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terça-feira, 8 de novembro de 2011

10 passos para uma igreja melhor: Passo 2: Depender da ação do Espírito Santo (At. 2)


No estudo anterior, tivemos a oportunidade de dar o primeiro passo na caminhada rumo a uma igreja mais saudável. Neste passo, reconhecemos que a igreja precisa compreender a sua missão na Terra, que é levar as pessoas a conhecerem a Jesus em toda a sua plenitude e a buscar uma vida de intimidade com Ele. Hoje, daremos o segundo passo, que fala sobre a autonomia da instituição no meio social.

Quando estudamos a situação de diversas comunidades de fé os dias de hoje, percebemos que a grande maioria deixou de enfatizar a sua associação-denominação para enfatizar a sua liderança. Antes, uma igreja se orgulhava de ser batista ou presbiteriana. Esta era a sua identidade, o seu cartão de visitas. Ao conhecer o nome da igreja, você sabia de imediato que aquela era uma comunidade com esta ou aquela característica. As pessoas sabiam o terreno em que estavam pisando.

Hoje, porém, a coisa está diferente. A identidade da igreja desviou-se de seu corpo doutrinário para a pessoa que está à frente dela. Não são incomuns os casos em que a Igreja XPTO possui, como continuação de seu nome o termo “Ministério Fulano de Tal”. Isso remete ao fato de que a Igreja cristã, hoje, se confunde com seu líder, seu pastor. Em muitos casos, essas igrejas mostram-se problemáticas porque as pessoas seguem seus líderes, por crerem que eles são canais da voz de Deus na Terra, o que gera individualismo, orgulho, insubordinação e divisões.

Este fenômeno não é apenas social, mas também teológico. Isso se deve ao fato de que um dos pilares da teologia de Kenneth Hagin é a Autoridade Espiritual, ou Teologia da Unção, onde se afirma que o líder da igreja recebe do alto uma unção especial de profeta, que lhe dá condições de falar em nome de Deus no mesmo nível de autoridade  que as Escrituras Sagradas. Ao fazerem isso, tomam diversas liberdades com o texto bíblico ou até mesmo o ultrapassam, deturpando-o ao seu bel prazer.

O fato é, porém, que a Igreja sadia não se baseia em achismos ou devaneios de seus líderes, mas sim na dependência de dois entes: O Espírito Santo e a Palavra de Deus, que compreendemos ser única e exclusivamente a Bíblia. Neste segundo passo, abordaremos a dependência do Espírito Santo e, no terceiro, falaremos da dependência da Bíblia.

O livro de Atos é bastante polêmico por razões óbvias para quem está inserido no meio evangélico atual: A divisão entre cristãos tradicionais e cristãos pentecostais se deve à interpretação da existência ou não, nos dias de hoje, do dom de línguas. Existem alguns textos que trabalham bastante esta temática: Atos 2, 9 e 19 e 1 Corintios 14. Os históricos, em geral, tendem a crer que o dom de línguas foi um fenômeno temporal, ou seja, foi circunscrito à época dos apóstolos, e que era um fenômeno onde pessoas falaram línguas humanas que desconheciam.  Já os pentecostais creem que o dom de línguas é atemporal, podendo ser buscado hoje, e que as línguas expressas nos textos seriam estranhas à humanidade. Seriam idiomas angelicais, citando 1 Co. 13 para denotar a sua possibilidade de existência. 

Contudo, independente da interpretação que se dá à questão, o fato é que o Espírito Santo foi uma figura ativa na fundação da Igreja de Cristo. Em Atos 2, vemos que o Espírito Santo desceu, dando condições aos homens de, falando em línguas (sejam estranhas ou estrangeiras), glorificar a Deus publicamente, independente da perseguição que Cristo sofrera. Com isso, houve um choque que atraiu a atenção do povo em geral e deu condições a Pedro de pregar o evangelho, causando a primeira conversão em massa da igreja primitiva e aumentando o tamanho do movimento do Caminho de 120 pessoas para mais de 3 mil.

Ao analisarmos este fenômeno, percebemos que não houve nenhum método novo, nenhuma estratégia evangelística, nada que fosse gerado pelo homem para buscar o alcance de almas para a salvação eterna. O que houve, pura e simplesmente, foi um derramar do Espírito Santo, tanto nos 120 que começaram a falar em línguas, quanto em Pedro, que pôde, de forma audaciosa e poderosa, falar que Jesus Cristo era Deus, o Messias esperado, para aqueles que o haviam julgado e matado, e que Ele havia ressuscitado e estava à direita de Deus, intercedendo por nós.

Por isso, ao pensarmos sobre a ação do Espírito Santo na igreja, precisamos lembrar de algumas coisas: 

1.       O Espírito Santo é Deus, e portanto, é o mesmo ontem, hoje e sempre, não só em seu poder, mas também em seu discurso. O grande problema de muitas igrejas, hoje, é entender que o Espírito é o mesmo de antigamente em poder, dando capacidades miraculosas aos homens, porém não compreender que o Espírito também possui o mesmo discurso, que é sempre de remeter o homem a Cristo. O Espírito Consolador está entre nós porque Cristo o enviou para nos acompanhar, nos dar poder e capacitar para pregar o evangelho. Não é fácil pregar uma vida ascética numa sociedade mundana e materialista. Remar contra a maré de toda uma estrutura social somente é possível pela ação e misericórdia de Deus, através de seu Santo Espírito. 

2.       O Espírito Santo, por ser Deus, não opera para levar homens a serem adorados acima Dele próprio: Uma das maiores blasfêmias que já li foi a de que o cristão pode se tornar Deus, por diversos métodos (santificação e Confissão Positiva são as principais). Entretanto, Rm. 8.16 nos conta que o Espírito testifica a Deus que somos filhos de Deus. Como filhos de Deus, ainda estamos em uma posição inferior, e, apesar de termos a salvação e termos sido adotados por Deus como seus filhos pelo sangue de Jesus vertido na cruz, ainda devemos obediência a Ele. Somos servos Dele, escravos de Sua Graça. Ele nos dá conforme Ele quiser, e os homens devem se ver única e exclusivamente como ferramentas para a propagação da Palavra de Deus e da salvação em Cristo Jesus ao mundo.  

3.       Quando a igreja depende do Espírito, ela não se aferra a costumes para decidir se alguém é fiel: Erro muito comum de várias igrejas é atrelar o cumprimento de diversos costumes por parte do cristão diretamente ao seu nível de espiritualidade ou de intimidade com Deus. Ledo engano. O que mais há nas igrejas, hoje, é crente “de fachada”, que veste roupas de crente, usa discurso de crente, porém esconde desvios de conduta seríssimos, como roubos, adultérios, maledicência, dissenções, dentre outros tantos. O Espírito não vê a fachada do crente, mas sim vê até o íntimo de seu coração. Uma igreja sadia é, portanto, uma igreja que retira suas máscaras, desnuda-se, mostra suas feridas e as trabalha. Desta forma, uma igreja ultrapassa os parâmetros de instituição para tornar-se uma comunidade terapêutica, onde as pessoas vão para se conhecer e curar suas mazelas, através do seguimento das diretrizes dadas por Jesus em sua breve passagem por aqui.

Conclusão

A Bíblia nos traz inúmeras qualidades apresentadas pelo Espírito Santo. Entre elas, a maior é a de convencer o homem do pecado, da justiça e do juízo (Jo. 16.8-11). O que resta é consequência desta missão. Assim deve trabalhar a igreja de Cristo que depende do Espírito. Ela deve ser uma igreja que compreende que o discurso do Espírito é o mesmo da Bíblia (e, portanto, não pode contradizê-la), não trabalha para elevar o homem a um status de adoração, e que se apresenta e reúne de forma honesta. 

Amanhã, estarei trazendo o terceiro passo para uma igreja se tornar melhor, mais saudável: A centralidade da Bíblia como fonte do seu discurso. Até lá.

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