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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

10 passos para uma igreja melhor. Passo 8: Uma igreja sem murmurações (Fp. 2.14-16)

Até agora abordamos sete temas que toda igreja deve trabalhar, se desejar ser uma igreja sadia. Restam apenas três para completarmos nossa caminhada, e o passo que daremos hoje é bem interessante, pois é um dos que mais vemos em nossas igrejas, historicamente.

No passo anterior, comentamos que uma igreja deve ser equilibrada, investindo em todas as faixas etárias e grupos sociais que a integram. Entretanto, uma igreja vai além dos grupos sociais. De fato, uma igreja é uma organização matricial, com organizações etárias e organizações funcionais, ou ministérios de dons específicos (coral, louvor, evangelismo, ação social, coreografia, etc). Desta forma, é comum que cada pessoa ativa na comunidade tenha, pelo menos, dois líderes influentes em sua vida: O líder etário e o funcional.

Nesta situação, é comum que haja inúmeros ruídos de comunicação sobre os assuntos cotidianos da comunidade. É corista reclamando da dureza do regente, é back vocal chiando que não quer ir à EBD do louvor, é líder de evangelismo chateado pois a igreja não tem trabalhado esta área... E então, basta um liderado comentar com outro líder sobre o problema, para a confusão começar a se instaurar na igreja. Líderes falam uns dos outros pelas costas, pessoas que nada têm a ver com a história ficam sem entender porque o clima no ambiente está ruim, e a comunhão é desfeita.

Além disso, é muito difícil, em uma organização matricial, decidir os focos das atividades comunitárias. Exemplos clássicos são a organização do calendário anual (algo que costuma dar confusão, especialmente em igrejas pequenas, sem espaço para atuação dos diversos círculos sociais e ministeriais), a divisão do orçamento e a prioridade de investimentos. Nestas horas, a tendência é que haja uma discussão muito grande entre os líderes e os liderados sobre os rumos que devem ser dados à igreja, o que costuma causar inúmeros atritos que podem causar até divisões.

Eu poderia citar inúmeras histórias sobre este tema. As mais comuns são divisões por conta da prática de dons espirituais no culto comunitário (em especial o dom de línguas), conflitos por tentativa de implantação de modelos de crescimento de igrejas (G12 e Igreja com Propósitos), disputas por postos de liderança e diretoria, dentre outros. Nesta situação, confusões acabam surgindo, como a cidade que possui duas “Primeira Igreja Batista” e a igreja que foi obrigada a dividir o santuário com uma parede, ficando cada metade com um lado da disputa.

A murmuração é, sem dúvida, um problema bem antigo na igreja. Paulo teve inúmeros problemas com isso, tendo admoestado a igreja de Corinto por este problema. Em 1 Co. 1-4, Paulo critica a formação de facções dentro da comunidade. Em 1 Co. 9, tem que defender seu apostolado, e, em 2 Co. 10, critica duramente os que falavam mal dele pelas costas, pois ele supostamente seria “audaz” por cartas, porém “fraco” em pessoa.

Até mesmo na igreja de Filipos, comunidade relativamente tranqüila, Paulo parece enfrentar este problema, mencionando, em Filipenses 2.14-16, que os membros desta igreja deveriam tomar cuidado com esta situação. Pensando neste texto, percebemos três princípios que uma igreja deve seguir para evitar murmurações internas. São princípios ligados à exortação de Paulo para que os Filipenses evitassem o pecado da murmuração:

1.     Fazer tudo com base na Palavra (Fp. 2.16): Paulo exorta aos Filipenses para fazer todas as coisas sem murmurações ou contendas “retendo a palavra da vida”. Fica claro que, quando seguimos as orientações de Deus expressas em sua Palavra, a Bíblia, conseguimos minimizar as polêmicas.

2.     Fazer tudo com sinceridade (Fp. 2.15): Já discorremos sobre isso em tópico anterior, porém vale relembrar aqui. Um trabalho feito com sinceridade, sem motivos escusos, dificilmente é criticado, e quando o é, acaba sendo defendido pela maioria e pela liderança. Um trabalho sincero também tende a prosperar mais, pois as pessoas veem a sua validade e encampam a ideia.

3.     Fazer tudo para resplandecer a glória de Deus (Fp. 2.15): Paulo pede para que os Filipenses resplandeçam no mundo como astros. Para isso, precisam se manter irrepreensíveis, filhos de Deus inculpáveis. Ou seja, deve-se viver uma vida exemplar, de santidade, sem uma mancha, para que a luz divina não se reflita com sombras. Este talvez seja o maior problema da igreja: Ela tenta alcançar o mundo, porém reflite a glória de Deus repleta de manchas, pecados como a ganância, o orgulho, a sede de poder, a incredulidade, a falta de temor a Deus. Se uma igreja faz as coisas pensando em alcançar o mundo, mantendo seu foco, ela evita as confusões e, assim, não é criticada pelo mundo.

Você deve estar se perguntando, agora: É possível evitar por completo as murmurações na igreja? Eu diria que não, pois o homem é sempre pecador e pode cair. Nesta queda, alguns irmãos podem se julgar detentores da moral e dos bons costumes e iniciar um processo de falatório que resulte em danos permanentes na comunhão da igreja.

Contudo, eu penso que o Espírito Santo sempre trabalhou para unir as pessoas em torno da figura salvífica de Jesus Cristo. Ele convence do pecado, da justiça e do juízo, porém não impede que o homem caia. A igreja precisa compreender que Jesus veio para os doentes, os pecadores, e que, por isso, nossas igrejas têm tanta gente falha: Quem está ali, é porque quer melhorar. Os que se acham perfeitos, vão para casa viver suas vidas. Se isso acontecer, eu acredito que os problemas de murmuração podem ser reduzidos sensivelmente.

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