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quarta-feira, 7 de março de 2012

Diários de um pastor: Produzindo uma mensagem ou uma palestra?

Neste próximo domingo, estarei fazendo o lançamento de meu primeiro livro, "Nazismo e Cristianismo - A relação entre a igreja protestante alemã e o movimento nacional-socialista". Esta obra, publicada pela Fonte Editorial, foi minha monografia de graduação no curso de Teologia da Faculdade Batista do Rio de Janeiro, mantida pelo Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil, casa com quase 110 anos de tradição na formação de pastores e teológos batistas e de outras denominações. Para o lançamento, recebi a oportunidade de pregar em minha igreja, a PIB do Grajaú, no culto noturno. Já fiz isso várias vezes. O problema com o qual me deparei foi: Como produzir uma mensagem falando sobre o tema do livro, sem desvirtuar o local da pregação, tornando-o em um palanque de propaganda barato?

Após orar e pedir orientação a Deus, pensei que a mensagem teria que, de alguma forma, tangenciar o tema do livro. Este deveria ser usado apenas como ilustração. Desta forma, a pregação seria proveitosa e a mensagem sobre o livro seria passada. O tema é importante, pois a lembrança da história nos evita cometer novos erros. Por isso o uso de suas ilustrações. Por causa disso, tive que fazer algo diferente do ortodoxo: Preparar uma mensagem com as ilustrações já escolhidas (ou pelo menos disponíveis). Como fazê-lo? Ainda mais com este tema?

Foi quando percebi que o tema da mensagem teria que abordar a relação entre o cristianismo e a sociedade. Como o livro mostra os grandes erros cometidos pela igreja alemã ao lidar com a transformação da sociedade de sua pátria, meditei que teria que pregar sobre como é uma relação saudável entre a igreja e a sociedade, nos dias de hoje.

Parti, então, para uma pesquisa bíblica sobre o tema, e rapidamente me lembrei de um texto que os cristãos alemães (grupo que tentou adequar o cristianismo à ideologia nazista) usavam para que o povo não contestasse a liderança nazista: Romanos 13. Nesse texto, Paulo fala que todos deveriam se sujeitar às autoridades, pois elas são constituídas por Deus. Lembrei de Pedro, em Atos 5.29, (correção) falando que preferia fazer o que era certo a Deus do que aos homens, e pensei: Os dois textos não casam. Parecem opostos.

A partir daí, fui começar a estudar o termo "autoridades" (ou "potestades", em textos mais antigos) e me deparei com vários exemplos de posturas apresentadas pelos apóstolos sobre como lidar com as autoridades. É nesta pesquisa que estou, hoje.

O que posso adiantar de interessante é a nota de rodapé da Bíblia Shedd, que nota que, na época em que Romanos foi escrito, o cristianismo não era perseguido pelas autoridades civis romanas porque ela era considerada uma seita judaica. Como o judaísmo era uma religião lícita, permitida pelo império, ela era isenta de participar da adoração ao imperador. A quebra entre as duas religiões significaria declarar o cristianismo uma religião ilícita, o que faria as autoridades romanas insistirem que os cristãos adorassem o imperador. Esta foi a razão das inúmeras perseguições aos cristãos em décadas seguintes.

Em todo caso, a pesquisa continuará hoje, com uma análise gramatical do referido texto (minha seleção será Rm. 13.1-7). A partir daí, pretendo discorrer sobre a intenção de Paulo ao escrever estas linhas e compará-lo com outros textos sobre o assunto no Novo Testamento. Assim, terei condições de trazer uma mensagem bíblica, relevante para os dias atuais e, usando o livro como ilustração, fazer uma apresentação digna.

Escrever uma mensagem não é um processo fácil, mas certamente é muito agradável e recompensante. É por isso que amo o que faço.

2 comentários:

  1. Graça e paz irmão,

    Deus o abençoe e lhe capacite para cumpir o seu chamado.

    Não sei como chegou ao meu twitter, mas me sinto honrado em ser seguido por você.

    Saudações em Cristo,

    Cláudio Maranhão

    P.S.: A propósito, se não estou enganado, foi Pedro e não Paulo que fez a citação acima registrada.

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  2. Correção feita, Cláudio, você tinha toda razão. Abraços, Deus o abençoe e guarde.

    Pr. André Nascimento

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