Um dos assuntos mais comentados por psicólogos, educadores e pela mídia, nos dias de hoje, é o tal do bullying. Por muitos anos, o assunto foi ignorado por todos os responsáveis pelas nossas escolas. Porém, vez por outra, o tema volta à tona. A última notícia sobre a questão deu conta de um incidente entre um garoto de 14 anos e uma criança de 6 anos em um tradicional colégio carioca, o Colégio São Bento. Esta escola, conhecida por sempre figurar entre os 10 melhores colégios do Brasil no ranking do Enem, jamais havia sido alvo de semelhante escândalo. Por isso, quando o assunto veio à tona, a mídia carioca deu uma ênfase renovada ao tema.
Para quem não sabe, bullying é um termo que vem da língua inglesa. Ele não tem uma tradução exata, porém é derivado do substantivo bully, que significa agressor, brigão ou valentão. Para ilustrar bem o que seria um bully, tomo emprestado alguns filmes americanos, de onde vem o termo. Por exemplo, no filme "Te Pego Lá Fora" (clássico da Sessão da Tarde), um rapaz é perseguido por um enorme pilantra, que chega a extorquir dinheiro dele para evitar uma briga. Este tema é bastante explorado em outros filmes colegiais americanos: Em geral, os bullies são os garotos populares da escola (jogadores de futebol americano ou basquete, líderes de torcida), enquanto os alunos mais introvertidos (nerds, gordinhos) são os perseguidos. Outros clássicos filme do tipo são "Garotas Malvadas", "Garota de Rosa Shocking" e "A Vingança dos Nerds".
Apesar do termo ter chegado apenas recentemente no Brasil, a prática é antiga em nossas escolas. Muitas crianças sofreram assédio moral e físico por serem diferentes. Neste domingo, o comediante Leandro Hassum assumiu, em rede nacional, ter sido vítima de bullying por ser gordo. Imediatamente me relacionei com seu sofrimento, por também ter sofrido o mesmo tipo de agressão, pelo mesmo motivo, durante o ensino fundamental (a fase mais agressiva quando eu tinha entre 8 e 11 anos!). Porém, por falta de informação e de iniciativa, muitas crianças sofrem até hoje por causa destes problemas, e muitos pais, em vez de corrigirem seus filhos, o defendem, como uma mãe que recentemente foi defender seu filho de 8 anos na TV americana porque havia sido tratado com violência pela polícia (o garoto entrou armado com um pedaço de pau em sala de aula e fez de tudo, não chegando a agredir ninguém).
O fato é que, como educadores, pais, professores e responsáveis, precisamos entender que o bullying é real e pode causar danos irreversíveis à psiquê da criança, tanto a agredida quanto a agressora. Para entender melhor o assunto, parei para meditar e percebi que existem, hoje, quatro tipos principais de bullying:
1. Bullying físico: É o mais comum. Em geral é consequência de quando uma criança mais fraca não faz aquilo que uma mais forte ordena. Ao contrário do que se imagina, não é exclusivo do gênero masculino, apesar deste ser maioria entre os que causam agressões deste tipo. Exemplo clássico do filme que mencionamos há pouco.
2. Bullying psicológico: Acontece muito no ensino médio. É quando um jovem é acusado de fazer, praticar ou causar um ato nocivo ou moralmente reprovável pelos seus colegas, causando isolamento do indivíduo acusado. Por conta da homofobia inerente a nossa sociedade, os acusados de serem homossexuais são os mais afetados, porém existem casos de pessoas atacadas moralmente por serem negras, pobres, cristãs ou diferentes das outras de alguma outra forma. Um exemplo é o caso do filme Carrie, a Estranha, onde a jovem é humilhada pelas colegas por ser introvertida e se vestir diferente das outras jovens da escola.
3. Cyberbullying: Um derivado do bullying psicológico. Em geral acontece quando alguém é acusado de fazer algo moralmente errado ou é agressivamente exposto na internet. Casos comuns são publicações de fotos e vídeos íntimos da pessoa afetada ou exposição de conversas com conteúdo picante. Um exemplo que vem sendo trabalhado atualmente na novela das 9 é o caso da jovem que vê um vídeo seu transando com o namorado divulgado na internet sem seu conhecimento.
4. Bullying espiritual: Vocês podem não identificar este tão facilmente, mas acontece. É quando alguém é criticado, ameaçado ou coagido por não ser "suficientemente espiritual" em determinado assunto. Acontece muito em igrejas pentecostais quando algum irmão não demonstra o dom de línguas após longos anos no ministério e em igrejas neopentecostais quando as pessoas não dão a oferta ou o sacrifício. Um exemplo recente foi o de um apóstolo de uma grande denominação neopentecostal em franca decadência que, de púlpito, ameaçou as suas ovelhas, dizendo que, quem não ofertasse para a construção da nova sede da igreja, estaria em maldição. Já em igrejas históricas, o problema em geral acontece quando decisões importantes são tomadas e pessoas discordam delas, usando "visões divinas" para justificar suas opiniões humanas.
Tendo analisado estas questões, precisamos aprender a identificar os traços de personalidade que podem indicar se alguém está sendo vítima de bullying ou se alguém é um agressor. Por experiência própria (e, portanto, nada científica), identifiquei os seguintes traços:
- Agressor: Companheiro de outros bullies, arrogância, alegria pela desgraça dos outros, sadismo, sarcasmo com pessoas de diferentes origens, etnias e opções de vida, sentimento de superioridade.
- Agredido: Depressão, isolamento, agressividade repentina, paranoia, sentimento de inferioridade, problemas de atenção e notas baixas.
Estes são apenas alguns sintomas. Como disse, não são científicos, pois vêm da experiência própria. Entretanto, eles podem ajudar você, pai ou educador, a identificar estes traços em seus filhos e corrigí-los a tempo de que danos maiores venham a ser causados na mente deles. É nossa missão, como pais e responsáveis, educar nossos filhos para serem cidadãos melhores, e para isso, não podemos ter medo de orientá-los pelo melhor caminho.
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