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sexta-feira, 16 de março de 2012

Diários de um pastor: Capacitados ou escolhidos?

Como pastor, eu procuro sempre me alimentar com os textos e escritos de outros colegas. Isso faz parte do meu exercício espiritual diário. Um dos pastores que sigo é o Pr. Israel Belo de Azevedo, da Igreja Batista de Itacuruçá, que todo dia envia para uma lista de emails um pequeno texto denominado "Bom Dia". É um texto curto, com alguma colocação provocativa, que nos faz refletir.

Em seu texto de hoje, o Pr. Israel fez uma provocação com o ditado cristão popular de que "Deus não chama os capacitados, mas capacita os escolhidos". Eu chamei de ditado porque esta expressão, até onde me lembro e pesquisei, não aparece desta forma na Bíblia. Os teólogos chegaram a esta conclusão estudando alguns casos bíblicos, como os discípulos pescadores iletrados, cruzando com textos como 1 Co. 1.27.

A provocação feita pelo Pr. Israel foi simples, porém direta: Esta frase "aprisiona" Deus (as aspas vêm do fato dele mesmo ter dito que Deus é "inaprisionável"), pois ele pode capacitar os escolhidos e aumentar a capacidade dos capacitados para fazer a Sua obra. Seus exemplos foram simples, mas que revelam como Deus também age em cima dos capacitados: Moisés, educado entre os sábios egípcios, e Paulo, educado por um dos maiores teológicos da época, além de poliglota e exímio articulador, tendo usado de várias capacidades dialéticas (as perguntas hipotéticas da carta aos Romanos) e filosóficas para propagar o evangelho entre os gentios.

Sua frase mais polêmica, talvez, seja a afirmação de que Deus chama geralmente os competentes, e excepcionalmente os outros, afirmando que não podemos "sacralizar a preguiça" ou "preconizar que Deus prefira os que não se preparam". Precisamos entender a primeira frase com base na segunda, ou seja, que Deus pode escolher pessoas não capacitadas para seu serviço, mas que esta não deve ser vista como uma desculpa para não buscar a excelência no que a pessoa faz.

Quando li o texto, não pude deixar de concordar com o pastor. De fato, apesar de ter passado quatro anos estudando para me tornar um pastor, isso não me dá carta branca para estacionar no tempo e parar de estudar. Existe muita coisa que é necessário estudar para buscar crescimento no ministério. Aconselhamento, história social, arqueologia, grego, hebraico... Quanto mais eu estudo, mais eu adquiro conhecimento que me ajuda a interpretar a bíblia, destrinchar o texto e aprimorar a prédica, a partir da direção de Cristo em meu coração, para poder trasmitir de forma cada vez mais clara a mensagem de Deus às pessoas, estimulando-as a estudar o texto sagrado.

Já sobre a questão da competência, eu vou expandir um pouco a discussão, pois esta pode ser entendida como um traço da personalidade necessária para a realização de uma tarefa. Por exemplo, uma competência necessária para falar em público é a descontração, e Deus pode usar um tímido para ser um grande pregador, mas a chance maior é que esta pessoa seja uma exceção à regra, com Deus já tendo dado a competência da descontração àqueles que Ele escolheu para a obra. Alguns chamariam a competência de um "dom". Pra mim, são termos sinônimos.

Por fim, vale notar que a capacitação para a realização de uma tarefa não garante que ela será realizada de forma primorosa. A capacitação, sem intimidade com Deus, torna o serviço vazio. A intimidade com Deus, sem a capacitação, gera muitas vezes um esforço árduo, porém egoísta, pois não atinge os outros. A intimidade e a capacitação, juntas, geram armas poderosas no meio eclesiástico.

Um comentário:

  1. Paz do Senhor muito bom seu blog, gostei tanto que passei a segui-lo. Aproveito e convido voce a nos visitar e se possivel nos seguir no http://luzevida123.blogspot.com.br/ Obrigado e Deus abençoe voce e sua familia.

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