. Cada local, cada comunidade, cada região possui necessidades específicas que atendem aos anseios da sua juventude. Só é possível analisar estas necessidades após um bom planejamento do que se deseja fazer. Em uma região de subúrbio carioca, muitos adolescentes buscam entrar no mercado de trabalho desde cedo, para ajudar em casa ou poderem adquirir algumas coisas para si. Já na Zona Sul, muitos jovens entra na universidade já com emprego garantido, o que os leva a encarar o trabalho com muito menos valor. Desta forma, você precisa trabalhar a convivência do cristão no mercado de trabalho de forma diferente para ambos os grupos.
Segundo, constância. Especialmente para adolescentes, a constância no trabalho é vital, pois é no ambiente do convívio constante que este grupo consegue trocar experiências e influenciar positivamente uns aos outros no desejo de crescer espiritualmente.
Terceiro, inovação. As mesmas lições, ministradas da mesma forma, não necessariamente terão os mesmos resultados de 20 anos atrás. Muito pelo contrário. Hoje, os nossos jovens vivem conectados, possuem bíblias no celular, tablets com inúmeros programas e jogos. Prender a atenção deles pode ser um desafio. Por isso, é necessário que haja uma nova maneira de prender as atenções do grupo e passar valores cristãos a eles. O uso de novas mídias, como as redes sociais, ajuda a acrescentar conteúdo edificante para todos os jovens e adolescentes integrantes da comunidade.
Quarto, definição clara da temática. A partir do planejamento, o líder tem condições de definir quais os assuntos que precisam ser trabalhados. Montar uma grade de estudos e apresentá-los aos jovens e adolescentes os ajudará a entender aonde se quer chegar com os trabalhos da liderança.
Quinto, sinceridade. Muitas vezes, os líderes têm medo de responder ou pesquisar mais profundamente sobre alguns assuntos considerados tabus porque decidem que algo não pode ser feito “porque é pecado”. O problema é que esta resposta não agrada ao jovem e adolescente, que sempre busca motivos para fazer o que bem entende. A falta de informação acaba gerando um sentimento de permissividade que leva muitos jovens e adolescentes a caírem. Um estudo mais aprofundado, mesmo que não acontecendo na mesma semana, unindo informações bíblicas e textos científicos, pode ajudar o trabalho de educação e conscientização da juventude sobre determinado tema.
Conclusão
Certamente existem inúmeras estratégias distintas para alcançar os jovens, e os desafios são cada vez maiores. Contudo, com um pouco de paciência e muito joelho no chão, creio ser possível trabalhar de forma dinâmica com a juventude e gerar uma nova geração de pessoas realmente comprometidas com o Senhor.
Nunca é tarde demais (Artigo publicado no Jornal Batista)
Eu tenho um problema sério na minha vida: Corte de cabelo. Não que não fique satisfeito com os cortes que são feitos, mas porque simplesmente não tenho paciência de ficar esperando para receber o corte. Acho que é tempo perdido, tempo que eu poderia estar usando fazendo algo mais útil. Um dia desses, porém, acabei sendo surpreendido com um corte bem feito e com uma boa conversa, que me fizeram pensar sobre a manifestação da vontade de Deus em nossas vidas.
Uma bela tarde no trabalho, um colega disse que estava saindo para aparar suas revoltas madeixas e decidi que minha cabeleira necessitava de um merecido trato. Não conhecia o local onde ele ia, mas resolvi segui-lo, afinal ele disse que cortava seus cabelos nesse local desde criança. Ao chegar, percebi que era um ambiente amistoso e fiquei tranqüilo. Fui logo pegar uma revista que falava sobre a descoberta da tal “partícula de Deus” (que de Deus não tem nada, mas isso é tópico para um outro dia). E fui eu esperando, impaciente.
Após esperar uns quinze minutinhos, chegou minha vez. Sentei e rapidamente o barbeiro foi puxando papo. Dia frio daqui, chuva dali, e o senhor de aproximadamente cinquenta e muitos anos disse que o trânsito para sua casa era ruim, mas que ele saía da “aula” às 22:30, por isso conseguia chegar em casa em uma hora. Nem me impressionei com o fato dele morar em uma rua não calçada, mas sim com o fato dele estudar. Perguntei imediatamente que curso ele fazia, já pensando, em minha cabeça preconceituosa, que era algum curso técnico. A surpresa foi imediata: Ele fazia Direito.
Daí pra frente, o papo rendeu. Ele dizia que estava na luta para terminar o curso, que tinha planos de fazer alguns concursos públicos, que advogaria um tempo se não conseguisse passar em algumas provas. Minha surpresa foi aumentando e meu ego rapidamente diminuindo. Quando falei que era pastor, aquele senhor não apenas se mostrou feliz como começou a puxar assuntos bem atuais, como a ministração de aulas de religião no ensino público. Aí pude perceber que aquele senhor, que vivia em uma região rural de São Gonçalo, estava me dando uma verdadeira lição de vida enquanto aparava meu cabelo: Deus pode agir nas nossas vidas a qualquer momento, mesmo quando achamos que é tarde demais.
A tendência do ser humano é acreditar que, após uma certa idade, ele não pode mais realizar algumas atividades. Algumas limitações acabam, de fato, impedindo que façamos algumas coisas no nível que fazíamos quando mais jovens. Não corremos com tanta desenvoltura, não temos o mesmo fôlego, nossas mãos parecem não obedecer nossos comandos. Contudo, isso não significa que não podemos trabalhar, sermos úteis na sociedade. Apenas o foco muda, o esforço é redirecionado, as competências se tornam diferentes e as atividades são reposicionadas de acordo.
Em nossos meios cristãos, muitas vezes, sofremos tremendamente com essa visão. Vemos várias pessoas com uma capacidade enorme e um dom espiritual mapeado que não desejam trabalhar ou aprimorar seu talento porque acham que “passaram do ponto”. Acham que suas famílias, seus exíguos períodos de descanso, suas atividades seculares, os impedem de querer fazer algo a mais no reino ou em suas próprias vidas. Dizem que o trabalho é para os mais novos, para os que não possuem dupla jornada, para os que “ainda tem gás”. E, assim, vivemos com uma dificuldade cíclica de encontrar pessoas capacitadas e experientes para trabalharem na obra do Senhor.
Ao pensar na história de vida daquele barbeiro, tiro três lições vitais para meditar sobre a ação de Deus em nossas vidas:
Primeiro, nunca é tarde demais para recomeçar. Aquele barbeiro, mesmo já em plena meia idade, decidiu que era hora de investir seu tempo buscando conhecimento e uma nova formação. Eu lembro de Moisés, que resolveu seguir a vontade de Deus aos oitenta anos e imagino o que teria sido do povo de Israel se ele tivesse decidido não obedece-lo por achar que estava velho demais para liderar o povo escolhido pelo Senhor. Para Deus, nunca é tarde demais para recomeçarmos, pois Ele não vê idade. Ele vê corações dispostos a servi-lo e adequa seus planos às limitações físicas que possuímos.
Segundo, nunca é tarde demais para se dedicar de corpo e alma no serviço do Reino de Deus. Muita gente acha que, por ter algumas limitações de tempo, forças ou qualificação, não podem se dedicar à Obra. Não percebem, porém, que há muita coisa a fazer no Reino e que, se cada um contribuir com um pouco, o serviço pode ser realizado de forma mais ágil. Aquele barbeiro poderia dizer que o tempo o limitou mentalmente para estudar, mas ele não se importou com isso e foi estudar. Lembro de quando o Senhor orientou Moisés na escolha das pessoas que iriam construir o tabernáculo. Penso que havia, ali, pessoas de variadas profissões e idades, mas o Senhor os capacitou para a sua obra e certamente organizou o povo de forma a que cada um pudesse colaborar conforme suas limitações. Às vezes, na igreja, uma mera responsabilidade de cuidar da água usada pelos pastores durante o culto pode fazer toda a diferença.
Terceiro, nunca é tarde demais para alterarmos nossas rotinas. Aquele barbeiro não pensou que sua idade era um fator limitador para buscar uma nova carreira. Nem sequer considerou que aquela seria sua rotina enquanto vivesse. Da mesma forma, precisamos perceber que nunca é tarde demais para mudarmos algo em nossas vidas, para mexermos com nossas zonas de conforto, nossos horários, nossas agendas. Se analisarmos nossas atividades semanais, verificaremos que desperdiçamos muito tempo com coisas que não são vitais, que são perfeitamente supérfluas. São as novelas, as séries, os filmes, a Internet. Gerenciamento de tempo é vital nos dias de hoje e deveria ser um tema lembrado em nossas pregações. Aquele barbeiro provavelmente tem família, mas teve que abrir mão de algum tempo livre para poder estudar. Pedro, Tiago, André e João eram pescadores, trabalhavam o dia inteiro, mas largaram tudo para seguirem a Cristo, confiando que Ele os proveria. Que tal você largar uma ou duas horas semanais de alguma atividade supérflua para trabalhar na obra? Que tal abdicar de meia hora diária para buscar uma vida de intimidade com o Senhor, lendo a sua Palavra e conversando com ele em oração?
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