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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Igreja cria “rebatismo” para membro que troca de sexo


Nadia Bolz Weber, pastora da House for all Sinners and Saints.
Nadia Bolz Weber é uma pastora diferente da maioria. Cheia de tatuagens no corpo, ela se define como uma “luterana sarcástica” e “encrenqueira pós-moderna” em seu blog.
Esta semana ela postou o relato de uma inovação na igreja que lidera, a House for all Sinners and Saints [Casa para todos os pecadores e santos]. A postura teológica da pastora é luterana, mas é norteada por uma mentalidade “inclusiva”, ou seja, aceita e incentiva o estilo de vida dos homossexuais.
Um dos membros da igreja, Asher O’Callaghan que é transgênero,  recentemente  passou por um processo de mudança de sexo.  Usando a liturgia luterana, a pastora fez uma espécie de “rebatismo”, ou seja, abençoou-o para que ele possa usar com liberdade seu novo nome, que condiz mais com seu novo corpo.
Asher, que anteriormente era uma mulher chamada Mary Christine Callahan, ouviu da pastora, diante da congregação, a leitura da carta de Paulo aos Gálatas, capítulo 3, versos 27 e 28: “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo vos revestistes de Cristo. Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.
Depois, com imposição de mãos, a pastora fez uma oração onde mencionava as situações em que Deus mudou o nome das pessoas na Bíblia: Abraão, Sara, Jacó, Pedro e Paulo. Em uma breve explanação, disse que a partir daquele momento, depois de ter “despertado” o homem que habitava em seu corpo, Asher deveria “usar este nome em nome de Cristo. Compartilhá-lo em nome da misericórdia. Oferecê-lo em nome da Justiça”.
Com a anuência de sua congregação, Mary passará a ser reconhecida por todos na igreja como Asher. Embora não explique como ou porque resolveu fazer esse “rebatismo”, a pastora Nadia escreveu apenas que um procedimento parecido já era realizado em uma igreja episcopal anglicana igualmente inclusiva.
Com informações Patheos, via GospelPrime
Comentários:  O texto de Gálatas foi pregado fora de seu contexto. Sabe-se que Paulo, em suas epístolas, defendia que todos os crentes eram iguais perante Deus, não havendo hierarquia entre eles perante o criador. As afirmações "não há x ou y" devem ser entendidas como "não há diferença entre x ou y para Deus". Como crentes em Jesus Cristo, Deus enxerga a todos igualmente. A intenção de Paulo em Gálatas era primordialmente defender seu apostolado aos gentios, porém ele também falou, em outras cartas, sobre o escravo ser igual ao seu senhor perante Deus (Filemon) e o homem ser igual à mulher (destaca-se, porém, a questão da hierarquia funcional, mas aí entramos em outro debate, para outro momento). 
A questão das trocas de nomes também são interessantes, pois todos os casos citados pela autora foram trocas dadas por Deus (todos, exceto Paulo) ou questões culturais (Saulo, em grego e latim, se lia Paulo. Saulo era seu nome judaico). Logo, biblicamente, não se justificaria uma troca de nome por motivo de troca de identidade, seja de gênero, seja de qualquer outra coisa (se uma pessoa, porém, possui um nome que causa-lhe ofensas ou constrangimentos, creio ser perfeitamente aceitável uma troca por outro, na forma da lei brasileira).
Enfim, nem entrarei muito na questão do rebatismo, citando apenas Efésios 4.5 para comentar o caso.
Agora, é claro, se a pastora reconhecesse que fez uma leitura alegórica dos textos, então não há como contestar. É a premissa dela para realizar seu ato litúrgico. Porém, lendo a Bíblia como ela se apresenta, considerando seu contexto, não posso concordar com sua postura.

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