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segunda-feira, 30 de maio de 2011

O ministério de meio período e seus inconvenientes

Boa tarde, pessoal. Hoje, o bicho está pegando aqui no trabalho. Estou rodeado de pastas para analisar, por isso não tive tempo de postar alguma coisa no blog. Porém, estou terminando de ler um livro muito bom que me apresentou inúmeros tópicos interessantes e importantes de serem discutidos aqui. Em breve irei trazê-los, mas não será hoje. Pelo contrário, hoje abordarei uma das maiores dores de cabeça de um pastor: Ministério de tempo integral ou de meio período?


Este problema é conhecido e não é novo: Todo novo pastor sente um frio na barriga quando tem que tomar esta decisão. E não adianta dizer nessas horas que a confiança em Deus supre o medo, porque não supre: É uma decisão difícil viver do evangelho, pois você se coloca nas mãos da igreja para que seja decidido exatamente o que será de você, de sua vida, de seu sustento e o de sua família. Tudo dependerá do seu esforço pessoal, do seu talento e da sua competência como ministro para manter-se no posto, e isso não é fácil, ainda mais quando lidamos com as emoções das mesmas pessoas que decidem, teoricamente, o seu futuro.


Esta decisão passa pelas mentes de todo seminarista, e o assunto é muito abordado durante os 4 anos de aulas. Lembro-me bem de duas aulas com ideias diferentes: Um professor, conceituado pastor no campo carioca, defendeu o ministério de tempo integral, lembrando que o pastor acompanha muito melhor a igreja desta forma. Já uma professora defendeu o ministério de meio período, notando que o pastor teve maior liberdade para pregar sobre assuntos difíceis e gerenciar de forma mais firme sua igreja. Isso, na cabeça do seminarista, é terrível, pois só aumenta a complicação da escolha.


Nós sabemos que a Bíblia não estabelece exatamente qual tipo de ministério seria o ideal. Por exemplo, sabemos que os discípulos precisavam pescar para comer (João 21). Também sabemos que Paulo fazia tendas no início de seu ministério - o que era uma estratégia para se integrar às pessoas que passavam pela praça da cidade (local de maior movimento nas cidades antigas, pois era onde ficavam as casas comerciais) (Atos 18). Da mesma forma, a Bíblia nos fala que o obreiro - pastor - é digno de seu sustento (2 Co. 11.8), dando indicações de um ministro totalmente sustentado pela igreja local.


Independente das questões bíblicas sobre o fato, a questão é que as demandas de hoje são diferentes das demandas de 30 anos atrás. Hoje, é muito mais difícil um pastor controlar uma igreja inteira. Quando a comunidade ultrapassa a marca de 200 membros, a quantidade de ministérios e atividades é tão grande que fica muito difícil para o pastor conseguir coordenar todas as frentes de trabalho. Além disso, é muito complicado pastorear muitas pessoas, o que faz com que o pastor tenha que escolher entre se dedicar à família ou à igreja, e a decisão que ele tomar certamente frustrará a ele e ao grupo que ele deixar momentaneamente de lado.


Fiz estas divagações porque passo diariamente por esta crise. Mesmo sendo um pastor auxiliar, os ministérios que coordeno exigem muita atenção. Portanto, é frustrante ser sempre o último a saber das coisas quando acontecem. Sinto-me limitado pelo meu trabalho secular, mas, ao mesmo tempo, sei que foi Deus quem o concedeu para mim (longa história, um dia eu a conto). Sem emprego, não teria conseguido fazer o seminário, pois minha igreja olhava com ar desconfiado para mim, quando anunciei minha intenção de seguir para o Seminário do Sul. Lutei contra a opinião do então pastor da igreja e de outras pessoas.


Tendo isso em consideração, penso que muitos vivam a mesma situação que eu. Meditando sobre o assunto, pude perceber que há espaço para ambos os ministérios no meio eclesiástico. Um pastor de meio-período pode contratar, com a sobra de orçamento com salário pastoral, vários outros ministros de meio período ou outro de tempo integral. Com isso, uma igreja pode se ver com uma liderança extremamente qualificada e capacitada para ajudar a comunidade em seu crescimento.


Por outro lado, um ministro de tempo integral poderá dedicar seu tempo para acompanhar mais de perto as suas ovelhas, aconselhando-as quando preciso, além de poder gerenciar mais de perto as atividades da igreja, sabendo em primeira mão o que está sendo realizado na comunidade.


O fato é que não há uma escolha perfeita, não há uma fórmula secreta que indique qual a forma ministerial que deve ser adotada pelo futuro pastor. Em algumas igrejas, o ministério de meio período pode ser necessário, pela falta de condições da igreja de sustentar o obreiro. Em outras, o ministério de tempo integral pode se fazer indispensável. O que o futuro pastor precisa compreender é que, com a ajuda de Deus e das equipes que estão à sua volta, ambos os ministérios darão certo, restando a ele seguir em frente e trabalhar confiante na evangelização, discipulado e edificação da comunidade.


Agora, vocês devem estar se perguntando se eu já tomei minha decisão. A resposta é: Não. No momento, fico em meio período, lutando contra minhas limitações de tempo. O futuro, porém, a Deus pertence. :)

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