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terça-feira, 10 de maio de 2011

História de Israel - Herbert Donner (Resenha parcial - Tópicos Especiais Livres - 8º Período Teologia FABAT)

Fala, galera, beleza? Agradeço desde já o movimento neste blog. Para um mero iniciante, já tenho tido uma boa quantidade de leitores, então espero estar abençoando a todos vocês.


A partir de hoje, tentarei, às terças-feiras, incluir uma resenha de algum livro que eu já tenha lido ou esteja lendo ultimamente. O modelo é o apresentado no curso da FABAT, com um breve resumo e um comentário final crítico. A obra abaixo foi lida para obtenção de grau em uma disciplina do 8º período do curso de Teologia da FABAT. Apesar do autor ser reconhecidamente liberal, a leitura de parte de sua obra me ajudou a entender bastante o pensamento de um teólogo reducionista.


Recomendo a leitura deste livro por todos, para entendimento do que é falado em teologia por aí. Nas próximas semanas, incluirei resenhas da época do Seminário e resenhas de livros que tenho lido ao longo dos anos, de minha biblioteca pessoal ou da biblioteca David Malta Nascimento, do STBSB. Abraços a todos.


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Estudar o assentamento do povo israelita no exílio. Este é o objetivo do autor Herbert Donner em sua "História de Israel". No trecho selecionado dessa obra, apesar de notar que bom grupo foi deslocado para o Egito, o autor faz uma análise da situação da população judaica durante o Exílio Babilônico, comparando o estado do povo na Babilônia, formado pela nobreza judaica, e na Palestina, formado em sua maioria pela população rural.

Inicialmente, o autor trabalha a situação da população na Babilônia, desmentindo a visão romântica de um povo acorrentado, escravo, chorando as mágoas da saudade de sua terra, quando eram livres. Segundo o autor, o sofrimento dos exilados seria interior, pois os colonos foram assentados em terras de propriedade do rei ou então foram levados a morar na metrópole, onde conviviam com a corte.

Nas regiões de colônia, a população não tinha um modo de vida de escravidão. Pelo contrário, os colonos possuíam relativa liberdade de ir e vir, podendo construir casas, cultivar plantações, praticar o comércio e levar uma vida normal, sendo administrados por si mesmos, por anciãos de seu povo.

Sobre a situação de tristeza interior, o autor coloca que ela seria motivada pela sensação dos colonos da impureza da terra babilônica, onde o culto a Javé não seria possível, pois, após a reforma josiânica, o culto deveria ser prestado apenas em Jerusalém. É possível, porém, segundo o autor, que tenha sido aqui que o formato sinagogal de culto tenha surgido, sem haver, apesar disso, quaisquer provas documentais do fato, ou mesmo do paradeiro da classe sacerdotal no exílio.

Podemos, porém, analisar a religiosidade do povo exilado, segundo o autor, estudando dois profetas da época: Ezequiel, profeta inicialmente de juízo, porém posteriormente restaurador, e o Deutero-Isaías, tendo atuado no final do período exílico e pregado a libertação do povo e retorno dos exilados.

Já com relação à Palestina, o autor nota que pouco se sabe, porém ressalta que o antigo reino de Judá não era uma região desértica e pouco povoada, ao contrário do que alguns textos poéticos dão a entender. O autor notar que os moradores ainda tinham que pagar tributos e corveia à metrópole, justificando a possibilidade de produção da população. Os edomitas teriam recebido parte das terras do reino e se aproveitado da catástrofe, de forma ainda não sabida hoje. Apesar dos revezes, o autor nota que a situação da população da terra pode ter se estabilizado após o exílio, onde teria havido uma fase de reflexão e renovação espiritual, mantendo-se uma produção intelectual e profética, gerando também o protótipo da Obra Histórica Deuteronomista.

O autor conclui que o exílio babilônico foi, além de um período de miséria e opressão, um período de mudança e reflexão, com situações de vida atenuadas, em relação à imagem que fazemos hoje. A visão é interessante e importante para a compreensão histórica do povo, tendo em vista a necessidade de uma melhor análise e interpretação dos textos do AT para as nossas comunidades. Esses conflitos, analisados e contextualizados, podem ajudar o ministro a transmitir melhor a mensagem bíblica às suas igrejas, por isso a análise do autor, apesar de reducionista, é interessante e pertinente.

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