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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Lições de um condutor sobre humildade


Um seminarista recentemente me contou sobre o dia que estava conversando com um colega de turma bem sucedido, após terem ambos completado uma difícil prova final. "Você lembra aquela questão sobre humildade?", seu amigo perguntou. "Eu a gabaritei".

A ironia me fez pensar sobre meu amigo Jimmy.

Jimmy é um condutor na igreja que eu costumava frequentar; ele cuida de seus deveres seriamente. Todo domingo, Jimmy é uma presença confiável, de óculos e suspensórios, na entrada do templo, entregando boletins, apertando mãos e entregando sorrateiramente doces para as crianças. Conhecendo meu interesse em música, Jimmy sempre se lembra de me reportar (até hoje, quando eu venho visitar a igreja) quais quartetos gospel ele gravou do rádio durante a última semana. Uma vez, ele deu a meu jovem filho um relógio de pulso que ele não mais precisava, do nada, para alegria mútua.

Há algo fora do comum sobre Jimmy. Eu não conheço nada de seu passado - talvez tenha havido um acidente no passado, ou simplesmente um detalhe genético. Eu só sei que ele é o que algumas pessoas chamam de "um pouco diferente".

Em um Culto de Ano Novo vários anos atrás, eu descobri que Jimmy é diferente da maioria de nós na melhor forma possível. A congregação geralmente celebra a Comunhão pouco antes da meia noite, e então convida pessoas a compartilhar alguns de seus triunfos e provações do ano anterior. Naquele ano em particular, houve uma mistura comovente de agradecimentos e dores - cânceres foram curados ou estavam sendo sentidos, empregos foram conquistados e perdidos, relacionamentos consertados ou ainda sendo trabalhados em oração. 

Eventualmente, Jimmy se levantou e perguntou se poderia contar a todos sobre seu agradecimento.

"Este ano", Jimmy começou, com lágrimas nos olhos, "Eu aprendi o quanto eu posso contar com Deus. Vejam, eu prometi a ele que oraria por uma lista de pessoas todo dia. Mas quando eu comecei, eu não conseguia me lembrar de para quem eu deveria orar, e eu fiquei frustrado. Então pedi a Deus que me ajudasse a me lembrar. Depois disso, todos os nomes vieram à mente, todas as vezes. E eu nunca teria conseguido me lembrar sozinho, por isso sabia que era Deus!". E então Jimmy se sentou.

Aquela noite, Jimmy me ensinou algo importante sobre humildade. Richard Foster define humildade não como um tipo de auto-rebaixamento do tipo "menos-que", mas como a habilidade de "viver o mais próximo da verdade possível: A verdade sobre nós, a verdade sobre os outros, a verdade sobre o mundo em que vivemos". Quanto somos humildes, somos realistas e sem rodeios sobre nossas forças e fraquezas - sobre o que somos capazes de fazer, e o que não somos. Nós também somos claros sobre o fato de que não somos Deus, e que não podemos nos curar ou nos transformar sozinhos. Por isso, quando crescimento ou mudança acontece, somente na humildade podemos identifcar o cuidado e provisão de Deus por nós.

Quando somos orgulhosos, não temos uma visão apurada da forma como as coisas realmente são, e acabamos acreditando que estamos construindo nosso próprio progresso. E então, nos perguntamos porque não vemos Deus se movendo em nossas vidas. Este fenômeno pode ser outra camada do que o apóstolo Paulo quis dizer quando ele nos disse que veríamos melhor a força de Deus em nossas fraquezas.

Algumas semanas após aquele Ano Novo, eu me vi orando por uma dificuldade financeira que meu marido e eu estávamos enfrentando no final do mês. Três dias depois, um cheque inesperado chegou ao nosso correio, com o valor que precisávamos, equiparado quase ao centavo. Minha mente cética sabia que o dinheiro poderia ter sido coincidência, mas naquele momento eu tive a percepção não-provada, porém resoluta de que foi a resposta de Deus para minha oração. Eu estava, é claro, inundada de gratidão imediata, mas em minutos eu estava fazendo ginástica mental: "E se eu não tivesse orado?" Eu pensei. "Teria Deus provido minha necessidade de qualquer forma? Eu tenho mesmo que pedir quando ele sabe nossas necessidades antes de nós?"

Eu geralmente não ouço a voz audível de Deus. Mas naquela tarde em particular, eu poderia jurar que ouvi uma risada. "É claro que eu teria", parecia que Deus estava dizendo. "Mas você não teria tido a alegria de saber que fui eu".

Jimmy tem o tipo de humildade que permite a ele reconhecer Deus fazendo o que apenas Deus pode fazer em sua vida. Ele pode nunca ir ao seminário, mas ele tem um entendimento avançado do que Tiago e Pedro podem ter significado quando nos disseram para "nos humilharmos na presença do Senhor". Eu sei há um longo tempo que a humildade é necessária para reconhecer a supremacia de Deus. Mas o que Jimmy me ensinou é que humildade não apenas nos ajuda na oferta de nossas orações. Ela também é essencial para reconhecer as suas respostas.
Carolyn Arends, para o Christianity Today. Tradução e versão, Pr. André Nascimento.

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