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quinta-feira, 2 de junho de 2011

Pensamentos Ministeriais: 1- A luta entre o tempo para a igreja e para a família

Dois dias atrás, publiquei um post sobre minha pequena grande crise, por ser ministro auxiliar de minha igreja. Na verdade, para deixar bem claro, nem posso me enquadrar como ministro de meio período, pois não dou expediente na igreja. Na verdade, uso minhas noites livres para estudar, preparar minha classe de EBD aos sábados e pensar sobre as atividades que a juventude pode vir a realizar no futuro. Tempo investido na igreja, de fato, creio ser por volta de 10 horas semanais. É claro que, nesta contagem, não incluo tempo devocional e tempo de estudo, como tenho tido ultimamente, voltando a ir de ônibus para o trabalho.

O fato é que, ao pensar nesta dedicação, comecei a perceber que nem havia incluído meu futuro casamento. Em julho, estarei me unindo à minha noiva e sei que precisarei dedicar tempo de minha vida para cultivar esta nova relação. Por isso, comecei a sentir na pele aquilo que tantos autores de livros sobre ministério pastoral enfatizam: A família é primordial na vida do pastor. Se ele não cultivar um tempo para ela, problemas podem acontecer.

O fato é que, independente de ser ministro de tempo integral ou meio período, os pastores têm problemas para conseguir reservar um tempo para apenas se relacionarem com suas famílias. Conheci um pastor que era professor, trabalhava no seminário e ainda pastoreava uma igreja em tempo integral. Na aula, ele comentou que tirava a segunda-feira para se divertir com seus filhos e investia as noites de quinta-feira especificamente no seu relacionamento conjugal. Esta situação, porém, pode se agravar nos casos de ministros de meio período, pois, caso resolvam dar expediente noturno na igreja, estes pastores e líderes podem se ver sem tempo nenhum para suas famílias ou para seu descanso.

Hoje mesmo, lendo sobre os desafios do ministério pastoral, vi um texto que abordava exatamente a questão do descanso semanal. O autor foi bem feliz ao apontar que o descanso semanal foi criado por Deus para o homem poder recuperar suas energias após uma longa semana de trabalho. O próprio prazo (1 descanso a cada 7 dias) revela uma perfeição incrível. Durante a Revolução Francesa, tentou-se alterar o calendário semanal para 10 dias, dando-se um dia de descanso no décimo, porém, após 12 anos, percebeu-se que o novo calendário havia aumentado os índices de doenças relacionadas à fadiga (o estresse era algo desconhecido na época), causando a sua abolição.

Outra questão que afeta a vida pastoral é o período de férias. Muitos pastores preferem parcelar seus períodos de férias ao longo do ano, ficando a semana fora mas não deixando as igrejas aos domingos. Muitos, por outro lado, simplesmente ignoram os sinais do corpo e passam anos, até mesmo décadas, sem tirarem férias. Isso acaba aumentando o índice de doenças e encurta o tempo de serviço ministerial. É escandalosa a quantidade de pastores com problemas cardíacos ou cancerígenos, muitos somatizados após anos de lutas para comandar uma congregação.

Posso perceber, enfim, que este será um dos maiores desafios de minha nova vida. Não sei quando (ou se) serei convidado para pastorear uma igreja inteira. Porém, quando este dia chegar, espero me lembrar desta meditação e ser totalmente honesto e aberto com a Comissão de Sucessão, estabelecendo dias e datas fixas para descanso e para férias. Somente assim, creio eu, poderei dar o máximo de mim pela igreja, respeitando os momentos de descanso que o corpo exigir.

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