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segunda-feira, 14 de novembro de 2011

10 passos para uma igreja melhor: Passo 3: Primazia escriturística (At. 17.11)


No último estudo, meditamos sobre a dependência que a igreja precisa ter da ação do Espírito Santo. A igreja, para ser sadia, precisa entender a forma de ação do Espírito, não concentrando apenas em uma área da ação do Espírito em nossas vidas, mas entendendo todas as nuances de sua ação no mundo. Agora, buscaremos compreender o papel das Escrituras Sagradas na igreja e como elas podem ser bem ou mal utilizadas pela liderança para conduzir a igreja.

É sabido que uma das fortalezas da pregação neopentecostal é a dissociação da Palavra de Deus do conteúdo bíblico. Segundo estes pregadores, algumas pessoas recebem uma unção profética especial, que lhes dá condições de falarem em nome de Deus, como um canal direto do céu à Terra, Nesta condição, a palavra do pregador neopentecostal assume uma postura equiparada ou superior à Bíblia. Não são poucas as histórias relatadas sobre o assunto. Basta dizer de um certo pregador neopentecostal que, quando contestado pelos relatos bíblicos, disse “Eu não quero saber desse negócio de Bíblia, o que importa é o que Deus falou ao meu coração”.

O fato é que, hoje, temos muitas pessoas na igreja que também não querem saber de Bíblia. São as pessoas movidas pelo coração. O “Deus colocou no meu coração” ou “Deus me revelou” tomou o lugar do “A Bíblia me ensinou”, e, com isso, passaram a agir conforme suas próprias consciências. Não percebem que este foi exatamente o pecado do primeiro homem, que buscou o mesmo conhecimento do bem e do mal que Deus possuía.

O texto bíblico de Atos nos mostra que a igreja primitiva, apesar das manifestações miraculosas, jamais se afastou das Escrituras. Pedro, quando aconteceu o Pentecoste, citou Joel para informar aos judeus incrédulos que a vinda do Espírito Santo já havia sido anunciada. Estêvão, quando foi preso, também se defendeu utilizando as Escrituras para dizer que Jesus era o filho de Deus e o Messias esperado pelo povo. Não só isso, temos lições de igrejas que usavam as Escrituras para confrontar com os ensinamentos trazidos pelos apóstolos, como o caso da igreja de Bereia (Atos 17.11).

Pensando nessas passagens, conseguimos pensar em três lições sobre o relacionamento da igreja com a Bíblia:

1.       A mensagem bíblica aponta para Cristo: Pedro, Paulo, os evangelistas, todos eles analisaram o Antigo Testamento com o único intuito de revelar que Jesus Cristo era o Messias esperado. Textos de caráter cerimonial, no entanto, não foram mantidos pelos evangelistas. De fato, a principal razão do conflito de Paulo com a igreja de Jerusalém era que ele não aceitava que os gentios deveriam se sujeitar à circuncisão ou ao jugo cerimonial da Lei.

O que temos visto hoje, porém, é a utilização deturpada e desprovida de contexto da Palavra de Deus para atribuir a eles a condição de porta-vozes de Deus. Ao fazerem isso, criam doutrinas espúrias, de forma a dominarem o povo, o que não é e nunca foi o propósito de Deus. Pelo contrário, seu propósito sempre foi liberar o homem do pecado e de suas consequências.

2.       A mensagem bíblica engrandece a Deus: Pedro, Paulo e os evangelistas fizeram questão de demonstrar que os eventos e milagres que aconteciam à sua volta eram por causa de Cristo, e não por seus próprios poderes. Nunca interpretaram o texto com a intenção de se imputarem poder ou autoridade. Pelo contrário, o único poder que Paulo clamou para si foi o de pregar o evangelho como apóstolo, como servo de Cristo para levar o evangelho para os gentios. Também notaram que o Espírito Santo era o canal de bênçãos, e que Ele não era comercializável.

Ao vermos as igrejas de hoje, percebemos que muitos pregadores têm deturpado a mensagem bíblica para atribuírem poderes a si. Não são poucos os que atribuem poderes mágicos a miraculosos a suas igrejas ou até mesmo a suas próprias pessoas. A graça de Deus deixa de existir e é substituída pelos milagres da rosa ungida ou do lenço embebido no suor do líder. Não só isso, cobram por seus milagres, ao contrário dos apóstolos, que faziam o que faziam para mostrar que havia e há poder em Jesus e que Ele era o Filho do Deus vivo.

3.       A mensagem bíblica é a única revelação de Deus aos homens: O Senhor inspirou homens para falarem sobre Ele, levar o povo a voltarem a seguir a sua Lei. Quando o povo engessou a Lei a ponto de afastar os homens de Deus, o Senhor teve que mandar seu Filho ao mundo para corrigir seus caminhos e se sacrificar pelos homens.

Não são poucas as igrejas que adotam como princípio doutrinário a revelação supra-bíblica e, com isso, extrapolam seus ensinamentos. É com base neste tipo de revelação que surgem no meio evangélico situações como o Cair no Espírito, a Unção de Toronto (ou Unção dos 4 Seres), a Confissão Positiva e outras coisas. Além disso, muitas pessoas se arvoram desta possibilidade para dizer o que as pessoas podem ou não fazer, podem ou não usar, podem ou não falar.

Conclusão

Quando estudamos a história da igreja primitiva, percebemos que os apóstolos tinham uma única missão na Terra: Propagar a mensagem do evangelho, a boa nova, de que Jesus Cristo era o Messias prometido no Antigo Testamento, o Filho do Deus vivo que veio ao mundo para morrer por nós e que havia ressuscitado e estava ao lado do Pai. Para isso, utilizaram as Escrituras Sagradas e deferiram a glória a Deus.

Portanto, para uma igreja ser sadia, ela também deve ter as Escrituras Sagradas como base de seus ensinamentos, usando como parâmetros de interpretação a deferência do poder a Deus, a salvação em Cristo Jesus e a sua exclusividade revelacional. Somente com estes parâmetros, uma igreja pode se dizer legitimamente cristã.

No próximo passo, veremos que uma igreja sadia precisa ser uma igreja sem fingimentos. Como base, usaremos a história de Ananias e Safira. Leiam-na e aguardem. Espero você.

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