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segunda-feira, 9 de maio de 2011

As transições da juventude. Parte I: A adolescência

Para aqueles que não me conhecem, eu sou líder de jovens da PIB do Grajaú. Esta tarefa é sempre difícil, pois a PIB do Grajaú sempre foi uma igreja muito jovem. Atualmente, temos tido diversos complicadores, mas são todos bem-vindos: Muitos casais jovens têm se chegado à igreja, trazendo várias crianças ou encomendando-as para os próximos meses. Algumas crianças que cresceram conosco estão chegando à adolescência, enquanto vários adolescentes da antiga estão chegando à fase adulta. É um período de transição bem interessante e que nos faz perceber o quanto este ministério é desafiador.


Gostaria de compartilhar, em três partes, minhas percepções sobre esta época da vida, a juventude, que costumamos estender dos 12 aos 35 anos, aproximadamente. É claro que sempre existem excessões, como jovens abaixo dos 35 que já se vêem adultos, mas deixaremos estas questões mais pra frente, quando abordarmos o tema da família.


Hoje, queria meditar sobre a transição da infância para a adolescência, e os problemas que tal transição causa nas famílias. São pensamentos que obtive com base na observação dos jovens e adolescentes de minha própria igreja e de outras pelas quais tive a oportunidade de passear.


O primeiro detalhe que surge à mente, quando falamos de adolescentes, é como eles são incompreendidos pela sociedade. Por um lado, algumas pessoas os tratam ainda como crianças, privando-os totalmente de terem voz ou de demonstrarem vontade própria. Por outro lado, várias pessoas os tratam como adultos independentes, dando plena e total liberdade para eles decidirem o que é melhor para eles. O fato é que os adolescentes entram numa idade onde buscam ter voz, buscam sua individualidade, porém sofrem porque não podem usufruir plenamente dela. Eles ainda são dependentes dos pais, tanto mental quanto materialmente.


O segundo detalhe que me faz pensar sobre esta galera é como eles são vulneráveis ao meio social. Por estarem buscando sua identidade, eles se separam em grupos (ou tribos) e tentam se amparar nestes grupos, buscando aparecer e se mostrarem como evoluídos, mais adaptados ao meio. Para se adequarem a estes grupos, precisam se enquadrar, tanto externa quanto internamente. O resultado é uma fase onde o diálogo entre pais e filhos se torna difícil, pois muitas vezes a forma como o meio influencia o adolescente se mostra contrário às crenças e valores dos pais, que tentam educar seus filhos a adotarem os mesmos padrões de conduta que eles adotaram quando na mesma idade.


O terceiro detalhe é que a tecnologia acabou tornando a vida de nossos adolescentes ainda mais difícil, quando confrontados pela sociedade pecaminosa. Em tempos atrás, para se encontrar pornografia, um adolescente tinha que ligar a TV em canal, dia e hora específicas. Hoje, a qualquer hora e dia, com apenas alguns cliques do mouse, nossos adolescentes são expostos a toda sorte de perversidade sexual. Os cantores atuais de maior sucesso pregam uma vida rápida, onde sexo, drogas e bebida são glorificados como os novos deuses de nossa sociedade.


O fato é que a criança que chega à adolescência é imediatamente confrontada por estes valores e entra em crise, pois ela começa a debater se deve obedecer a seus pais, que buscam formar seu caráter e muitas vezes ainda as tratam como crianças, ou se deve seguir os conselhos de seus amigos, que tentam levá-la por novos e, muitas vezes, perigosos caminhos que aquela criança/adolescente ainda não teve condições de compreender completamente.


A soma daqueles três fatores acaba se revelando nas nossas igrejas de forma cruel. O cristianismo é uma religião que prega uma vida e uma conduta contrárias ao mundo, que é apresentado pela Palavra de Deus como corrompido, onde Satanás é seu príncipe (Jo. 12.31, 1 Jo. 5.19). Paulo escreve vários capítulos de 1 Coríntios alertando os membros desta igreja de que eles devem tomar cuidado com as coisas do mundo, para não se deixarem contaminar por elas.


Esta pregação, porém, não é mais ouvida de nossos púlpitos. Em vez de alertar contra o pecado, nossos pregadores preferem fazer apelos emotivos, psicológicos, mas que não alcançam os adolescentes, que vão às igrejas apenas para ver seus amigos. A igreja local de culto deu lugar à igreja local de comunhão, e comunhão da pior espécie. Por causa disso, muitos adolescentes (e pessoas de outras faixas etárias) acabam indo à igreja só pelas amizades, mas, para manter seu status em seus grupos sociais seculares, ignoram completamente os valores expressados pela moral cristã ao longo da Bíblia durante a semana. Isso acaba gerando um grupo enorme de adolescentes pecaminosos, fracos na fé, que não possuem nenhum interesse em se relacionar com Deus ou se deixarem ser transformados por Sua Palavra.


Alguns de vocês devem estar pensando que esta palavra pode ser pesada, e que isso não se revela em sua igreja. Se você está pensando nisso, pare para observar seus adolescentes com maior cuidado, pois existem inúmeros sinais de mundanidade na igreja que são fáceis de detectar. Caso continuem fechando seus olhos, vocês podem se surpreender ao descobrirem que um casal de namorados adolescentes engravidou, ou que uma menina de sua juventude está ficando com outra menina do colégio durante a semana.


Levantados os problemas, fica a pergunta: Há solução possível para esta galera? Apresento algumas soluções que tenho percebido estarem sendo extremamente úteis em meu ministério nos últimos tempos:


1) Confronte-os aberta e honestamente sobre o pecado: Fingir que nossos adolescentes são inocentes e não sabem de nada sobre sexo é tapar o sol com a peneira. Muitos pais, em nossas igrejas, fazem isso com seus filhos e acabam deixando-os expostos à influência da sociedade. Crie programas, bate-papos, "cadeiras elétricas", onde os adolescentes tenham total liberdade de falar e perguntar sobre os assuntos que estão na mente deles. Nós, líderes de adolescentes, não podemos ter medo de enfrentar as perguntas desta galera. Pelo contrário, se eles as fazem é porque têm dúvidas e querem respostas, e se não as dermos, o mundo as dará a eles por nós, só que apresentarão as suas respostas, e não as nossas.


2) Crie programas que incentivem os adolescentes a se enturmarem com os amigos da igreja: Por serem seres sociais, os adolescentes são tão influenciados pelos amigos do mundo quando pelos amigos da igreja. A melhor forma de manter um adolescente no convívio da igreja é criar atividades sociais com outros adolescentes de sua idade, de forma a incentivá-lo a se destacar do mundo. Passeios, retiros, atividades culturais, tudo isso é saudável para unir os adolescentes de sua comunidade e, assim, diminuir a quantidade de adolescentes levados pelas ondas do mar do pecado.


3) Gere na mente dos adolescentes uma identidade cristã: Ser cristão é algo radical, e deve ser apresentado aos adolescentes como uma nova "tribo" à qual eles devem buscar fazer parte, por ser bom para eles. Busque mostrar claramente os efeitos que o pecado pode gerar em suas vidas e apresente a eles as opções e consequências de cada escolha que eles podem tomar em suas vidas. A partir daí, mostre o caminho do cristianismo como um caminho positivo, saudável, que não tem nenhuma contra-indicação pessoal e que, se seguido, só irá conduzí-los a um caminho de felicidade e satisfação plenas.


4) Não tente forçar os adolescentes a serem super-crentes logo de cara: Talvez o maior erro que líderes de adolescentes cometem é exigir de seus liderados um nível de espiritualidade e compreensão das escrituras de uma pessoa madura. Este é o mesmo tipo de erro que era cometido no passado, quando se via as crianças como "adultos imperfeitos" e as coitadas eram educadas a terem as boas maneiras de um adulto desde muito cedo. O adolescente ainda é uma pessoa em formação, e cada um tem diversos estágios e níveis de desenvolvimento cognitivo. Apresente o evangelho a todos, mas deixe que cada um siga o seu caminho na fé no seu tempo. Não pressione o adolescente a se batizar, se ele ainda não compreendeu plenamente o significado do sacrifício de Jesus na cruz. Pelo contrário, trabalhe com ele, discipulando-o e acompanhando-o em sua jornada, para que ele possa sentir que tem uma voz em seu processo de autodescobrimento como um cristão.


É claro, existem muitas outras variáveis neste universo, eu apenas citei algumas delas. Gostaria de incentivar o debate acerca deste grupo, portanto todos vocês estão convidados a fazerem comentários sobre o tema, pois creio que será de especial valia para o debate e em especial para meu ministério, afinal, ideias diferentes sempre alimentam nossa mente e nos ajudam a repensar nossas posições.


Em breve, trabalharei os jovens na parte II, e na parte III, aqueles jovens que constituem família. São dois grupos diferentes de jovens que são muitas vezes trabalhados em conjunto, o que atrapalha o seu próprio desenvolvimento. Até lá!

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