Bom,
pessoal, hoje estamos encerrando nossa série de estudos sobre como melhorar a
vida de uma igreja. Aprendemos nos outros nove estudos que uma igreja precisa
ser missionária, depender da ação do Espírito Santo, ter a Bíblia como primazia
do discurso da comunidade, ser sincera,
ter foco nas pessoas, ser colaboradora, ser atenta às necessidades dos
diferentes grupos que integram a comunidade, não ter murmurações que a divida e
ser cristocêntrica.
Tudo
isso é muito legal, muito interessante, porém é surpreendente que várias
igrejas descritas na Bíblia, com um tempo de criação tão próxima da existência
de Jesus nesta Terra, tenham caído tão facilmente aos encantos do mundo. A
igreja de Corinto se entregou ao pecado. A igreja da Galácia, à judaização. A
de Colossos, ao culto aos anjos, enquanto a de Tessalônica, aos exageros
escatológicos. Quando percebemos tudo isso, verificamos que Paulo centrou toda
a sua mensagem nos dois grandes mandamentos da Lei, lembrados por Cristo: Amor
a Deus sobre todas as coisas e amor ao próximo, como a si mesmos.
A
situação da igreja de hoje não é muito diferente das igrejas bíblicas. Assim
como naquela época, existem inúmeros desvios doutrinários que levam as comunidades
a deixarem de ser agências do amor de Deus na Terra para se tornarem prisões
espirituais e emocionais, locais onde as pessoas são esmurradas, tem suas
mentes lavadas, deixando-se levar por doutrinas de demônios, que trocam o
evangelho puro da graça de Deus por 30 moedas de prata (ou ofertas e sementes
financeiras).
As
histórias de igrejas que deixam as doutrinas sobrepujarem o amor ao próximo são
várias. Sabe-se que, em uma determinada igreja, os membros que não eram
dizimistas foram convidados a se retirarem da igreja. Em outra comunidade,
pessoas são obrigadas, por seus “discipuladores”, a fazerem o que eles
determinarem. Já em uma terceira, se alguém decide infringir ou questionar
qualquer dos ensinamentos da igreja, elas são rechaçadas de tal forma que
nenhum membro da igreja pode ter qualquer contato com ela, inclusive a família.
A pessoa fica completamente isolada, até que resolve voltar a aceitar os seus
ensinamentos ou deixe os laços de amizade que possuía para trás.
O
fato é que as igrejas de hoje não trabalham mais sob o paradigma do amor a Deus
e ao próximo. A pregação da maioria das igrejas evangélicas, nos dias de hoje,
é de amor a si mesmo. Umas oferecem riquezas materiais, mas estas são as mais
óbvias. Outras oferecem a possibilidade da manifestação de dons espirituais
miraculosos, dando importância a alguém que, nesta nossa injusta sociedade, não
a possui. Já outras, mais tradicionais, oferecem ensinos de auto-ajuda ou a
possibilidade de postos em hierarquias humanas, que não servem para nada a não
ser encher o próprio ego com um falso sentimento de importância.
Quando
vemos o texto de 1 Coríntios 13, vemos talvez a mais bela poesia paulina na
Bíblia. Neste texto, Paulo faz questão de notar que a base da vida do homem
deve ser o amor. Não há dom ou manifestação do Espírito mais preciosa para Deus
do que o amor. Sem o amor como a base do indivíduo, a igreja, que é a reunião
de indivíduos salvos por Jesus Cristo, perde o seu sentido. Sem amor, a igreja
se torna diversas coisas distintas: Clubes, hospitais, mercados da fé, ringues
de luta na busca incessante do homem por riquezas e poder. Nada disso era o
foco de Jesus quando ordenou aos seus discípulos que pregassem o Seu evangelho
a toda a criatura. Jesus veio para abençoar os oprimidos, libertar os cativos
das prisões do pecado, dar forças aos fracos, consolar os que choram, dar vista
aos cegos e fazer os surdos ouvirem. Sem amor, a igreja deixa de cumprir este
objetivo para dar ao homem uma saciação provisória de seus desejos mundanos.
Quando
lemos 1 Coríntios 13, aprendemos que o amor traz algumas qualidades ao homem:
1. O amor leva o homem a se importar com
o próximo: O texto diz que o amor é um sentimento sofredor, que tudo suporta.
Uma pessoa que se importa com a próxima não se incomoda de levar bofetadas na
cara injustamente. Se preciso, ela oferece a outra face, ela caminha a segunda
milha. Tudo para mostrar ao próximo que ela é diferente e que é importante para
si.
2. O amor diminui o ego: O texto fala que
o amor não se ensoberbece, não busca os seus interesses. O homem que
verdadeiramente ama a Deus e ao próximo luta para ajudá-lo, servi-lo, mesmo que
abafe a sua própria vontade para isso. Por isso, as igrejas que focam no amor
não enfatizam o próprio homem, mas a Deus e ao próximo.
3. O amor trabalha pela justiça: O texto
também fala que o amor não trata com leviandade, não suspeita mal, não folga com
a injustiça e com a mentira. Quem se importa com o próximo e se diminui, não
tenta puxar o tapete do outro para conseguir o que ele deseja.
Estas
são apenas três lições que podemos retirar do texto, mas que, se trabalhadas,
servem como base para tudo na vida eclesiástica. Uma igreja que se importa com
o próximo, que diminui o seu próprio ego e trabalha pela justiça, por
consequência, aplica facilmente os outros nove passos.
Eu
coloquei este passo por último para fechar esta série, porém ele deve ser o
primeiro em toda e qualquer comunidade de fé. Sem amor, é impossível a uma
igreja ser saudável. Ela pode até existir, pode ser enorme, possuir cem mil
pessoas dentro do templo. Contudo, ela não será verdadeiramente uma igreja. Ela
será um amontoado de indivíduos buscando a Deus. Uma igreja vai muito além disso.
Uma igreja é um organismo, um corpo, ligado perfeitamente e com funções
distintas para que o evangelho de Cristo seja pregado. Sem esta consciência, a
igreja perde a sua característica e adoece. Divisões surgem, o pecado abunda e
mais e mais pessoas deixam o evangelho, escandalizadas com a forma como
andamos.
Encerro
esta série com uma oração: A de que você, meu amado leitor, que acompanhou a
série passo a passo, possa implantá-la em sua comunidade. Que você, meu querido
irmão, inicie o trabalho de conscientização da igreja brasileira por você
mesmo, para, a partir de seu testemunho, possa transformar a vida de outras
pessoas. A coisa está feia aí fora, mas eu creio no poder transformador do
evangelho verdadeiro. E creio que você pode ser o catalisador que, através do
poder do Espírito Santo, iniciará o processo de transformação em sua igreja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário