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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

10 passos para uma igreja melhor. Passo 9: Cristocêntrica (Atos 3; 14.8-18)

Estamos chegando à reta final de nossa jornada, tentando buscar alguns princípios que nos ajudem a identificar uma forma de uma igreja melhorar, tornar-se mais sadia. É claro que estes princípios não esgotam o assunto, pois existem inúmeros outros problemas que podem assolar uma comunidade cristã. Contudo, penso que, se uma igreja conseguir seguir estes dez passos, certamente ela avançará na sua missão terrena e se desenvolverá como congregação.

O penúltimo passo que trabalho é um que pode não ser muito visto em comunidades tradicionais, mas certamente é um programa grave em comunidades carismáticas: A questão dos dons espirituais. O mercado gospel dos dias atuais tem visto uma verdadeira batalha entre igrejas e pregadores milagreiros, que tomam para si a responsabilidade e o poder da realização de milagres na Terra. Curiosamente, estes pregadores não se apropriam de seus poderes: Valdemiro Santiago, o homem da toalhinha de suor ungido, precisou operar o joelho em um hospital particular de São Paulo, enquanto Edir Macedo, até hoje, não explica porque ele não consegue curar um problema em sua própria mão.

O fato é que, em comunidades carismáticas, é comum vermos pregadores que dizem que o poder de Deus está com eles. O argumento mais falacioso destes pregadores é que a prova de que Deus está com eles reside no fato de que o ministério deles é próspero e possui muitas pessoas (Jesus já alertava, em Mt. 24.11, que falsos profetas viriam e enganariam a muitos, no fim dos tempos), ou que seus poderes milagrosos são sinais divinos (Mt. 24.24 mostra que estes mesmos falsos profetas fariam sinais e prodígios que enganariam até a escolhidos).

Ao meditarmos sobre a igreja em Atos (texto que os carismáticos adoram citar e estudar, em conjunto com 1 Co. 12 e 14), percebemos que os sinais e prodígios realizados na igreja possuíam a função de engrandecer o Cristo que a igreja professava. De fato, a igreja primitiva, apesar dos sinais e prodígios que realizava, era conhecida por sua mensagem libertadora, e não por seus dons. Os apóstolos eram os primeiros a direcionar toda a honra e toda a glória a Deus.

Existem dois textos do livro de Atos que provam meu comentário:

1. Atos 3: Pedro e João sobem ao templo, curam um coxo que era colocado há muitos anos na porta para pedir esmolas, atraem a atenção da multidão e... dizem que fizeram o que fizeram em nome de Jesus, o Nazareno, aquele quem os judeus haviam entregado para ser morto.

2. Atos 14.8-18: Paulo e Barnabé estão em Listra quando Paulo cura um coxo de nascença. O povo da cidade diz que Barnabé é a manifestação de Júpiter na Terra e Paulo, de Hermes. O sacerdote de Júpiter traz bois para sacrificar na frente dos apóstolos... e eles lutam, rasgando suas vestes, saltando para o meio da multidão e pregando sobre a conversão a Deus, o único Deus verdadeiro, como tendo sido a fonte do poder.

Fica claro, ao vermos estes textos, que a igreja sempre deferiu toda honra e glória a Deus. Nenhum apóstolo aceitou adoração de outras pessoas (ao contrário de certos apóstolos modernos, que se ajoelham aos pés de certo "patriarca", sob cujo "manto espiritual" estaria submetido). Uma igreja sadia, portanto, é aquela que foca toda a sua adoração em Deus. É aquela que entende que os dons que a igreja recebe são oriundos do Espírito. É aquela que entende que a marca da comunidade é a sua associação no sacrifício vicário de Jesus. Qualquer coisa diferente disso (uma igreja onde as pessoas se exaltam pelos poderes que dizem ter, onde a liderança afirma que o poder está nela ou em sua comunidade) não é de Deus.

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