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domingo, 5 de junho de 2011

Estudo - Sexo e casamento

Um dos maiores dilemas para a juventude cristã, nos dias de hoje, é se um casal pode ou não ter relações sexuais antes do casamento. Existem muitas confusões e teorias sobre o tema. Uma das mais interessantes é a de que, na Bíblia, não há condenação explícita ao fato, e que no AT, não haveria a figura do casamento como nós conhecemos hoje.


Anos atrás, fui confrontado por esta ideia. Por causa disso, preparei um estudo para questionar a afirmação da pessoa. Hoje, vasculhando meus arquivos, o achei, e resolvi postá-lo aqui. Aliás, nos próximos fins de semana, postarei sempre um estudo, um trabalho acadêmico e uma mensagem, para que vocês possam ler. Abraços a todos.


Estudo - Sexo e casamento

Conceitos importantes:

a) No hebraico bíblico, existem dois pares de termos diferentes para denotar homem e mulher e um em separado, bem conhecido:
a. םדא (Adam): Homem – humanidade (Somente em Gn. 3, Adam vira o nome do personagem bíblico).
b. רכז e הבקנ: Macho e fêmea (Gn 1: 27).
c. שיא e השא: Homem e mulher.

b) Sempre que o hebraico relacionar um casal em uma relação estável de matrimônico, como conhecemos, os termos usados serão os da letra C, indicando sua conotação de homem e mulher como “marido e esposa”.

1) Casamento e relacionamento conjugal no período pré-Lei

a. Adão e Eva: Deus viu que o homem estava sozinho e precisava de uma ajudadora para seguir sua vida, então faz a mulher para ser sua companheira (Gn. 2:18-24).
i. Chave do texto: Gn. 2:24: O texto descreve o motivo pelo qual, nos tempos do autor, homem e mulher deixavam suas casas e tornavam-se uma só carne.
ii. Relacionamento: Tornaram-se um para multiplicarem-se, após Deus ter proposto dar a mulher ao homem por companheira.

b. Caim, Lameque/Ada-Zilá: O termo usado no hebraico é השא, mulher no sentido de esposa.

c. Gn. 6: O termo para mulheres é םישנ e é derivado de השא. Os filhos de Deus, descendentes de Sete, estavam se casando com os filhos do homem, Caim, afetando o prosseguimento da linhagem de religiosidade centrada em Deus. Esta mistura fez o homem ficar mal com o tempo e levou Deus a arrasar com a humanidade.

d. Abrão e Naor: O verbo םהל deriva do radical laqach, que significa tomar, mas também significa pegar, agarrar, apanhar, segurar, levar consigo, receber, aceitar, adquirir, acolher, buscar, trazer, arrebatar, dentre outros. É usado também em outras construções daqui pra frente, em relação ao casamento. É importante, entretanto, notar o contexto inteiro das relações de casamento para entender a melhor tradução deste verbo.

e. Gn. 12:10-20, 20:1-7, 26:1-11: Três momentos em que o homem de Deus entrega sua mulher para um que não é seu marido, e Deus age contra o povo para que não houvesse quebra do laço entre os dois. Sinal da bênção divina eterna sobre o casamento.

f. Gn. 16, 17:15-20: Concubinas eram escravas usadas para satisfazer sexualmente seus donos, e tal prática era legal entre os povos. Havia leis que permitiam que uma mulher, caso não pudesse ter filhos, os tivesse através da concubina. Entretanto, não era este o plano de Deus para Abrão. O Senhor revela que seu filho sairá de Sarai e dá seu nome de Isaque, mas ainda resolve abençoar o povo que descende de Ismael, seu filho ilegítimo com Hagar.

g. Gn. 24: O casamento de Isaque é o primeiro que mostra algum tipo de cerimônia ou ritual. O importante notar é o uso do termo השא durante toda a passagem, indicando que a intenção de Abraão era achar uma esposa para Isaque.

h. Gn. 29: A primeira indicação da necessidade do pagamento de dote pela mão da noiva. Jacó se oferece para trabalhar por 7 anos para desposar Raquel. Enganado (a mais velha, Lia, lhe é dada no dia do casamento), ele tem que trabalhar mais 7 para poder ficar com sua amada.

i. Fato interessante: Novamente, o pai da noiva promove uma festa para celebrar a união de um casal.

ii. Fato interessante 2: Gn. 29:21: Após o trabalho (pagamento), Jacó chama Raquel (que se tornaria Lia) de esposa (‘isha).

i. Gn. 34: A tragédia de Diná mostra uma inversão da ordem devida de um relacionamento da época. Siquém tomou Diná, dormindo com ela e humilhando-a. Ao apaixonar-se por ela, quis tê-la como esposa e pediu a seu pai que pagasse o dote. Seus irmãos (filhos de Jacó, irmãos de Diná) trataram o acontecido não como pagamento de dote, mas pagamento de taxa de prostituição e decidiram matar a todos da cidade, através de um plano sutil.

j. Gn. 38: Novamente o verbo םהל aparece, em outra forma verbal. Novamente, fica implícito uma compra, tendo em vista que o mesmo verbo usado em 38:2 para Judá tomar uma mulher para si é usado em 38:6 para Judá tomar uma mulher para seu filho, Er.

i. Importante: Esta colocação do verbo mostra que o verbo não indica uma coabitação pura e simples, mas sim uma transação, uma negociação, como indicam as passagens anteriores, com relação ao dote.

k. Ex. 2:1, 21: O pai de Moisés tomou (םהל) sua mãe. Moisés recebeu Zípora, sua esposa, gratuitamente de seu pai Jetro/Reuel.

2) Casamento e relacionamento conjugal no período da Lei

a. Ex. 22:16s: Pela Lei, uma mulher deveria ser comprada pelo pretendente ao seu pai, antes de poder ter relações sexuais com ele. Caso a relação acontecesse antes do casamento, o dote deveria ser pago e o homem deveria se casar com a mulher, exceto caso o pai se recusasse (v. 17).

i. O vital neste texto é perceber que a Lei estabelecia uma ordem natural para o relacionamento: A mulher, AINDA VIRGEM, era comprada pelo seu pretendente junto ao pai da noiva, estabelecendo-se, aqui, uma relação de união entre os dois. O pai deveria abençoar a noiva (vide a bênção de Labão sobre Rebeca, ainda que meramente irmão, pois ele era o chefe da casa).

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